CAPÍTULO 15

280 48 148
                                    

— Você fez o quê? — Danilo indagou, chocado demais para acreditar que o amigo havia dado um passo tão grande de coragem. — Eles crescem tão rápido. — Ele sorriu, limpando lágrimas imaginárias e logo sendo atingido por um travesseiro, que ele conseguiu agarrar antes que fosse de encontro ao seu rosto. — Mas, então, você chamou ela pra sair ou algo assim?

— Não exatamente. — Thomas coçou a nuca, rindo de nervoso e se sentando na cama. — É uma história engraçada...

— Espera aí! — Ele fechou o notebook, arrastando a cadeira de rodinhas mais para perto do amigo. — Ela te deu um fora?

— Você acha que eu sou tão ruim assim?

Danilo meneou a cabeça para os lados, pensativo. Thomas fez menção de jogar o outro travesseiro na direção dele, mas desistiu e apenas se jogou no colchão macio, mexendo a boca enquanto encarava o teto.

— Eu sou o namorado imaginário dela.

— Oi? — Danilo fez uma careta, confuso. — Como assim?

— Bem, você sabe, sendo. — Ele riu amarelo, sentando-se novamente e encarando o amigo. — A Ellen acabou contando pra família que tinha um namorado só pra não ser mais incomodada com qualquer assunto que envolvesse o seu último relacionamento. E ontem quando a gente estava conversando em frente ao bar, o ex dela apareceu com a noiva e começou a ligar os pontos. Ela não desmentiu a situação e agora o que era pra ser só uma desculpa pra ela não ser mais incomodada com esse assunto se tornou real. — Ele respirou depois de falar tudo num único fôlego. — Bem, o namorado imaginário que antes nem tinha nome ou rosto agora tem. Que, no caso, sou eu.

Danilo estava boquiaberto enquanto assimilava cada palavra do amigo, sem conseguir acreditar que aquilo era real e não um delírio de Tom por ter batido a cabeça em algum lugar.

— E você concordou com isso?

— Bem, eu...

— Você tem essa carinha de bom moço, mas no fundo você é um grande de um... — Danilo parou de falar quando percebeu a figura feminina com o uniforme da loja de onde trabalhava e os braços cruzados enquanto analisava o irmão mais velho e o melhor amigo em uma conversa que lhe deixava curiosa. Ele sorriu amarelo, mordendo os lábios e tentando não rir do rosto ruborizado de Tom. — Oi, Mari.

— Oi, meninos. — Ela descruzou os braços, adentrando o quarto e parando em frente ao espelho do armário. — O assunto parecia interessante. — Ela disse, ajeitando os cabelos lisos que batiam no meio das costas e a franja que cobria a testa. Ela se virou para os dois, tentando descobrir o motivo do irmão seis anos mais velho estar tão apreensivo, mais do que ela estava quando teve que contar aos pais que estava grávida aos quinze anos. — Não me diga que eu vou ser titia? — Brincou.

— Mariana, para de inventar coisa. — Thomas bufou, conduzindo a irmã para fora do quarto e sendo impedido no mesmo instante por ela. — Você vai se atrasar.

— Quem é a moça?

— Oi? — Ele corou, revirando os olhos no mesmo instante ao se entregar daquele jeito. — Vamos, anda logo.

— Eu sabia que era mulher. Dani, quem é?

— Então...

— Calado! — Thomas bufou, soltando os ombros da irmã, e saindo de perto daqueles dois à passos firmes antes que enlouquecesse de vez.

Obviamente não demorou muito para Mariana segui-lo até a cozinha e semicerrar os olhos, martelando em sua cabeça as situações que deixaram Tom daquele jeito, esquisito a ponto de lavar a louça que estava limpa no escorredor de pratos sobre a pia. Ela soltou uma risadinha, limpando a garganta depois de algum tempo em silêncio.

Deve ser amor |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora