O Preço de Caronte

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Depois de andar por vários minutos, sozinha, Clarke teve a terrível sensação de que estava perdida

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Depois de andar por vários minutos, sozinha, Clarke teve a terrível sensação de que estava perdida. O que era um absurdo, afinal, não se passou dez minutos do momento em que Lexa e Luna entraram na caverna para o instante em que ela as seguiu, mas ainda sim não conseguiu achá-las e temeu correr e tropeçar já que não enxergava um palmo à frente. E mesmo parando por uns segundos para dar tempo dos três que entraram por último alcançar ela, não apareceu ninguém.

Chamou o nome de cada um e tudo que recebeu foi o eco da sua voz. Alguma coisa voou atrás dela, espalhando seu cabelo e causando calafrios por sua espinha. Prendeu a respiração para tentar distinguir o som do que parecia bater asas, e uma luz, pressentida mesmo com as pálpebras cerradas, foi o gatilho da sua curiosidade. Era uma libélula com asas coloridas e muito maior do que o tamanho de um inseto alado normal, não que alguma vez ela tivesse visto um de perto, mas sabia como deveria parecer. A coisa que a distinguia de qualquer inseto era seu corpo, de matéria orgânica sintética e metálica, a libélula era um mini robozinho que pairava em círculo ao redor dela. Devia estar ali para guiá-la, substituindo o drone.

"Você pode me levar até os outros?"

Não se sentia tão louca por falar com um inseto se este era uma máquina que provavelmente possuía inteligência artificial para compreender o que ela falava embora não pudesse devolver uma resposta.

O dispositivo voador seguiu caminho, iluminando parcialmente sua frente, o interior da caverna não era nada esperável para que ela pudesse descrever, ao contrário do que se podia esperar de uma gruta, as paredes eram lisas como se fossem polidas de cor avermelhada. Como um caminho à espera de visitantes. De repente a libélula parou de ir em frente, os minúsculos pontinhos de luz vermelha que era pra ser os olhos piscam e desligam deixando ela na completa escuridão de novo até que seus pés se choquem em algo e sua testa vá de encontro a pedra, fazendo-a emitir um gemido de dor.

Fim do caminho, ao que parecia. E ela ainda estava sozinha, mas não teve nenhuma bifurcação anterior para qual os outros possam ter desviado, ela seguiu sempre em frente e mesmo assim deu de encontro ao nada. Uma caverna sem saída não faz o menor sentido quando deveria ter mais duas pessoas confusas ali. Ela estendeu a mão a procura de qualquer fenda na rocha, algo que pudesse desobstruir a passagem de uma luz e deve ter mexido no lugar errado - ou correto - porque sentiu um tremor abaixo do chão e os pedregulhos que se fechavam em parede oca caíram sobre seus pés abrindo uma nova passagem. Um estreito santuário em veneração a uma grande pintura a óleo sobre tela. Ela só a via pois havia luz cintilante que saia de dentro para fora da arte pelas cores, duas paisagens separadas por um rio que atravessava um pequeno barco.

— Lindo, não é? Isso é Caronte atravessando com uma alma pelo rio Estige.

O coração de Clarke quase saiu pela boca. O brilho que a pintura emitia não era o suficiente para distinguir o dono da voz que a assustou.

𝐋𝐈𝐌𝐁𝐎 ¹ | The 100Onde histórias criam vida. Descubra agora