O MALTHOUSE—A CONVERSA—NOTÍCIAS
O Warren's Malthouse era fechado por um muro antigo coberto por hera e, embora muito do interior não fosse visível naquele horário, as características e os propósitos do prédio eram claramente mostrados pelos contornos no céu. Das paredes subiam ao centro de um telhado de palha, de onde surgia uma pequena lanterna de madeira, com aberturas nos quatro lados, e por elas uma névoa era vagamente percebida escapando no ar noturno. Não havia janelas frontais, mas um buraco quadrado era fechado por um único vidro por onde raios vermelhos e confortantes estendiam-se agora pelo muro com heras da frente. Ouviam-se vozes no interior.
A mão de Oak deslizou pela superfície da porta com os dedos estendidos como fez o falso profeta bíblico Elimas, o Mágico, até que encontrou uma tira de couro e a puxou. Isso levantou uma trava de madeira e a porta se abriu.
O ambiente interno era iluminado apenas por um brilho avermelhado da boca do forno, que reluzia sobre o chão com os raios horizontais do sol poente, e lançava para cima as sombras de todas as irregularidades faciais daqueles ali reunidos. O chão de ardósia era usado como um caminho da porta até o forno com ondulações por toda parte. Um banco curvo improvisado de carvalho estendia-se num dos lados, e num canto remoto ficava uma cama pequena e sua armação, cujo frequente ocupante e dono era o preparador do malte.
Este homem de idade agora estava sentado de frente para o fogo. Seus cabelos eram brancos como a neve, a barba crescia por seu rosto enrugado como musgo e líquen sobre uma macieira sem folhas. Usava calças até a altura dos joelhos e botas até os tornozelos. Tinha os olhos fixos no fogo.
O nariz de Gabriel fora agraciado por uma atmosfera carregada pelo doce aroma de malte novo. A conversa, a qual parecia ser a respeito da origem do fogo, parou abruptamente quando ele entrou. Cada um criticou-o com o olhar num grau expresso pelo franzir de suas testas e o observou com olhos serrados como se ele fosse uma luz muito forte para a visão deles. Muitos exclamaram meditativamente, depois que a operação estava terminada:
"Ah, acho que é o novo pastor."
"Achamos que ouvimos uma mão procurando a maçaneta, mas não tínhamos certeza se não era uma folha seca levada pelo vento", disse o outro. "Entre, pastor, claro que é bem-vindo, mesmo sem saber o seu nome."
"Gabriel Oak, este é o meu nome, vizinhos."
O velho cervejeiro, sentado ao centro, virou-se como um gancho enferrujado.
"Impossível que seja o neto de Gabriel Oak de Norcombe, impossível!", exclamou ele, como uma fórmula expressiva de surpresa, a qual ninguém devia compreender literalmente em nenhum momento.
"Meu pai e meu avô também se chamavam Gabriel", disse placidamente o pastor.
"Bem que eu achei que conhecia a cara do homem que vi no meio da palha! E para onde vai agora, pastor?"
"Estou pensando em pedir para ficar aqui", respondeu Oak.
"Conheci seu avô há muito tempo!", continuou o cervejeiro, as palavras jorravam como se por vontade própria, como se o ímpeto previamente transmitido fosse o bastante.
"Ah, não me diga!"
"Conheci sua avó também."
"Ela também?"
"Do mesmo jeito que conheci seu pai quando era criança. Ora, meu Jacob aqui e seu pai eram feito irmãos, não era mesmo, Jacob?"
"Sim, era", afirmou seu filho, um homem de cerca de sessenta e cinco anos, meio careca e com um dente no centro da parte de cima da boca, que o deixava em destaque, como um marco numa ribanceira. "Mas era o Joe que ficava mais com ele. No entanto, meu filho William deve ter conhecido esse tal homem antes de nós, não é, Billy, antes de você sair de Norcombe?"