DEZOITO

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“Eu abaixei minha guarda
E então você puxou o tapete
Eu estava meio que me acostumando
A ser alguém que você amava...”
Someone You Loved — Lewis Capaldi

JAXSON

— Então, teve alguma notícia dela? — pergunto novamente a doutora Suelen.
— Não, nada ainda.
— Preciso encontrá-la.
— E iremos, tenho fé.
— É difícil... não pensar no pior.
— Tem que tentar.
— Lana, não pode simplesmente ter desaparecido.
— Jaxson, iremos encontrá-la. Tem minha ajuda, logo mais ela estará de volta.
— Tudo bem. Se souber de algo me ligue imediatamente.
— Pode deixar, passar bem.

Jogo o celular em cima da mesa.
Sinto-me perdido e frustrado.
Não sei onde Lana está, e em que situação.
Ela me deixou.
Me deixou sem ao menos uma mensagem.

— Ainda procurando pela garota? — Susan resmunga entrando no meu escritório.
— O que faz aqui? Quem te deixou entrar?

Ninguém entra na minha maldita sala aqui na delegacia sem ser anunciado antes.

— Não preciso de autorização, sou sua mulher!
— Ex. Apenas minha ex.
— Sério? Vai me tratar mal só porque a garota fugiu de você.
— O que quer aqui?
— Vim vê-lo.
— Porque?
— Não posso mais visitar você?
— Olha, não estou no meu melhor dia. Então, faça o favor e vá embora.
— Jaxson, não trate-me desse jeito. Estamos a tanto tempo...
— Não imagina como me arrependo.
— O quê?
— Deveria ter posto um ponto final nessa maluquice de ficar com você, muito antes.
— Todo esse drama por causa de uma garota? Daqui a pouco ela aparece, quando estiver precisando de dinheiro.

Por um momento cheguei a pensar nessa hipótese, mas desisti. Lana pode estar sofrendo, mas não vira até mim pedindo ajuda.

— Vá embora!
— Você prometeu procurar meu irmão, já tem tanto tempo que ele desapareceu e até agora nada.
— Pode parar com essa porra de fingimento.
— Estou preocupada.
— Verdade? Até quando achou que eu ia cair nessa sua história esfarrapada?
— Como assim?
— O drogado do seu irmão não desapareceu, nunca sumiu. Você o escondeu na casa que alugou.
— Não sei do que está falando.
— Vai mesmo continuar negando? Já descobri tudo.
— Certo, não vou negar. Ele precisava sumir por um tempo, e eu, queria sua atenção.
— Aí se fez de pobrezinha, triste pelo irmão desaparecido.
— E, você caiu direitinho.
— Igual um otário.
— Não se cobre tanto, sou boa em conseguir o que quero.
— Uma fodida manipuladora!
— Não exagere.
— Não imagina o quanto estou com vontade de apertar o seu pescoço até que todo o ar sair do seu corpo.
— Me ameaçando?
— Suma da minha vida! — aviso. — Desapareça, não quero mais vê-la.
— Não seja dramático...
— Faça o que digo para o seu próprio bem.
— Se não o quê?
— Talvez você possa sofrer um acidente de carro, ou outra coisa pior.

Ela engole em seco.
Está com medo.

— Irei deixá-lo.
— Suma da minha frente!
— Sabe, deveria procurar o nome da menina nos obituários, talvez você tenha sorte e a encontre.

Ela vai embora, deixando-me com um sentimento estranho.
Lana não pode estar morta.
Desde o dia que sumiu, tenho procurado por ela mas em nenhum momento procurei registro de óbito.
Meu peito dói com a pressão grande.
Ela não pode ter me deixado para sempre.
Sei que está em algum lugar, e eu vou encontrá-la. Nem que demore, mas eu não desistirei de procurar.

MEU DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora