Quando uma luz entrou pela fresta da porta, Tom teve certeza de que já havia amanhecido. E logo constatou que as coisas estavam movimentadas naquela casa ao ouvir os passos e vozes incessantes vindos do corredor. Seu primeiro pensamento ao comprovar aquilo foi descer o mais rápido possível para o café da manhã, tentando causar uma boa impressão na família de sua namorada de mentira. No entanto, sua ideia logo foi deixada de lado quando ele virou o rosto para o lado e notou que Ellen ainda dormia profundamente, dessa vez usando o braço dele como travesseiro.
Thomas a observou, deixando que os cantos de sua boca se curvassem para cima e não moveu nenhum músculo do corpo para não acordá-la, mesmo que seu braço estivesse dormente e seu estômago chorasse por comida.
Ellen se remexeu, com os olhos meio abertos e meio fechados, bocejando e se espreguiçando. Ela rapidamente cobriu a boca com as mãos, sentindo-se um pouco envergonhada por imaginar que sua aparência não estava lá das melhores.
— Há quanto tempo você tá acordado?
— Não muito. — Ele riu, virando-se completamente para o lado. — Pode ficar tranquila.
— Certo. Acho que devemos descer. — Disse, mordendo os lábios e se sentando na cama. — Eu vou procurar toalha, escova de dente e qualquer produto de higiene que você precise. — Ela coçou a cabeça, sentindo a vergonha habitar seu rosto ao ver Tom franzir a testa. Droga, isso soou como se eu dissesse que ele precisa urgentemente de um banho! Ela pensou, tentando consertar o que dissera. — Digo, se você quiser. Eu não estou dizendo que você está precisando de um banho ou algo assim...
— Eu entendi. — Ele fez que sim com a cabeça, segurando o riso.
— Certo.
Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, até Tom limpar a garganta na esperança de sair daquele clima, de certa forma, peculiar.
— Vamos juntos ou você vai primeiro?
— O quê? — Ela arregalou os olhos, amassando os fios dos cabelos com nervosismo.
Thomas tossiu de leve, corando instantaneamente e se sentando na cama de imediato. Ele coçou a nuca, encarando o chão.
— Descer.
— Sim, vamos logo! — Disse apressada, sentindo-se triplamente envergonhada com aquele mal entendido. Ela calçou as chinelas cor de rosa com pompom felpudo, encarando os próprios pés e se achando ainda mais boba. — A Vivi me paga...
— Por quê?
Por desenterrar esse pijama ridículo das minhas coisas e ainda me dar essas chinelas que me fazem parecer uma doida varrida de quase trinta anos que não tem nem dignidade sobre as próprias roupas, foi o que ela teve vontade de responder. Porém, Ellen apenas deu de ombros, seguindo em direção a porta.
— Eu vou pegar algumas coisas pra você. Não esquenta com a minha família, eu dou um jeito.
— Eu não sei se fico aliviado ou preocupado com esse "jeito" que você vai dar.
— Eu prometo que não vou falar nenhuma bobagem. — Ela fez um ok com a mão, saindo do campo de visão de Tom.
Ele coçou a nuca, levantando-se e trocando o peso das pernas. Por que eu sinto que isso vai dar merda? Fez uma careta, torcendo para que Ellen não extrapolasse o bom senso ao falar de qualquer coisa relacionada a Tom para a sua família.
*
Apesar do barulho de pessoas indo de um lado a outro mais cedo, a casa estava relativamente vazia, contando apenas com os pais de Ellen, a mãe de Viviane e a aniversariante da noite anterior à mesa da cozinha. Thomas e Ellen sentaram lado a lado, com os cabelos úmidos e as mesmas roupas da festa, fazendo a tia prestar atenção em cada movimento desajeitado de ambos.
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Deve ser amor |✔
Roman d'amour| COMÉDIA ROMÂNTICA | +14 | 💟 Série Clichês do Amor - Livro 01 Sinopse provisória Ellen Santos decidiu dar um novo rumo para a sua vida depois de um fim de namoro complicado. Ou tentou, já que trabalhar na recepção de um museu não era bem o que i...