Ouço primeiro as gotas de água que pingavam sem parar em algum lugar perto de mim. Depois, sinto a dor intensa na minha cabeça, que descia para o meu tronco e pernas.
Ainda de olhos fechados, tento organizar meus pensamentos. Vou relembrando aos poucos tudo o que aconteceu nos instantes anteriores à minha queda. Eu subi aquela porcaria de escada, vi uma pessoa quando cheguei no nível superior, então a escada se partiu e eu caí.
Depois que já me sinto orientada mentalmente, começo a tentar entender o lugar ao meu redor sem precisar abrir os olhos. Eu estava deitada sobre algo que não parecia um colchão, mas que também não era o chão. Além daquela pingueira que não parava, escuto o som de... fogo? Aquilo era madeira crepitando?
— Você já pode abrir os olhos — ele diz, em algum ponto perto dos meus pés.
Lentamente, abro minhas pálpebras. O ambiente estava com uma iluminação fraca que era fornecido realmente pela pequena fogueira que estava na parede oposta. Olho na direção que ele parecia estar, e o encontro sentado com os braços abraçando os joelhos dobrados.
— Richy? — tento me levantar, mas meus braços pareciam gelatina.
— Oi (seu nome) — ele abre um pequeno sorriso.
Richy estava muito mais pálido se comparado a última vez que o vi, pelas câmeras da Mina. E muito mais magro também.
— Como sabia que eu estava acordada?
— Eu percebi a mudança na sua respiração — então, seu sorriso muda para algo sombrio. — Aprendi muito mantendo a Hannah em cativeiro.
— Então você está vivo mesmo...
— Surpresa — o humor dele era ácido.
Tento me levantar novamente, não me sentindo confortável em estar tão abaixo dele. Seja qual foi o impacto da queda, me machucou legal. Fazer aquele mínimo esforço estava cobrando tudo de mim. Richy se arrasta até onde estou, então me ajuda a levantar o suficiente até estar sentada. Não havia travesseiro para apoiar minhas costas, então ele usa a minha mochila.
— Como você conseguiu sobreviver? — pergunto, enquanto ele me oferecia uma garrafa de água.
— Nos últimos segundos, eu decidi que não queria morrer daquele jeito. Então escapei por uma rota não muito conhecida que me levou para longe do desabamento.
— E o ferimento da bala? — olho para o braço dele, mas não vejo nada já que ele estava com um casaco bem pesado.
— Eu... encontrei alguém que me ajudou a cuidar do ferimento.
Depois que já estou satisfeita de tomar água, fecho a garrafa e a deixo do meu lado. Levanto um dos braços até conseguir tocar a área atrás da minha cabeça onde parecia ser o ponto que sofreu a pancada. Estava inchado e úmido de sangue.
— Você precisa cuidar disso aí — Richy fala de um modo como se só passando uma água eu estaria nova em folha.
— Se você está bem, por que ainda está aqui? Tão próximo de Duskwood?
— Eu ainda não posso ir embora.
— Por quê? — insisto.
Richy parece querer me dizer o motivo. Vejo sua boca abrir e fechar algumas vezes, até que ele desiste e saí de perto de mim. Observo enquanto ele anda de um lado para o outro, mexendo em coisas aleatórias apenas para ter algo com que se ocupar.
Faço um esforço para tirar a mochila das minhas costas e assim que consigo, pego meu telefone. Já era 20h da noite e eu ainda estava sem sinal. Era de se esperar que naqueles túneis não chegasse conexão de internet.
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Não Diga Adeus - Duskwood
Fanfiction[Contém spoilers do 10º episódio] Hannah foi salva. Richy está... morto. E Jake, sumiu. Mas, antes, ele apaga todo o seu histórico de conversas desde o dia em que Thomas enviou a primeira mensagem. Ainda assim, (seu nome) tenta entrar em contato co...