DOIS

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“ Eu tenho uma pele grossa e um coração elástico
Mas sua lâmina pode ser muito afiada
Eu sou como um elástico, até que você puxe com muita força...”
Elastic Heart — Sia

LANA

Chego ao hotel queimando de raiva e frustração.
Ainda é difícil saber que eu não passo de uma boceta para Jaxson. Assim como não passei de uma para o Santiago.
Talvez eu seja uma prostituta mesmo.
Não tenho vida própria, sempre vivi as dos outros. Me submeti.

Depois que meus pais morreram eu não queria ficar sozinha, tinha medo. Então, aceitei a proposta de Santiago.
Ele cuidou de mim, eu só precisava foder com ele. Só que com o tempo, me sentia sufocada, presa, tentei fugir algumas vezes e ele sempre me encontrava. Depois de um tempo, apenas desisti e aceitei.

Agradeço por o nojento não está na recepção, entro no elevador e vou para o meu andar. Assim que chego, noto que a porta do meu quarto está aberta.
Entro devagar, vejo minha bolsa revirada.
Minhas roupas espalhadas pelos cantos, às calcinhas molhadas sobre a cama.
A porta do banheiro é aberta, revelando o intruso.
Fico congelada.
É o dono do hotel.

— O que faz aqui? — pergunto com medo.
— Não era para estar aqui. — ele resmunga.
— Você não deveria estar no meu quarto.

Ele gargalha.
Um arrepio ruim percorre meu corpo.
Me afasto um pouco dele.

— Eu entro no seu quarto sempre que você sai.
— O quê?
— Isso mesmo.
— Você é nojento.
— E você muito gostosa.

Antes que eu possa correr, ele agarra meu braço.
Sou jogada na cama com força, ele vem para cima de mim. Recebo uma sequência de tapas no rosto, tento gritar e coloca a mão na minha boca.
Paraliso de medo.

— Se você gritar eu te mato.

Suas mãos percorrem minhas pernas, toca minha vagina. Ele esfrega meu rosto no gozo que estão nas minhas calcinhas.

— Por favor, não faça isso. — murmuro.
— É só um pouquinho.
— Não.
— Pare de reclamar!
— Não quero.

Mordo sua mão com força.
Chuto seu pau, levanto rápido pego minha bolsa onde estão meus documentos, saio correndo porta a fora.

— Vadia! — ouço ele gritando.

Só consigo respirar aliviada quando estou na rua.
Não tenho nada comigo, nem roupas, dinheiro.
Não consegui pegar nada.
Só pensei em sair correndo.
Agora eu não tenho absolutamente nada.

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Estou andando no meio da estrada.
Sou um misto de sentimentos.
Não sei o que fazer, para onde ir. Só sei que não posso voltar para o hotel.

Os carros passam por mim, alguns buzinam.
Minha vontade é acabar logo com tudo, posso simplesmente me jogar na frente de algum carro e logo tudo pode acabar.
Posso colocar um fim nisso.

— Hei, querida está perdida? — a senhora da pick-up velha vermelha, pergunta.
— Não tenho para onde ir.
— Onde está suas coisas?
— Não tenho nada.
— Criança, o que aconteceu com você?
— O que não aconteceu.
— Estou indo para Houston, posso ajudar você.
— Porque?
— Sei que não me conhece, e não tem que confiar em mim. Porém, quero ajudá-la.
— Não tenho dinheiro.
— Não pedi.
— Eu...
— Moro sozinha, e tenho um quarto sobrando. Pode ficar comigo até que coloque sua vida em ordem.
— Pode levar muito tempo.
— Não tem problema.
— É muito gentil.
— Venha, entre no carro. Vamos sair logo dessa estrada.

Sinceramente, não sei se posso confiar nela mas não acho que de para piorar minha situação. Na verdade, eu literalmente não tinha mais nada a perder.

MEU DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora