CAPÍTULO 09

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Ellen não havia contado para Thomas da pequena fofoca envolvendo sua pessoa quando teve a oportunidade. E, naquele momento, entre um telefonema e outro e a imagem dele a alguns metros dela, Ellen já não tinha tanta certeza se devia ou não dizer alguma coisa. Afinal, ninguém da sua família tinha como saber quem ele era para atormentá-lo e tampouco ela encontraria parentes perambulando por Mesópolis.

Era isso, tudo daria certo.

Ou não.

Seus olhos castanhos escuros se arregalaram ao ver a figura do casal adentrando o museu que parecia estar em seu melhor dia no quesito "visitantes".

O homem de estatura mediana parecia realmente feliz ao lado da mulher de pele pálida alguns centímetros mais alta que ele. A camisa social azul continuava combinando com sua pele parda do mesmo jeito que seus cabelos castanhos estranhamente combinavam com o mesmo penteado, com os fios penteados para trás com um leve topete na frente.

Ellen ficou tanto tempo encarando os dois que nem se deu conta quando a mulher com os cabelos tingidos de um vermelho alaranjado parou diante de seu balcão com o braço enlaçado ao do noivo.

Ela teve vontade de vomitar ao ver a cena, mas se conteve. Ela não passaria vergonha no local de trabalho.

— Oi, prima. — Marcela disse sorridente, recebendo como resposta um sorriso forçado da parte de Ellen. — Há quanto tempo...

— Oi. — Ela manteve o sorriso mecânico no rosto, passando os olhos para Nelson. — Oi, Nelson.

Ele sorriu sem jeito, desviando os olhos por um instante e se mantendo em silêncio.

Babaca, ela pensou.

— A gente decidiu tirar uns dias pra viajar e, você não vai acreditar — Marcela parecia animada, deixando Ellen confusa se ela fazia aquilo por pura alegria ou só para acabar com a sua paz. —, mas acabamos nos apaixonando pelos pontos turísticos da cidade enquanto estávamos procurando um destino.

— É mesmo?

— Sim! E só quando reservamos a pousada é que percebemos que era a mesma cidade que você tinha se mudado. Acredita?!

É óbvio que não, sua vaca leiteira! Ellen pensou consigo mesma, lutando contra a vontade de chamar sua prima e seu ex namorado de todos os animais que conseguia se lembrar naquele momento.

Eu mal posso acreditar! — Ellen disse por fim, ainda com uma falsa empolgação em sua voz.

— Pois é! Aí estamos vendo o que achamos da cidade, porque se por acaso a gente gostar daqui, planejamos mais passeios. Ou até compramos uma casa de praia, não é, amor?

— Ah, é... — Nelson engoliu em seco, ainda incapaz de encarar a ex namorada a sua frente. — Mas é algo pra um futuro distante.

Marcela revirou os olhos, mordendo os lábios logo em seguida como se pensasse em algo interessante para falar na esperança de que as atenções voltassem para si novamente. Ela realmente não se sentia nem um pouco desconfortável por aquela situação, como se fosse absolutamente normal ser o pivô da separação de Ellen e Nelson e agora estar prestes a se casar com o ex da prima, tudo isso em questão de meses.

Marcela limpou a garganta, atraindo a atenção da prima e do noivo.

— O Nelson disse que você está namorando... parabéns por estar seguindo em frente, priminha.

Ellen ficou sem palavras, abrindo e fechando a boca algumas vezes sem saber o que dizer ao ouvir aquilo. Com certeza havia algum pingo de deboche e maldade naquela fala de Marcela, mas Ellen não conseguia pensar em nada à altura do que a prima dissera e ainda manter um sorriso no rosto enquanto feria alguém daquela forma. A ruiva parecia ter mais experiência naquela diversão tóxica.

Deve ser amor |✔Onde histórias criam vida. Descubra agora