CAPÍTULO 14

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Se um dia alguém dissesse a Ellen que ela estaria desesperada para arrumar um namorado por motivos tão patéticos quanto os que ela tinha agora, ela riria escandalosamente dessa pessoa. No entanto, como ela mesma estava naquela situação, Ellen não tinha outra escolha a não ser concordar em ir para mais um encontro que provavelmente seria frustrante, assim como todos os outros dois que ela fora.

Era um domingo à tarde e Ellen e Célia haviam combinado de ir a um barzinho jogar conversa fora depois do expediente. Carina e Carolina também iam para aquela "noite das meninas", o que seria bom, pois assim Ellen não teria que consolar Célia sozinha quando ela começasse a falar sobre o relacionamento com Danilo.

Tudo parecia dar certo, até as gêmeas desmarcarem alegando um imprevisto familiar e Célia não querer sair de casa, fungando ao telefone e pedindo mil desculpas por furar daquele jeito.

— Eu sinto muito, amiga. — Ela grunhiu, parecendo exausta não apenas por pensar demais sobre a sua vida amorosa, mas também ao ser acometida com um belo resfriado. Ela espirrou, soltando um suspiro. — Eu tô tão cansada que não tenho nem forças pra sair da cama. Não sei como eu consegui trabalhar hoje...

— Sem problemas, Célia. Eu entendo.

— Tem certeza?

— Tenho, ainda bem que eu liguei cedo, porque eu nem saí de casa ainda. — Mentiu, mordendo os lábios ao ver as pessoas indo de um lado para o outro no bar. — Eu aproveitei para colocar umas séries em dia.

— Ah, me sinto menos culpada. — Ela espirrou novamente. — Então, se divirta com as séries. Boa noite.

— Boa noite. Ah, e melhoras pra você.

— Obrigada. — Célia espirrou mais uma vez, despedindo-se. — Tchau, tchau.

— Até.

Ellen bloqueou o celular, fitando-o em cima da mesa.

O que eu tô fazendo com a minha vida? Ela se questionou, fazendo uma careta ao lembrar que foi naquele mesmo bar que perdeu a linha completamente... Ellen rapidamente se levantou, decidida a sair dali antes que outra catástrofe acontecesse, mas já era tarde demais. No segundo seguinte, a blusa preta e a jaqueta jeans estavam ensopadas pela bebida que o garçom derrubara ao esbarrar nela.

— Me desculpe! — Ele disse, entregando um guardanapo e se apressando em recolher os cacos de vidro pelo chão.

— Tudo bem.

Ela mordeu os lábios, caminhando para a frente do estabelecimento, procurando um carro de aplicativo para levá-la de volta ao conforto de sua casa. E onde ela sabia que estaria segura e livre de qualquer situação que daria um ótimo roteiro para um filme de terror meia-boca. Ou não.

— Oi, Ellen.

Ela levantou o rosto, acenando de forma tímida para Thomas, que usava o mesmo penteado de cabelo que no dia em que saíram em grupo para aquele mesmo bar com os amigos. Ela tinha que admitir: ele ficava bonito de qualquer jeito.

Ele não estava sozinho, de modo que o garoto ao seu lado — e que tinha muita semelhança com Tom — revirou os olhos ao achar aquela troca de olhares demorada demais. Diego trocou o peso das pernas, esbarrando propositalmente no ombro do irmão alguns bons centímetros mais alto que ele.

Thomas se conteve, sorrindo de forma educada.

— Esse é o meu irmão mais novo. — Ele encarou o irmão, segurando o ombro dele com mais força do que deveria. Fica na sua, sua peste, era o que ele dizia silenciosamente com aquele gesto. — O Diego.

Deve ser amor |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora