Capítulo 15: Idiota Completo.

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Kyle

—Eu já disse, se a Bia ficar sabendo disso, mato cada um de vocês. —Zack resmungou, pela milésima vez.

—Ei, cara, eu já disse que não contei pra Emma. Nenhum de nós vai abrir a boca aqui. —Collin afirmou, e Zack contraiu os lábios, desconfiado.

—Igual você disse que não ia abrir a boca da outra vez? —Indagou, balançando a cabeça em negação. —Já sei que se eu precisar guardar um segredo com alguém, você é a última pessoa que posso contar.

Olhei para Collin, que exibia um careta, olhando para Zack que estava sentado do meu lado.

—Eu não contei pra Emma. Isso aqui foi um acidente. —Collin gesticulou para mim e Peter, que tínhamos as sobrancelhas erguidas. —Eu tô mentindo pra minha namorada. Isso não é legal.

—Que? Você não tá mentindo. Por acaso a Emma chegou e perguntou com todas as letras "Collin, Zack vai pedir a Bia em casamento?", e por acaso você respondeu "não", mesmo sabendo que eu pretendo fazer isso? —Zack arqueou as sobrancelhas e o encarou como se aquilo fosse óbvio. —Então você não tá mentindo pra ela.

—Argh! —Collin soltou o taco em cima da mesa, parecendo frustrado. —Você nem vai pedir ela agora. Que importância tem eles saberem?

—É, que importância tem? —Peter virou para Zack, fingindo estar ofendido. Zack revirou os olhos e deu com a mão, ignorando a pergunta. —Coitada da Bia no futuro.

—Eu ouvi isso. —Zack exclamou, fazendo Peter rir.

—Falei com a intenção de você ouvir. —Zack revirou os olhos de novo, enquanto Peter ria. Olhei para a janela atrás de mim, puxando um pouco a cortina. Um táxi parou bem na frente da casa e as garotas desceram dele, com várias sacolas.

—Calem a boca. —Mandei, quando Peter voltou a provocar Zack e Collin ainda tentava se desculpar por ter contado. Me ajeitei no sofá, com a expressão mais inocente do mundo. —As garotas chegaram.

No segundo seguinte os três rodearam a mesa, bagunçando as bolas em cima da mesa de sinuca, como se estivessem jogando a muito tempo. Soltei uma risada, e vi Zack se curvar sobre a mesa, fingindo estar jogando. A porta se abriu segundos depois, com quatro olhos femininos nos avaliando.

—Parece que não explodiram nada. —Anne afirmou, fazendo Peter revirar os olhos.

—Precisaríamos de vocês pra conseguir explodir a casa. —Peter declarou, e ela mostrou a língua pra ele. Sorri para Florence, enquanto ela se aproximava de mim e se sentava no sofá ao meu lado. Os outros foram se dispersando, como se cada um quisesse um momento a sós com as próprias namoradas. Um tempo depois, estávamos sozinhos.

—O que ficaram fazendo? Só jogando? —Ela olhou para mesa com curiosidade. Observei ela se levantar e ir até lá, pegando um dos tacos.

—Era isso ou ir pra praia. Mas resolvemos esperar vocês. —Afirmei, me colocando de pé e indo até o lado dela. —Você sabe jogar? —Ela negou com a cabeça na mesma hora. —Posso te ensinar.

Ela olhou para a mesa de sinuca com dúvida. Peguei o taco da mão dela e a puxei para o outro lado, onde a bola branca estava. Florence pareceu um pouco sem jeito, mas segurou o taco de novo, enquanto eu explicava como bater na bola branca com ele, para acertar as outras.

—Assim. —Ajudei ela a posicionar o taco no lugar certo. Seu corpo estava curvado na mesa e ela encarava a bola branca com um pouco de dúvida. —Seus olhos é que decidem aonde bater.

—Entendi. —Ela pareceu ficar tensa quando fiquei atrás dela, ajeitando sua mão que estava em cima da mesa, que servia de apoio para o taco. Depois segurei sua mão que estava no taco, ajudando ela a mover ele e bater contra a bola branca, mostrando como era. Olhei pra Florence, vendo o quão próximo nós estávamos e o quão tímida ela havia ficado, com a respiração desregular.

—Desculpa. —Pedi, enquanto me afastava, ficando sem jeito. —É... tenta. Se não conseguir não tem problema. Até pegar jeito com o taco, é complicado.

Florence me encarou por cima do ombro, enquanto eu sentia minhas bochechas esquentarem. Eu não ficava envergonhado com facilidade. Mas ali bastou um segundo só. Por fim ela fechou os olhos com força e se voltou para mesa, com uma expressão que eu não soube identificar o que era.

[...]

O sol estava se pondo no horizonte. Estava quente e a praia ainda estava cheia. Andei ao lado de Florence, que estava com os braços cruzados e uma expressão pensativa. Seus cabelos ainda estavam com as duas tranças que eu havia feito. As fitinhas azuis entre os fios loiros a deixaram mais fofa que nunca.

—Você está bem? Parece estar longe. —Comentei, puxando o braço dela, até conseguir segurar sua mão. —Aconteceu alguma coisa no shopping?

—Ah, não. —Ela abriu um sorriso sem graça. —Só tô pensando longe mesmo. As garotas falaram que vamos ter um luau aqui.

—Sério? Que legal. —Murmurei, vendo ela me observar com atenção. —Mas isso não explica o quão quieta você está, desde que voltaram.

—Hm, não sei, mas relaxa, eu estou bem. —Afirmou, voltando a olhar para a praia ao nosso redor. Soltei um suspiro frustrado, tentando saber como lidar com todo aquele silêncio. Florence estava sempre sorrindo, e agora está séria e quieta, desde ontem a noite.

—Quer ir comer alguma coisa? Sei lá, qualquer coisa que te deixe animada. —Falei, tentando não deixar o assunto morrer entre nós. Florence se voltou pra mim. —Podemos ir comer aquela batata frita que você gostou tanto o outro dia, o que acha? Sabe que eu estou sempre com fome.

Ela sorriu, e meu coração deu um salto estranho no peito. Ela apertou minha mão e assentiu com a cabeça, me acompanhando. Pelo menos não mais tão séria quanto estava.

—Que bom, KitKat, já estava achando que morreria de fome, por você estar com essa carinha a noite toda. —Afirmei, vendo ela revirar os olhos.

—Não lembro de você ser tão dramático. —Ela parou de sorrir quando estávamos próximos da lanchonete, parecendo se lembrar de algo ruim na mesma hora. —Ah... —Ela parou de caminhar. —Quer saber? Mudei de ideia. Por que não vamos pra casa e pedimos comida?

—Tem certeza? Você pareceu gostar quando eu sugeri... —Ela negou com a cabeça, olhando para a lanchonete atrás de nós, séria como antes.

—Sim, só vamos pra casa. Podemos pedir batata frita e qualquer outra coisa. É... melhor. —Ela soltou minha mão quando fiquei parado olhando pra ela. Florence cruzou os braços na frente do corpo e virou a volta, começando a andar sem mim. —Vem, Kyle!

Olhei para a lanchonete atrás de mim, franzindo a testa confuso, até encontrar Lilian com os olhos em mim, me observando. Ela abriu um sorriso e eu fechei os olhos com força, me sentindo um idiota completo.

—Ai, droga! —Me virei na mesma hora, vendo que Florence já estava longe. —Florence, espera!



Continua...

10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller  / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora