MEU DESEJO

UM

“ Estou apavorada, mas eu não vou desistir
Eu sei que tenho que passar por este teste
Então, basta puxar o gatilho... ”
Russian Roulette — Rihanna

LANA

DOIS DIAS DEPOIS

Acordo com minha cabeça doendo, não tenho remédio e nem como comprar. Levanto rápido e corro para o banheiro, vômito.
Sempre que tenho crises de enxaqueca passo mal, odeio me sentir assim. Meu estômago está revirado, talvez tenha sido o que eu comi ontem que não me fez bem.
Lavo o rosto, escovo os dentes. Me olho no espelho, estou com olheiras devido às noites sem dormir direito.
Ouço muita movimentação durante a noite, então mal consigo dormir. Qualquer barulho me assusta, fico com medo.
Fora que o dono do hotel me deixa com receio, não gosto do jeito que ele me encara, sinto nojo. Ele é asqueroso. O ridículo, encarava meu corpo e se toca por cima da roupa. Quero vomitar quando vejo-o fazendo isso.
Preciso arrumar um emprego, urgente.
O problema é que não tenho experiência alguma, ninguém vai querer contratar uma pessoa que nunca trabalhou antes. Mas eu preciso tentar.
A única droga que faço, é chorar.
Odeio me sentir tão vulnerável.
Eu não tenho ninguém, estou sozinha.
Eu dei um tiro no meu próprio pé ao me envolver com Jaxson, e pior, ao contar tudo a Zoe. Ela me entregou. Santiago não teve misericórdia, foi logo me jogando na rua.
Na hora eu pensei, estou finalmente livre.
Mas agora, estou perdida.
De jeito nenhum posso voltar e pedir por ajuda, não adiantaria.
No fundo, acho que ainda tenho esperanças que Jaxson virá me buscar.

Idiota!

Ele não me quer. Eu fui apenas sua foda rápida, para desestressar.
Eu me apaixonei.
Coração estúpido.
Me odeio ainda mais por pensar nele toda hora, nos beijos, no corpo dele contra o meu.
Aquela sensação de estar segura nos braços dele.
Eu desejo tanto que ele venha me tirar daqui, mas sei que não vai passar de uma ilusão.
Estou sozinha, e continuarei assim.

Nem sei que horas são, estou o dia inteiro na rua procurando trabalho. Mas não consegui nada.
Tenho que encontrar algo.
Amanhã tentarei novamente.
Talvez eu tenha que ir embora de Dallas, só que para que eu consiga ir, preciso de dinheiro.
Perdida em pensamentos, esbarro em algumas pessoas sem querer. Evito os olhares masculinos, eles me encaram ou ficam olhando os meus seios, isso incomoda.

— Cuidado! — escuto alguém gritando.

Na hora que me viro, vejo um carro freando bruscamente em cima de mim.
O carro bate no meu quadril e acabo caindo de bunda no chão. O impacto não foi tão forte, somente meu traseiro está dolorido.

— Hei você está bem? — congelo.

É ele.

— Lana, não sabe olhar por onde anda? — ele rosna.
— Me desculpa, estava distraída. — levanto com um pouco de dor.
— Se machucou?
— Não.
— Tem certeza?
— Jaxson, estou bem.

Quero chorar de frustração.
Eu não estou bem.
Estou péssima.

— É melhor eu ir, tchau. — começo a me afastar dele.
— Quer uma carona? Posso te levar até onde está ficando.
— Não precisa.
— Tem certeza?

Leve-me com você!

— Tenho sim.
— Lana, você precisa de dinheiro?
— Não.
— Conseguiu trabalho?
— Na verdade, sim.
— Sério? Isso é bom.
— É sim.
— Onde é?
— Preciso ir agora, foi bom ver você.

Tento fugir das suas perguntas.
Ele segura meu braço me impedindo de ir.

— Não conseguiu nada, não é?
— Eu vou me virar.
— Posso ajudar você.
— Como?
— Te dando mais algum dinheiro.
— Não precisa...
— Aceite, pelo tempo que a gente se encontrava.
— Está querendo me pagar porque eu transei com você? Agora eu sou o quê, uma prostituta?
— Vamos ser sinceros, que era quase isso.
— Como é?
— Você transava com o Santiago, em troca tinha tudo.
— Eu não era uma prostituta.
— Lana, a verdade é que você não sabe quem você realmente é.

Queria bater nele.
Nunca senti tanta raiva de alguém, como estava sentindo dele.

— Jaxson, eu não sou uma prostituta e nunca fui. E eu não vou ficar aqui escutando suas ofensas.
— Passe a noite comigo, eu te pago quinhentos dólares.
— Quê?
— Você entendeu.

Quis chorar.
Estava sendo humilhada.
Me deixou mal, saber que eu era uma prostituta para ele.
Eu o queria, muito. Mas não assim.

— Tchau, Jaxson.
— Aceita, Lana. Você precisa do dinheiro e eu quero uma última trepada.
— Sabe, eu não parava de pensar que eu veria você, e me deixava feliz lembrar de você. Mas agora, queria que continuasse na minha imaginação.
— Menina...
— Eu não vou foder você!
— É sua última palavra?
— Sim.
— Boa sorte com tudo, Lana.
— Tchau, Jaxson.

Parti assim que me despedi.
Não daria o gostinho de me ver chorando.
Uma coisa eu tinha certeza, Jaxson era um fodido e não merecia minhas lágrimas.