CAPÍTULO 07

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Depois que lavou os dois banheiros da casa e arrumou o seu quarto, Thomas pôde finalmente descansar o que não conseguira na noite anterior enquanto ficava de babá para que Ellen não quebrasse o resto da casa — ou vomitasse em qualquer outro lugar que não a privada. Ele riu consigo mesmo enquanto relaxava em sua cama e lembrava do caos do dia anterior... De sua confusão ao vê-la beber tanto e falar tanta besteira que, se estivesse sóbria, morreria de vergonha.

— Você é muito bonito, parece até os atores da televisão. — Ela deixou escapar enquanto ele tentava mantê-la de pé e abrir a porta de casa. Se a luz da fachada não estivesse queimada, aquela tarefa teria sido mais simples e ele não precisaria depender da lanterna minúscula do chaveiro. — Por que é tão bonito?

— Culpe os meus pais.

— Ainda bem que meu ex nem era tão bonito... Senão, eu estaria duas vezes mais irritada com ele.

— Então você só bebeu tanto porque estava irritada com ele?

— Ele me deu um belo par de chifres, sabia, fofinho?

— Eu só vou deixar passar essa porque você não tá nada legal. — Ele revirou os olhos, ajudando-a a entrar em casa. — Vem,vou te levar pra o quarto.

Ellen parou, colocando as mãos na boca e arregalando os olhos. Thomas sentiu as bochechas corarem quando se deu conta de que a sua frase não chegou com o mesmo sentido na cabeça dela.

— O que... Meu Deus! — Ele riu sem humor, incrédulo com seja lá o que ela pensou. — Não sabia que sua mente era tão suja.

Ela abriu um sorriso amarelo aparentemente se divertindo com toda aquela situação. Thomas não conseguiu ficar sério por muito tempo.

— Nossa, mas que... — Ele tossiu de leve, limpando a garganta e querendo mudar de assunto. — Você deveria repensar esse seu costume de beber muito.

— Nossa, parece até meus pais. — Ela fez uma careta. — O que você é? Minha babá?

— Alguém tinha que ser hoje, não é?

Ellen sorriu mais uma vez, fazendo um coração com as duas mãos para ele ao ouvir aquilo. Tom desviou o olhar por um momento, suspirando e estendendo o braço para levá-la até o quarto.

Pessoas muito bêbadas só precisam dormir para recobrar a sanidade, certo? Ele pensou consigo mesmo enquanto encarava uma versão alegre demais de Ellen que ele ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer em seu estado normal.

— Você nem conheceu meu gato ainda. — Ellen disse no meio do percurso da sala até a porta do quarto.

O quê?

— Meu gato. — Ela disse, cruzando os braços e se apoiando na parede. — Onde ele está? Eu só durmo quando escuto ele ronronando. Ele tá no seu quarto?

Thomas franziu a testa, mas apenas concordou com a cabeça. Se aquilo a iria fazer dormir a noite toda, ele apenas embarcou naquela história maluca.

Ela bateu palmas ao ouvir aquilo, se desequilibrando por um momento e derrubando o porta-retrato pendurado na parede. O vidro se espalhou pelo chão, deixando escapar um suspiro dos lábios de Thomas ao ver a foto de sua família fora do lugar.

Ops! — Ellen disse, colocando a mão na boca e deixando um soluço escapar.

— Não, tá tudo bem. — Balançou a cabeça, girando a maçaneta. — Só descansa. Você tá precisando.

— Obrigada.

— Se precisar usar o banheiro, pode usar o do meu... — Ele não conseguiu concluir a frase, pois antes que pudesse prever ou se esquivar, sua camisa favorita estava coberta de vômito. Ele fez uma careta, fechando os olhos no mesmo instante e tentando prender a respiração, como se assim aquilo se tornasse menos pior. Mas não tinha como.

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