CINCO

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" Não, você não significa nada pra mim (ei, oh, oh, ei)
Mas você tem o que é necessário pra me libertar (ei, oh, oh, ei)
Oh, você poderia significar tudo pra mim..."
Say It Right - Nelly Furtado


LANA


Me recomponho imediatamente, entrego o cardápio a ele.
Jaxson parece incomodado com minha presença.

- Traga duas taças de Cabernet. - a megera diz. - Quando voltar, estaremos prontos para pedir.
- Okay. - saio quase correndo.

Minha vontade é de me esconder.
Posso fingir que ele não me afeta, mas não consigo esquecê-lo. Todas as noites ele invade meus sonhos.
Volto para a mesa com o vinho. Sirvo-os.
Jaxson está sozinho.

- O que faz aqui, Lana? - ele questiona.
- Meio óbvio, trabalhando. - respondo com petulância.
- Digo em Houston.
- Acredito que não seja da sua conta.
- Como veio parar aqui?
- Como eu disse, não é da sua conta.
- Lana, não seja teimosa...
- Quando estiverem prontos para pedir eu voltarei, com licença.

Retiro-me.
Preciso manter distância dele.
Não vai me fazer bem, conversar com ele. Assim que a víbora volta, vou até eles mais uma vez. Anoto os pedidos.
Volto depois com os pratos, sirvo-os.
Sinto que estou sendo observada por Jaxson em cada movimento que faço.
De longe fico observando, ela tocando-o. Acariciando seu braço.
Me dou conta que nunca terei nada daquilo com ele, mesmo que seja meu maior desejo.

Me dou conta que nunca terei nada daquilo com ele, mesmo que seja meu maior desejo

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Às horas passam, e eu estou pronta para ir embora.
Não é sempre, mas algumas vezes pego carona com David. Hoje não vou conseguir, ele vai ter que ficar pois terá uma reunião com o pessoal da cozinha.

- Até amanhã, Lana.
- Até, Adele.

Quando estávamos trocando de roupa para irmos embora, ela me contou o que estava deixando-a distraída. Seu pai não anda bem de saúde, com isso não consegue ir trabalhar. O pai da sua filhinha simplesmente sumiu. Está tudo nas suas costas, toda a responsabilidade de cuidar da casa, da filha e pagar as contas. Ao sair do estacionamento do restaurante, levo um susto.

- O que quer? - disparo.
- Conversar. - Jaxson responde.
- Sobre o quê?
- Coisas simples.
- Tipo?
- Onde você está vivendo, e com quem?
- E, você se importa?
- Só quero saber se está em segurança.
- Jaxson, vou ficar bem. Sempre fico.
- Precisa de...
- Não! - corto-o antes que ele possa terminar de me oferecer dinheiro.
- Tem certeza?
- Eu trabalho agora, tenho meu próprio dinheiro. Não é muito, mas é meu.
- Quer carona?
- Passo. Prefiro ir andando.
- Então não vive longe.

Na verdade, a casa de dona Marieta era cinco quadras. Uma boa caminhada.

- Boa noite, Jaxson.
- Lana, não seja infantil.
- Agora eu sou infantil? A última vez que nos falamos você me chamou de prostituta.
- Eu errei.
- Sim, você errou feio.
- Podemos ser amigos.

Rio sem humor.
Minha mente está prestes a explodir.

- Não podemos ser amigos.
- E, porquê não?
- Eu não quero. - nego.
- O que você quer?
- Meu desejo você não pode realizar.
- Quer que sejamos amantes como antes?
- Não.
- Agora você me deixou confuso.
- Jaxson, eu quero mais. Quero tudo.
- Não posso te dar isso.
- Eu sei, e é por esse motivo que não podemos ser amigos. Não vou suportar ver você com outra, igual hoje.
- A mulher que você viu é a Susan, minha ex mulher.
- Não parecia ser ex.
- Nosso relacionamento é complicado.
- A vida é complicada.
- Me deixe te levar até onde está morando.
- Obrigada, mas eu vou andando.
- Você emagreceu.
- Obrigada.
- Não foi um elogio, está perdendo suas curvas.
- Melhor assim.
- Porque?
- Desse jeito, saio dos olhares alheios.
- Alguém te deixou mal?
- Quem nunca deixou.
- Lana, se eu puder ajudar me diga.
- Vou ficar bem.

Era o que eu dizia há mim mesma todos os dias.
Vou ficar bem. Repito constantemente, como um mantra.

MEU DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora