Capítulo 5 - Amigos

11.4K 1.1K 2.8K
                                    

Pelo jeito, os detentos não podiam se recusar a comer.

Passei o restante do dia sentindo enjoos. Quando um policial que não era Matt veio me escoltar para o almoço, tentei recusar. Tudo o que eu não queria era mais comida no meu estômago. Mas o policial foi irredutível e eu fui obrigada a voltar para o refeitório.

Phil não estava lá. O procurei pela multidão assim que cheguei, e continuei procurando durante a próxima hora.

Naquela tarde, fiquei no pátio do presídio tomando um pouco de sol. Cada preso tinha o direito a ficar 2 horas ao ar livre. Durante esse tempo, repasso as perguntas feitas no interrogatório. Agora Alan sabia que eu estava mentindo. Ele sabia que caminho seguir para me incriminar.

Minha pressa em sair da prisão poderá ter me condenado naquela tarde. Troquei seis meses por muitos anos, talvez uma vida toda. O destino da minha vida estava nas mãos de Alan e Jake.

Quando fui levada de volta ao quarto, espero cinco minutos antes de abrir a escotilha para chamar por Phil. Para minha surpresa, a escotilha dele já estava aberta, e o rapaz tatuado já sorria para mim.

— Está tudo bem? — ele pergunta, ao provavelmente reparar na palidez que eu devia estar aparentando. Apesar do enjoo ter melhorado depois do meu banho de sol, ainda me sentia mal.

— Não estou me sentindo muito bem — respondo com sinceridade.

— Quer conversar sobre isso? — o tom dele é doce.

— Não, agora não. Alan... vai usar qualquer coisa que eu disser contra mim. E eu sei que ele está nos vendo e nos escutando agora. Ou pelo menos irá. — Tudo o que eu queria era desabafar com alguém. Essa pessoa poderia ser Phil. Eu confiava nele. Mas não poderia abrir meu coração estando naquele lugar. Ou jamais sairia dali.

— Quer saber o que eu fiz essa tarde? — ele me faz voltar a atenção para o presente.

— Na verdade, quero sim. Esperei por você no almoço.

— Eu estava com a Jessy. Ela geralmente vem no horário do almoço, então podemos almoçar juntos no pátio de visitas.

— Isso é bom. Ela está bem? — Eu estava tão inerte. Cansada. Um dia de perguntas drenou minhas forças. Falo qualquer coisa para manter o diálogo com Phil.

— Acho que sim. Mas essa não é a questão. Eu contei para ela que você está aqui.

— Hum.

— Vamos lá, (seu nome). Anime-se! Jessy ficou radiante de alegria. Claro, depois que precisei repetir cinco vezes a mesma coisa. Ela mal pôde acreditar em mim.

— Eu mal posso acreditar que estou aqui também — falo, baixinho. Mas sei que Phil me escuta. Ele me olha com pena e carinho.

— Ela está ansiosa para ver você, se isso te alegra um pouco. Ela prometeu vir na sexta, com os outros.

— Vai ser bom conhecê-los pessoalmente. Vai ser estranho, mas muito bom.

— E vocês todos poderão entender o que aconteceu.

— Eu espero que sim, Phil.

Continuamos conversando sobre outros assuntos depois. Talvez tenha passado uma hora. Até que um policial apareceu e disse que deveríamos parar. Parece que Alan se esgotou de esperar que eu dissesse qualquer coisa útil para suas investigações.

...

Dois dias já se passaram.

Eu nunca fui uma pessoa muito disciplinada. Era muito mais fácil sair da rotina do que entrar em uma. Por isso, me surpreendi quando já estava entrando no ritmo da detenção.

Não Diga Adeus - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora