Capítulo 12 - Hannah

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Quando Matt estaciona em frente ao bar naquela manhã, eu já estava pronta. Dessa vez, ele usava um carro comum, não uma viatura da polícia. Suas roupas também eram comuns.

— Carro novo? — questiono após cumprimentá-lo.

— Nem um pouco — ele gargalha. — É só o que eu uso quando não estou trabalhando.

Matt dá a partida no carro, seguindo pelo centro. Duskwood não era muito grande. Ainda não conheci toda a cidade, mas grande parte dela. Enquanto ele fala um pouco mais sobre o carro, algo que imaginei despertar a fala nele — assim como acontecia com a maioria dos homens —, penso em Jake. Ele parecia estranho quando me respondeu nessa manhã. Expliquei para ele aonde ia e pedi que acompanhasse tudo pelo meu telefone principal. Eu ia falar com a Hannah! Havia tantas perguntas a fazer...

— Estou te entediando? — Matt pergunta, quando passamos da saída de Duskwood, e seguimos a estrada cercada de muitas árvores.

— Não, só estou um pouco distraída pensando na Hannah. Ela me trouxe para tudo isso... passei um tempão tentando salvar uma mulher que nem conheço.

— Que você acha que não conhece...

— Eu tenho certeza de que não conheço a Hannah! — Agora estou brava. Já estava de saco cheio de me dizerem quem eu conheço ou deixo de conhecer.

— Calma. Só acho que seja melhor você manter sua mente aberta. Afinal, agora você sabe que Jennifer a conhecia.

— Isso é um grande engano, isso sim — bufo.

— E como você vai provar que estamos errados? — ele arqueia uma sobrancelha.

— Falando com a mãe dela, obvio.

O policial volta sua atenção total para a estrada. Bem, que bom! Tudo começou por causa de um incidente numa estrada. Levo um livro para me distrair durante o trajeto. Eu gostaria de conversar com Matt, mas de qualquer coisa que não fosse toda aquela história.

— Então você lê? — vejo ele tentando expiar a capa. Viro ela para que fica claro para ele do que se tratava a história. — Hum... está se especializando em investigação?

— Isso é só ficção. Mas é bom saber como um investigador pensa.

— Você e seus amigos foram bastante longe para amadores.

— Vou aceitar como um elogio — respondo, enquanto tento passar da primeira linha do texto.

— E é. Duvido que outras pessoas teriam feito tanto. Melhor, duvido que seu grupo teria feito o mesmo sem você.

— Como pode ter tanta certeza? Hannah significava algo para eles, diferente de mim — E lá vamos nós falar disso novamente...

— Mas o hacker não confiou em nenhum deles para fazer o trabalho que você fez.

— Você teria confiado em algum deles? — tento desviar o foco de Jake.

— Mais do que teria confiado em você.

— Sério mesmo? — apesar de perguntar, eu pensava como ele. Dentre os amigos da garota desaparecida e um estranho, eu confiaria nos amigos. — Mas agora, você confia no meu testemunho? — pergunto, assim que ele responde a pergunta anterior com um simples "sim".

Matt passa um tempo em silêncio, acredito que refletindo sobre minha pergunta. As estradas cercadas de árvores dão lugar a lojinhas de beira de estrada e uma ou outra casa. De relance, vejo uma placa parecida com a de Duskwood, com um grande "BEM-VINDOS A COLVILLE".

O policial segue um caminho que nos leva para mais estradas de árvores, porém logo paramos diante de um grande portão de ferro, com um murinho de pedras muito bonito. Antes mesmo de ver a placa, já sabia que estávamos na clínica onde Hannah estava internada.

Não Diga Adeus - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora