Capítulo 39: Ainda estávamos fingindo?

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Kyle

Florence me encarou por alguns segundos, parecendo ter ficado super sem jeito. Ela abriu a boca várias vezes, tentando dizer algo e não conseguindo emitir um único som.

—Florence?

—Desculpa! —Ela soltou uma lufada de ar. —Olha, hm, eu contei pra elas aquele dia que nós saímos pra ir fazer compras no shopping.

—Foi alguns dias depois que a gente chegou. —Afirmei, vendo ela balançar a cabeça em concordância. Apertei meus dedos uns nos outros, sentindo um desconforto dentro de mim. —E por que não me contou que havia falado pra elas?

—Ah... eu não sei. Só não passou pela minha cabeça em nenhum momento, entende? Não escondi isso intencionalmente. —Ela deu de ombros, com as bochechas vermelhas. —Só não lembrei de contar. —Mordi o lábio e assenti com a cabeça, olhando para um ponto vazio da bancada na minha frente. —Sinto muito, Kyle. Eu deveria ter te contado. Me desculpa, eu realmente não pensei nisso. Não foi minha intenção esconder nada de você.

—Ta tudo bem, okay? Não estou chateado por ter contado pra elas. Eu falei pra você que não curtia mentir pra minha família. Não me importo que minha irmã ou a Bia e a Anne saibam. Mas você tinha que ter me avisado. —Afirmei, engolindo com dificuldade. —Eu podia ter contato para os meus irmãos também. Não íamos precisar ficar fingindo na frente deles daí. Estou me sentindo um pouco idiota agora.

—Ainda estávamos fingindo? —Questionou, parecendo ficar mais vermelha ainda.

—Não! O que? Eu não disse isso! —Rebati, me voltando para ela. —Não foi isso que eu quis dizer, Florence. Você sabe muito bem que depois daquele beijo na praia, tudo que aconteceu entre nós não foi fingimento.

—Eu sei. Eu só... —Ela abaixou a cabeça, balançando-a negativamente. —Sinto muito por não ter te contado.

Soltei um suspiro pesado, esfregando as mãos no meu rosto, sentindo meus ombros tensos e minha cabeça prestes a explodir em uma maldita dor de cabeça.

—Se não tivesse rolado algo, você algum dia iria me contar que sempre foi apaixonada por mim? —Indaguei, vendo ela erguer os olhos até mim, parecendo sem graça.

—Sempre tive vontade de contar. Mas não queria estragar nossa amizade. Tinha medo de perder o que tínhamos. —Ela deu de ombros, desviando os olhos de mim. —Mas também nunca escondi. Você... você só não percebeu.

—É, todo mundo percebeu menos eu. Agora eu entendo o porquê de todo mundo me chamar de lerdo. —Murmurei, me sentindo frustado. Se eu não fosse tão burro, teria notado antes. —Caramba, Florence, eu estou me sentindo um idiota. Esse... esse tempo todo você gostava de mim e eu nunca percebi.

Ela ficou em silêncio, encarando as próprias mãos. Me coloquei de pé e me afastei dela, caminhando até me afundar no sofá, com as mãos no rosto. Eu não havia dormido direito, pensando em tudo que tinha ouvido de Collin e dos meus irmãos. E então quando desço pra tomar café, encontro Florence falando sobre isso com as garotas.

Eles tem razão, eu sou muito, muito lerdo. E um completo idiota também. Florence estava ali esse tempo todo, na minha frente, apaixonada por mim e eu não percebi.

—Você está com raiva de mim? —Perguntou, ficando de pé, parecendo se sentir culpada. —Kyle...

—Não, não, não. —Fui até ela, parando na sua frente e segurando suas mãos. —Você não fez absolutamente nada de errado, okay? Não estou com raiva de você, Florence. Estou chateado por não ter me contado que falou para as garotas sobre o nosso falso relacionamento. Mas está tudo bem. Não vou criar uma tempestade em um copo de água por isso. —Afirmei, vendo ela me encarar com os olhos um pouco ansiosos. —Eu só estou confuso e me sentindo muito idiota e burro por não ter percebido que você gostava de mim. Mas isso não é culpa sua.

—Eu deveria ter contado. Mas não queria estragar nossa amizade. —Murmurou baixinho, fazendo meu coração acelerar dentro do peito.

—Deveria. Mas eu entendo o fato de não ter falado. Eu realmente entendo. —Afirmei, engolindo em seco.

Senti minha dor de cabeça aumentar mais ainda, fazendo meu rosto se curvar em uma careta. Eu estava frustrado comigo mesmo e aquela dor só estava piorando tudo mais ainda.

—Eu... eu vou sair um pouco, está bem? Preciso caminhar um pouco e pensar nisso tudo. —Ela olhou pra mim, parecendo um pouco chateada. —Só não fica pensando que a culpa é sua, está bem? Você não fez nada. O burro da história sou eu.

—Você não é burro. —Ela fez uma careta. —Para de dizer isso.

—Eu sou um pouco burro sim. Precisa concordar com isso, KitKat. —Me aproximei e dei um beijo na testa dela, fechando meus olhos e aproveitando aquele momento por alguns segundos. —Eu vou... vou dar uma volta.

Me afastei dela, vendo ela balançar a cabeça em concordância. Eu precisava mesmo de um tempo pra pensar. Estava com a cabeça cheia. Deixei ela na sala, saindo para a rua em frente a casa. Precisava de um remédio pra dor de cabeça e uma boa dose de café.



Continua...
.......
Tá acabando, galera. Estão prontos pra se despedir dessa família? Mentira, gente, tenho uma surpresa boa pra quem amou acompanhar os três livros.

E... pra quem gostou desses livros e do meu estilo de escrita, vou lançar uma historinha nova daqui a pouco. Só tenho uma pergunta, alguém aí curte releituras da Cinderella? (Vocês nem podem imaginar...)

10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller  / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora