CAPÍTULO 32

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Tom havia acabado de mandar mensagem para Ellen comunicando o que havia acontecido e logo sendo consolado pela voz cheia de preocupação dela. Por mais estranho que pudesse soar, ele estava grato por ter alguém que se importava com ele e sua família, querendo prestar apoio.

— Meu pai tá bem. Não bem, mas ele não se feriu gravemente como eu me assombrei o caminho todo até aqui. — Thomas soltou um suspiro, parecendo cansado, mas tranquilizando a namorada. — Ele só teve alguns arranhões e uma fratura no braço. O que é um milagre para um senhor da idade dele.

— Meu Deus...

— Fica tranquila, ele tá bem. — Um sorriso fraco preencheu seus lábios enquanto tentava manter-se calmo a alguns metros do responsável por aquela confusão toda. Ele suspirou, trocando o peso das pernas. — Eu vou ter que resolver umas coisas aqui e provavelmente só voltarei pra casa amanhã. Então, não estranhe se eu ficar algumas horas sem falar com você.

— Eu não sou esse tipo de namorada. — Ellen sorriu do outro lado da linha, tentando descontrair as coisas. Um suspiro lhe escapou. — Pode ir ficar com a sua família. E descanse um pouco também, hum?

— Certo, fofa. — Disse ele sem graça, fazendo por um segundo o coração de Ellen errar uma batida ao ouvir o jeito carinhoso com o qual ele se referiu a ela. — Vou resolver esse problema aqui, ok?

— Até logo.

— Até. Beijo.

Ele encerrou a chamada, guardando o celular no bolso da calça social ainda do dia anterior, enquanto se preparava mentalmente para não socar o rosto do homem sentado no pátio frontal do hospital; não só apenas por ter perdido a atenção no volante por estar usando o celular, como também ser o responsável por machucar tanto Ellen num passado nem tão distante. Thomas cerrou os punhos quando Nelson se aproximou dele, a expressão aflita.

— Olha, cara, eu sinto muito. — Ele limpou a garganta. — Eu acabei me distraindo com o celular e não consegui frear a tempo. Mas eu prestei os primeiros socorros e até trouxe ele pra esse hospital que é uma referência aqui na cidade. Eu vou pagar a conta do hospital e arcar com todo o dano, mas...

— Mas o quê? — Tom semicerrou os olhos, cruzando os braços de forma irritada. — Isso é o mínimo que você pode fazer por alguém depois de atropelar ela. Não encare como se fosse nenhuma caridade, porque não é.

— Espera aí, cara! Seu pai também tem culpa por atravessar a rua sem olhar por onde anda...

— Ele tem culpa por estar andando na faixa de pedestres?

— Veja bem...

— Veja bem o quê? — Thomas bufou, não conseguindo acreditar no mau caratismo de Nelson. Como a Ellen conseguiu ficar com alguém assim? Ele pensou irritado, enfurecendo-se mais ainda quando ele se perguntou como alguém como ele conseguiu ficar com uma pessoa tão incrível como Ellen. — Eu estou pouco me fodendo para as merdas que você fez ou faz na sua vida, mas espero que você seja homem o suficiente para assumir todas elas e arcar com todas as consequências, ouviu?

Nelson engoliu em seco, intimidado por toda a ira queimando nos olhos do atual namorado de Ellen. Receoso de que os ânimos saíssem do controle e que aquela conversa agitada se transformasse numa troca de agressões, ganhando mais atenção do que deveria ao ser registrada e jogada na internet. Aquilo destruiria não só sua imagem na empresa, mas o seu futuro casamento caso o conteúdo das mensagens de seu celular fosse vazado.

— Desculpe. — Nelson disse por fim, balançando a cabeça. — Peço minhas sinceras desculpas. E me responsabilizo por tudo. Não se preocupe.

— Ok.

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