CAPÍTULO 30

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A recepcionista da pousada sorria de forma divertida ao ver o suposto casal completamente encharcado pedindo para carregarem os celulares e perguntando se havia alguma oficina ou mecânico por perto. A chuva sempre unindo as pessoas, esse poderia ser o pensamento da senhora enquanto observava aqueles dois com roupa de festa com um brilho genuíno nos olhos.

— O meu primo é dono da oficina mais próxima, mas ele teve que viajar e por isso fechou a oficina neste fim de semana. — A mulher disse, mordendo os lábios ao ver o descontentamento no rosto de Thomas e Ellen. — Mas eu tenho o número de um mecânico que pode tirar vocês dessa situação logo, logo!

— Certo, muito obrigado. — Thomas disse, virando para Ellen. — Vai dar tudo certo.

— Eu espero.

— Vai sim, queridos. — A mulher tornou a falar, atraindo a atenção de ambos para si. — Tem um quarto disponível, vocês podem se secar e descansar um pouco.

— Não precisa. — Ellen sorriu de forma educada, mesmo secretamente querendo ficar apresentável antes de conseguirem chegar à festa. — Estamos bem.

— Bobagem! Venham, é por conta da casa. — Ela saiu de trás do balcão, empurrando-os para um quarto no fim do corredor e entregando um pedaço de papel para Ellen com o contato. — Eu vou trazer uns lanchinhos pra vocês... devem estar exaustos da viagem.

— Mas...

— Não se preocupem, podem ligar para o número que eu dei enquanto isso.

Ela sorriu, fechando a porta atrás de si e os deixando sozinhos ali, sem entender de fato a mente daquela senhora.

Ellen suspirou após colocar o celular completamente apagado na tomada. Ela se dirigiu até uma das camas de solteiro, tirando as sandálias com uma careta enquanto olhava os próprios pés. Tom a observou, cruzando os braços e sentindo o tecido da camisa grudado ao corpo, deixando-o com ainda mais frio. Ele foi em direção ao banheiro minúsculo, pegando uma toalha e entregando a Ellen.

— Obrigada. — Disse ela, secando os braços e os cabelos, enfiando o rosto na toalha quando se deu conta de que possivelmente sua maquiagem estava toda borrada. Ela arregalou os olhos, sentindo-se patética por aquilo.

— O que foi? — Ele indagou, sentando-se ao lado dela. — Alguma coisa...

— Não olha pro meu rosto. — Ela pediu, esfregando a toalha na esperança de tirar os resquício de maquiagem. — Eu tô horrível... Minha maquiagem tá toda borrada, parece até que eu morri e ressuscitei como a Annabelle.

Thomas gargalhou com aquilo, afastando a toalha do rosto dela como se assim dissesse silenciosamente de que não se importava com aquilo, que ela não precisava ter vergonha e que, acima de tudo, uma maquiagem borrada não seria a responsável por ela ficar menos bonita. Ele balançou a cabeça em negativa, ajudando-a a limpar o rosto com cuidado.

Ellen engoliu em seco, sentindo algo dentro de si se aquecer com aquele gesto.

— Você não devia ficar com vergonha por isso. — Ele afastou a toalha do rosto dela para encará-la melhor. — Você devia ter vergonha de ter um guarda-chuva tão fuleiro, isso sim.

Ellen gargalhou ao ouvir aquilo, virando-se completamente para ele, socando de leve o braço de Tom, que se divertia também com aquilo.

Ao soca-lo mesmo que de brincadeira, Ellen não conseguiu esconder que o sentia de verdade. Foi por isso que ela não conseguiu recuar a mão do braço dele, como se a simples tarefa de se afastar fosse difícil demais. Seus olhos foram de encontro aos dele, que exibia uma expressão serena no rosto.

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