Prólogo

1K 81 11
                                    

“ Mas você, amplificado no silêncio
Justificado na maneira como você me faz machucar
Ampliada na ciência
Anatomicamente provou que você não precisa de mim...”

The Silencie – Manchester Orchestra


LANA





O sol queima minha pele mas continuo andando, fazendo meu caminho, para sei lá onde. Finalmente estou livre, Santiago me libertou da prisão que eu estava.
Se estou agradecida? Claro que sim.
O problema é que agora não sei para onde ir, não tenho casa, dinheiro e ninguém. Fui expulsa do rancho com uma mão na frente e outra atrás.
Ele deixou que eu levasse rodas as roupas que havia me dado, mas preferi pegar somente alguns jeans e blusas simples. Não preciso de roupas elegantes, não mais. As joias deixei todas, e me arrependo. Devia ao menos ter pego uns dois colares, assim poderia vendê-los.
Paro minha caminhada para respirar fundo, me sinto mal com o calor. Sou uma idiota mesmo, estava tão apressada para partir que nem água peguei. Fui impulsiva, agora estou pagando o preço.
Sento na grama verde da estrada. Meus olhos queimam com as lágrimas não derramadas. Estou livre, finalmente livre.
O que farei agora? Para onde seguir?
Vejo um carro se aproximar, reconheço a picape preta.
Jaxson para perto de mim, abre o vidro e fica me encarando.

— O que está fazendo aí? — pergunta.
— Não me sinto bem por causa do calor.
— O sol está bem quente.
— Já estarei melhor aí continuarei caminhando.
— Para onde você vai?
— Não sei.
— Valeu a pena?
— O que?
— Deixar o Santiago.
— Sim. Estou livre.
— Mas não tem para onde ir. Não tem dinheiro, você não tem nada.

Quero chorar com sua grosseria.
Ele está certo, não tenho nada, mas darei um jeito.
Não culpo Zoe por ter contado a verdade, ela fez errado mas agora já passou. Não adiantaria nada me lamentar.

— Conseguirei um emprego. — falo. — Eu me viro.
— Para onde pretende ir?
— Não sei.
— Vem, entra no carro. Vou te levar para a cidade.
— Porque quer me ajudar? — pergunto.

Quando Santiago quis saber toda a verdade por nós, Jaxson confirmou que fizemos sexo mas que foi eu quem o seduziu, e ele havia sido fraco. Jamais pensei que Jaxson teria essa atitude.

— O sol está quente e você passando mal, só irei tira-la da estrada.
— Okay. — levanto do chão.

Deixo meu orgulho de lado e aceito a carona, jogo minha bolsa no banco de trás. Ele da partida, o carro ganha movimento. Fico encarando a estrada, não consigo olhá-lo.

— Porque disse que a culpa foi minha por termos dormido junto? — acabo perguntando.
— E não foi?
— Claro que não.
— Sempre vi como me olhava, seu desejo por mim era evidente. Não sei como Santiago nunca percebeu.
— Mas você quis ficar comigo.
— Me deixei levar.
— Não jogue a culpa toda para mim, você é tão culpado quanto eu.
— Lana, não adianta mais discutirmos sobre quem foi o culpado. No fim, você conseguiu o que sempre quis, ir embora. E, se quer achar alguém para culpar, lembre-se de que foi a Zoe quem contou tudo.
— Eu sei que foi ela.
— Mas não parece magoada com a menina.
— E, não estou.
— Mas está comigo.
— Não tem importância.

Eu estava magoada com ele. Na minha cabeça fodida, Jaxson me protegeria. Não me largaria a própria sorte.

Ele estaciona o carro, já estamos na cidade. Não quero descer, mas tenho ir.

— Obrigada pela carona. — agradeço.
— Espere. — diz. Jaxson abre a carteira, tira algumas notas de dinheiro. — Aqui, tem o suficiente para passar uma semana em um hotel e se alimentar.
— Obrigada. — pego o dinheiro, não adiantaria me fazer de forte e recusar. Se não pegasse, dormiria na rua. — Então é isso, tchau.

Minha mente grita com ele. Implora para que não me deixe partir.

— Tchau, Lana.

Pego a bolsa e saio. Mal fecho a porta quando ele liga o carro e vai embora.
E, aqui estou eu. Na rua com uma bolsa pesada, na esperança de encontrar um hotel barato.
Meu cociente diz que fui uma idiota por ter abandonado Santiago, ele cuidou de mim por anos, me deu abrigo, roupa, comida, tudo. Eu só tinha que recompensa-lo, mas não fiz.
Fui cegada por uma paixão que nunca seria retribuída, Jaxson apareceu somente para virar minha vida de cabeça para baixo.
Queria poder sentir raiva dele, odiá-lo, só que é totalmente ao contrário, eu o amo.
Ele é o homem que eu desejo mais que tudo.

MEU DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora