Bestial acariciava o rostinho do filhote, impressionado com a maciez da pele e a delicadeza dos traços de Bernard. Bernie. Ele fechou os olhinhos azuis, tão parecidos com os de Mônica, e ressonou. Era um filhotinho estranho, ele parecia saber andar, mas preferia engatinhar. E era ágil e feroz. Bestial entendeu a fisionomia de cansaço de Mônica, aquele filhotinho era cansativo, estava sempre subindo em algo, fora que ficava muitas horas pendurado no seio dela. Nos lindos seios dela.
Mônica saiu do banheiro, já vestida com um pijama de flanela e o olhou indecisa. Ela não queria contato e estava certa, pois a situação deles era muito estranha. Mas o corpo de Bestial não se importava com isso. Ele a queria e só.
"Acha que é possível colocá-lo no berço?" Bestial perguntou. Mônica o pegou, a cauda dele se mexeu, mas Bernie continuou dormindo. Ela o colocou com cuidado no berço e o beijou na bochecha.
Mônica se voltou para ele e suspirou.
"Eu vou dormir no sofá, já que você parece que vai dormir aqui." Ela disse.
"Por que? Eu te incomodo de alguma forma? Por que dissemos para os seus irmãos que somos um casal. Seu irmão disse que está muito feliz com o nosso acasalamento. Você nem me disse o que disse para eles. Eu não vou viver uma mentira, Mônica. Não fui eu que inventou essa história. Não quer compartilhar sexo comigo, eu respeito, mas não vai dormir no sofá. Não vou viver uma mentira." Ele se sentou na beirada da cama.
"Mas nosso relacionamento é todo ele uma mentira." Ela disse. Bestial concordava em partes.
"Não, é assim. Jewel mentiu na entrevista e a repórter aproveitou para aumentar a audiência, anunciando uma coisa que não tinham combinado nem comigo, nem com Jaded. Eu não menti, só não tive tempo de reação. Depois Albert Turner doa um milhão de dólares para a fundação que Jaded estava apoiando, e me disse que o programa iria ajudar a empresa dele a mostrar que não é inimiga do meio ambiente, o que fez com que a realização do programa, esse tal 'reality', tivesse de acontecer." Ele continuou explanando a situação deles. Bestial tinha honra, e não iria ser indigno, mal caráter. Se ela não entendesse isso, ele poderia jogar a toalha.
"E aí, temos sua irmã. Como acha que a imagem dos Novas Espécies ficaria se numa gravação, Rebbeca chegasse aqui na sala, nua, banhada em sangue com um alce nas costas?" Ele perguntou. Mas ela era teimosa.
"Eu sei de tudo isso, Rebbeca poderia ser afastada das crianças, eu sei, o que acha que eu faço aqui? Eu sou uma médica e das boas, caso você não saiba. Eu concordei com isso porque Rebbeca não tem condições de aparecer num programa desses. E tem o cio, daqui a dois dias. Como você explicaria que sua 'companheira' sumiu?" Ela inspirou fundo. O pijama era largo, confortável. Não deixava as formas generosas do corpo dela em destaque, mas ainda assim, Bestial estava excitado. Muito. O cheiro dela, o enorme cabelo loiro claro, os olhos azuis brilhantes, com suas pupilas verticais. Bestial a olhava e sentia seu corpo quente, seu pau estava preso entre as pernas.
"Nós fizemos um acordo. Eu consegui alguém para cuidar do cio dela, um macho bom, que vai ser carinhoso com ela e vai fazer isso durante um ano. Eu passei o dia de ontem e o de hoje, me martirizando, me odiando por ter de mentir. Mas eu acabei chegando a conclusão de que podemos fazer isso de forma honrosa. Podemos ser um casal de verdade, um que se ajudará. Eu propus um relacionamento assim para uma fêmea, uma humana. Não deu certo, mas por causa do filhote dela. Bom, eu não sou um mentiroso costumaz, não quero viver uma mentira. Que tal tentarmos? Nos conhecermos melhor? Você precisa de ajuda, eu quero ajudar, eu gostei da sua família. O que acha?" Ela piscou. O modo como o relacionamento deles começou foi com uma mentira, mas poderia se transformar numa verdade, isso era o mais digno a se fazer.
"Bestial, você vai acabar entediado aqui. Você é membro do conselho, tem muitas obrigações. Não dá pra você ficar aqui em tempo integral." Ela disse e era verdade, mas ele não tinha tanto trabalho quanto Justice e Justice tinha família.
"Por enquanto, minha prioridade é o programa. Podemos adaptar minha agenda, eu posso diminuir meu ritmo, mas eu não vou viver uma mentira. Podemos usar o programa para falar disso, podemos transformar essa história, e talvez melhorar as nossas vidas. Eu teria mais tempo para relaxar com minha família, a sua família, você talvez até pudesse assumir um turno no hospital." Isso fez os olhos dela brilharem. Ela era uma médica que amava sua profissão, ele estava cansado de tanto trabalho, eles poderiam se ajudar e o melhor seria que ele pararia de mentir. Eventualmente, é claro. O relacionamento deles começou com uma mentira, ainda teriam de mentir, mas o que ele estava propondo aliviava e muito sua consciência.
"Eu não me sinto a vontade para..." Ela baixou os olhos. Que tipo de criação ela teria tido?
"Para compartilhar sexo? Tudo bem. Eu já disse que respeito. Mas vamos dormir na mesma cama." Ele disse.
"Posso colocar uma barreira de travesseiros?" Ela perguntou, Bestial suspirou. Se ela tinha aversão ao toque dele nada daquilo tinha razão de ser.
"Até eu me acostumar com você? Não seria para sempre." Ela disse, Bestial aceitou. Ele continuou no mesmo lugar observando Mônica colocar os travesseiros bem no meio da cama. Ela sabia o quanto estava sendo infantil? Mas ele teria paciência. Afinal ele propôs acasalamento para ela e de uma forma totalmente fria e objetiva. Talvez tivesse de colocar um pouco de romance na coisa.
Ela se deitou de frente para a barreira, ajeitando a calça do pijama, puxando as bocas da calça para baixo, como se tivesse medo de que ele visse as panturrilhas dela. Bestial se deitou, ignorando o fato dela estar se cobrindo toda. Era muito estranho.
"Você é virgem?" Ele perguntou. Seu faro não sentia nenhum cheiro de macho nela, a não ser o de seu irmão e das crianças. Ela o olhou com firmeza.
"Sim. Eu sou virgem." Ela disse e fechou os olhos com força.
Bestial se sentiu queimar. Ela nunca tinha sido tocada por nenhum macho. Isso era um pensamento horrível, ele pensar que ela era especial por isso, uma vez que uma fêmea que não era virgem não tinha menos valor que ela. Mas... O corpo dele aqueceu e sua besta inferior rosnou dentro dele. Todo o corpo dele tremeu. Ele a queria. Já a queria muito, agora, ele queria ser o único que tocasse nela, para sempre.
Bestial se levantou da cama, ela não perguntou onde ele ia, continuou deitada.
Bestial correu. Seu corpo precisava se cansar, se esgotar, precisava gastar energia. Se continuasse no quarto, na cama sentindo o cheiro dela, ele iria rasgar aqueles travesseiros com as garras. Ele correu durante muito tempo, até seu faro captar um grupo de gatos selvagens. Eles eram uma praga por ali, se reproduziam como coelhos, Valiant os caçava, como uma medida de controlar sua população. Eles podiam ser bem violentos e podiam matar seres humanos, ou filhotes espécie. É claro que filhotes não iam nas partes de mata fechada a qual eles habitavam, mas a ameaça estava ali, eram ferozes e letais. Bestial continuou correndo até que sentiu que o seguiam. Iam armar uma emboscada e era exatamente isso que Bestial queria. Ele continuou, seus instintos a mil, seu sangue corria mais rápido em suas veias, seu coração estava disparado. Um gato selvagem atacou, lhe cravando os dentes no braço, Bestial, girou o braço e jogou o gato selvagem contra uma árvore. Ele parou, estava cercado. Ele rosnou e sorriu quando atacaram.
De madrugada, ele acordou sentindo frio, estava deitado, nu, sobre a relva numa clareira. Os corpos dos gatos selvagens estavam empilhados num canto, ele teria de enviar alguém para buscá-los. Daria um bom suprimento de carne para a sua recém adquirida família. Ele não matou por esporte, não faria isso. Seu short estava rasgado, ele tinha o jogado fora. Ele correu até a casa, se surpreendendo com a distância que percorreu, quando chegou a casa, o sol estava nascendo. Ele entrou pelos fundos, foi ao seu quarto e ao banheiro. Se lavou, se enrolou numa toalha e voltou ao quarto. Mônica dormia, uma perna abraçava os travesseiros, Bestial se imaginou no lugar deles. A corrida, o esgotamento muscular e a caçada cobrou seu preço, Bestial se deitou na cama, de frente para o rosto bonito dela. Ele fechou os olhos, seria apenas por um momento.

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BESTIAL
Fiksi PenggemarO que de errado poderia acontecer em duas semanas? Foi o que Bestial pensou ao ter de ficar no zoológico da Reserva por causa de uma reportagem. Era por uma boa causa, não tinha nada a ver com os lindos olhos azuis de uma determinada fêmea. Bestial...