O dia parecia melancólico com toda aquela chuva caindo do céu. Tudo estava com uma cor meio cinza e triste, e nem mesmo as cores do museu eram páreas para alegrar o dia. Ou, ainda, chamar a atenção dos amantes de poesia e arte para que assim mais pessoas conhecessem Ícaro Ramires e o motivo de ele ser um dos orgulhos daquela cidade.
A verdade é que se Ellen pudesse escolher naquele dia onde estaria, ela com certeza escolheria estar enfiada em um pijama quentinho, tomando um bom café enquanto colocava suas séries em dia — o poeta símbolo da cidade que a desculpasse. Ela não podia dizer que todas as pessoas que frequentemente entravam e saíam do museu estavam fazendo aquilo que ela imaginava, mas uma boa parte delas com certeza iria aproveitar aquele dia chuvoso.
Ela suspirou, passeando os olhos pela recepção.
Um sorriso discreto pairou sobre seus lábios quando avistou Thomas concentrado observando o movimento nulo no estacionamento à frente da entrada do prédio. Ele ficava com uma mão sobre o rádio de comunicação enquanto relaxava a outra do lado do corpo. Sempre atento, mesmo em dias como aquele.
Ellen mordeu os lábios, balançando a cabeça em negativa quando o pensamento de ir até Tom conversar sobre qualquer coisa passou pela sua cabeça. Ela não sabia bem o motivo daquilo, mas era como se ela sentisse falta de estar tão próxima dele, já que depois daquela segunda-feira, os dois não trocaram muitas palavras, tanto por mensagens quanto cara a cara.
Será que ele ficou chateado por eu não corresponder aos sentimentos dele de imediato? Pensou consigo mesma, deixando os ombros caírem com o peso de não conseguir entender o que se passava em seu interior. Ou, pior ainda, saber o que estava sentindo, mas não ter coragem para admitir a si mesma o real motivo de seu sorriso bobo toda vez que o via.
— Isso não é possível! — Ela deixou escapar, arregalando os olhos e sentindo o rosto queimar de vergonha por falar aquilo alto demais e atrair a atenção da moça da limpeza e Thomas no mesmo instante. Um sorriso amarelo pairou sobre seus lábios enquanto ela tentava se justificar e não parecer uma completa idiota. — Err... não é possível que não venha mais ninguém hoje!
A moça da limpeza apenas deu de ombros, encerrando seu trabalho ali e indo para outro lugar. Thomas, por outro lado, sorriu ao ouvir aquilo e, principalmente, notar o rosto encabulado de Ellen. Deixando que seus pensamentos parassem de rodear apenas as lembranças que envolvessem Kang Su Min e permitindo que ele visitasse os que envolviam Ellen. Sua namorada de mentira. A mulher que ele gostava.
Ele abriu a boca para tentar falar algo, mas foi interrompido pela diretora do museu. Vilma colocou uma pasta fina de documentos — que estranhamente combinava com seu terninho rosa — sobre o balcão da recepção.
— Acho que vamos fechar mais cedo hoje. — Anunciou ela, escorando o corpo no balcão enquanto analisava as unhas bem pintadas. — Infelizmente. Vi na previsão do tempo que pode ter alagamentos em alguns pontos da cidade... E isso inclui algumas ruas próximas daqui...
— Certo, dona Vilma. — Tom disse, acenando com a cabeça.
— Até amanhã, queridos. — Despediu-se, recolhendo a pasta, ajeitando a bolsa no ombro e abrindo um guarda-chuva preto para fugir da chuva quando saiu do museu.
Ellen limpou a garganta antes que o silêncio tomasse conta do ambiente novamente.
— Está caindo o mundo lá fora hoje, né?
— Eu espero que você tenha vindo de carro hoje, porque pegar ônibus nessa chuva deve ser uma droga.
— Ainda mais quando não se tem nem guarda-chuva. — Riu, arrumando suas coisas para ir para casa. — E você?
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Deve ser amor |✔
Romansa| COMÉDIA ROMÂNTICA | +14 | 💟 Série Clichês do Amor - Livro 01 Sinopse provisória Ellen Santos decidiu dar um novo rumo para a sua vida depois de um fim de namoro complicado. Ou tentou, já que trabalhar na recepção de um museu não era bem o que i...