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Admitir o erro quando uma pessoa precisou se ferir para provar um ponto, era mais difícil do que parecia.
Se algo bom veio do acidente de Lisa foi a interação com os outros participantes. A multidão não era formada só por pré-adolescentes, na verdade a maioria deles eram da faixa de idade de Clarke - mas, Bellamy continuava sendo o mais velho de todos, com os vinte e três anos; o bastante para que ele alimentasse a expectativa de liderança sobre os demais.
Claro que, eles não tinham subitamente se tornado amigos de todos, muitos estavam bem desconfiados sobre os seis amigos e o privilégio reminiscente deles, enquanto outros temiam por suas vidas depois do estado de Lisa, por não saberem como lidar sozinhos com a própria segurança, e ainda tinha os encrenqueiros, não aceitavam tudo que o Bellamy pedia com um sorriso na cara, longe disso, os baderneiros faziam zoada a noite, atormentavam algumas meninas e se arriscavam floresta adentro, sozinhos, para atestar suas virilidades por razões inúteis. Era o trio que mais dava dor de cabeça a Bellamy - além de Clarke no momento.
Ela vinha se comportando como uma morta-viva.
Abria a boca somente para comer, e ao falar com alguém bastava poucas palavras, dormia longe dele todas as noites e até o choro em seu rosto ele não viu mais. Como se ela perdesse as forças até para isso.
Tudo o que Bellamy queria era ficar com ela, achava que o momento que compartilharam na cabana fosse significativo para a relação dos dois, ele também não era uma pessoa dada a amizades. Na Arca, aqueles que chamava de amigos ignoraram sua existência depois de Octavia ser descoberta, ninguém nunca esteve com ele nos maus momentos sequer para perguntar sobre seu dia. Mas ele sabia que existiam bons amigos, em outras estações menos pobres, com certeza a princesa tinha amigos de verdade. Talvez as ligações de amizade só funcionassem quando a miséria ou sua origem fosse o menor dos problemas, como a circunstância que viviam no presente.
Todas aquelas pessoas precisavam uma das outras, querendo ou não admitir, por isso ele conversava com quem podia todo santo dia acerca da importância da cooperação em um lugar do qual nada eles sabiam como se proteger. O operário da Margem, elo de Clarke, havia contado no vídeo que eles teriam uma jornada longa pela frente, não poderiam ficar para sempre naquele acampamento de improviso e esse detalhe volta e meia preocupava Bellamy.
Estava tudo calmo demais - fora a descoberta da redoma que limitava o alcance deles sobre a ilha (e quem sabe estivesse ali para ajudá-los a se manter na direção certa). A apreensão cobria sobre o restante deles, cinco noites se passaram após o acidente e absolutamente nada, sequer um animal surgiu para ameaçá-los, eles estavam quase entrando em uma rotina habitual. Era como se a natureza estivesse esperando Lisa morrer ou se recuperar para aprontar com eles de verdade.
— Bellamy. — Um garoto mais novo, que se apresentou a ele na manhã daquele dia - Caius - o chamou, tocando no ombro. — A sua amiga acordou. — ele parecia ansioso, de repente todos atrás deles tinham a mesma postura. Era uma prece silenciosa da maioria para a recuperação dela, como se de alguma forma isso indicasse que eles tinham chance mesmo diante do desconhecido.
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𝐋𝐈𝐌𝐁𝐎 ¹ | The 100
Hayran KurguHISTÓRIA CONCLUÍDA ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝗟𝗜𝗠𝗕𝗢 |⠀❝ Para que serve uma âncora, Clarke? Ela pode naufragar uma embarcação perfurada ou fixar-se em terra firme. Ambas as opções têm o arbítrio de ser um fardo ou um benefício, o que as discerne está na cond...