Os dois procuravam por toda a vizinhança o gato fujão de Ellen, mesmo Tom achando que não era tão necessário se desesperar tanto, a ponto de enfrentar aquele tempo fechado e com tendência a raios e trovoadas fortes.
Um barulho forte fez Ellen soltar um gritinho, envergonhando-se no mesmo instante por ter se assustado por algo tão previsível. Ela esboçou um sorriso amarelo, coçando a nuca.
— Eu não tenho medo de trovões. — Anunciou, dando uma olhada embaixo do carro do vizinho. — Só pra você saber.
— Não tem problema em ter medo disso. — Deu de ombros. — Eu queria ser bombeiro, mas tenho medo de altura. Então seria difícil encarar um trabalho que envolvesse isso.
— Mas eu não tenho medo!
— Eu...
— Você queria ser bombeiro? — Ela riu, prestando atenção no rosto dele. — Realmente você tem o espírito de um...
— Certo, você pode rir de mim.
— Eu não tô rindo. — Ela comprimiu os lábios com força, forçando-se a se manter séria. — Eu só achei... Aaahh! — Ela gritou, se chocando contra Thomas quando o céu se iluminou por um instante e outro barulho forte ressoou em seus ouvidos.
Ellen só percebeu que estava abraçada a Tom quando ele colocou uma mão sobre suas costas, tentando acalmá-la ou fazê-la se recuperar do susto. Ou lembrar de que ela colocava toda a força de seu corpo sobre seus pés. Ela se afastou bruscamente, querendo dar uma de Inquilino e desaparecer naquele exato momento.
— Desculpa.
— Você se assustou, então eu te perdoo.
Ela semicerrou os olhos ao ver o sorriso de lado nos lábios dele.
— Acho que não é seguro ficarmos na rua com esse tempo. Talvez caia um raio ou algo assim. — Thomas observou o céu por um instante, franzindo a testa.
— Tem razão. Vem. — Ela segurou a mão dele, caminhando para a frente de casa e se apressando em abrir o portão.
— O que você tá fazendo?
— Eu percebi quando você estava dando uma olhada na cestinha de lixo da rua de trás que você cortou a mão com alguma coisa. — Ela apontou para a mão dele enfiada no bolso da bermuda. — Você é péssimo escondendo as coisas, sabia?
Tom sentiu as bochechas queimarem por ser descoberto. Tem razão, eu sou péssimo escondendo as coisas, pensou, revirando os olhos por um instante ao se dar conta daquilo.
— Só foi um corte de nada.
— Você pode achar isso, mas e se não for? E se você pegar uma infecção ou algo assim só por causa desse "corte de nada"? — Ela ficou séria. — Eu não me sentiria nem um pouco tranquila com isso, ainda mais por ser culpa minha no fim das contas. — Ela fez bico, destrancando o portão. — Eu não quero matar meu namorado de mentira. Talvez eu ainda precise de você.
— Falando assim até me senti como aquelas roupas velhas que a pessoa só guarda pra o caso de precisar em alguma situação de emergência... — Ele fez careta, acompanhando Ellen para dentro de casa.
— Desculpa, eu não... Argh, vem.
Ellen revirou os olhos, o calor subindo por todo o corpo por sua fala soar tão ruim, como se estivesse o ajudando com o intuito de o explorar depois e não porque alguma coisa dentro de si queria ficar mais tempo ali na companhia dele. Era esquisito pensar naquilo enquanto Thomas estava bem ali na sua frente, com uma expressão simpática no rosto, prestando atenção em cada detalhe dela cuidando daquele corte bobo.
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Deve ser amor |✔
Romance| COMÉDIA ROMÂNTICA | +14 | 💟 Série Clichês do Amor - Livro 01 Sinopse provisória Ellen Santos decidiu dar um novo rumo para a sua vida depois de um fim de namoro complicado. Ou tentou, já que trabalhar na recepção de um museu não era bem o que i...