Fase 3: Âncora

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Enquanto comiam a primeira refeição do dia, após o nascer do sol, Arisa compartilhava sabedoria para quem quisesse ouvir

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Enquanto comiam a primeira refeição do dia, após o nascer do sol, Arisa compartilhava sabedoria para quem quisesse ouvir.

Eles quase podiam se imaginar em casa, com seus pais falando mal da função que exerciam e discutindo o problema político do momento ou o que já foi um dia na terra.

"Vocês são um arquétipo. Suas características são reproduções dos melhores atributos de seus pais. Crianças humanas não são ensinadas a liderar, a lutar ou a enfrentar problemas com os quais nunca experimentaram. Mas, não é exatamente isso que têm feito aqui?"

— A minha mãe dizia que antigamente na terra as pessoas eram tão ocupadas com suas rotinas que faziam terapia. — Lisa conta para o grupo, baixinho, para não interromper o monólogo da IA.

— O que é terapia? - Bree questiona.

— Acho que é ter uma Arisa para explicar as coisas que a gente não sabe sobre nós, individualmente, e nos ensinar como lidar com coisas das quais não sabemos resolver.

— Poxa, acho que eu gostaria de fazer terapia.

— Eu também.

Eles comiam peixe assado, pescado e preparado por Arisa, e o alimento era o novo favorito de todos.

— Nunca pensei que sentiria falta da comida da minha mãe. — Riley resmunga, tirando uma espinha da boca. — Eu sempre reclamava que era sem sal, mas isso aqui, mesmo sendo peixe, tenho certeza que os livros de história que diziam que era uma das carnes mais saborosas marinhas, certamente não possuía esse gosto.

— Não podíamos exagerar no sal na Arca, Riley. Até mesmo na estação Alfa era assim. - Clarke esclarece.

— Eu sei, só estou dizendo que quando a gente passa por algo pior, lembramos do que realmente é suportável. Eu deveria ter sido mais grato.

O silêncio ecoa pelo círculo em consonância.

A voz de Arisa para de falar e eles ouvem uma canção instrumental. A mão robótica estava aberta — literalmente — transformada em uma caixinha retangular de música. Mais uma coisa louvável que ela sabia fazer para os entreter.

Maya se juntou a harmonia, balbuciando sons conforme o ritmo, a voz suave e afinada era prazerosa de se ouvir.

Uma ventania de areia os cortou fazendo Lisa tossir e seu peito doer com força. Clarke notou a careta que ela fez e por um segundo suspeitou não ter só a ver com os grãos arenosos nos olhos.

— Você está bem?

— Sim, não se preocupe.

Ela jamais deixaria Clarke saber sobre a falta de ar que sentia quando o tempo esfriava de súbito, ou a dor fantasma nas pernas que uma vez estiveram lá, e muito menos a enorme roxidão no cóccix que queimava quando ela se deitava de costas.

𝐋𝐈𝐌𝐁𝐎 ¹ | The 100Onde histórias criam vida. Descubra agora