Capítulo 29 - Com ela

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— Jake, a (seu nome) sumiu — Lilly fala pelo telefone, com a voz carregada de desespero.

— Como assim? — questiono, não me permitindo entrar em pânico. Ainda.

Hoje foi o julgamento da Hannah. Não acompanhei a audiência, mas Lilly me informou logo após o término sobre o resultado. 37 anos... minha irmã estaria condenada pelos próximos 37 anos. Aquilo ainda me causa um choque e estranheza, apesar de lutar para me manter racional. Aquilo era previsível, e Hannah não estava mais tentando fugir da lei e da justiça.

Demorou horas para que notassem a ausência de (seu nome). E justo porque Phil, com quem ela estava convivendo nos últimos tempos, questionou à Jessica onde (seu nome) estaria até tão tarde.

Tento verificar a localização do telefone dela, mas o aparelho está offline. Poderia ter descarregado, ou ela poderia estar sem sinal. Havia essas opções antes de eu considerar aquela que eu mais temia: que o FBI a pegou. Apesar de minhas pesquisas, não encontrei nada demais no histórico do tal Matt. Ele era policial fazia alguns anos e filho de um chefe de polícia de uma grande metrópole. Nada parecia suspeito no homem, além de seu inusitado interesse nela.

Eu poderia dizer que talvez ele tenha se encantado com ela, da mesma forma que aconteceu comigo. Ela era apaixonante. Em suas falas e gestos, a forma como sua mente funcionava... tão diferente das outras pessoas que já conheci. Não precisei ver o seu rosto ou ouvir a sua voz. Me apaixonei por (seu nome) através de mensagens. Só isso bastou para me ver à mercê daquela mulher. Quem dirá outros homens? Principalmente aqueles que a têm por perto todos os dias. Dan, Phil, Matt... estes dois últimos em especial. Não era certo monitorá-la daquela forma, eu sei. Mas quanto mais eu ouvia, mas preso ficava. O que eu senti naquela primeira conversa dela com Phil, quando o barman a convidou para o Aurora... aquilo não foi nada se comparado ao que venho sentido nos últimos tempos.

Ciúmes, inveja, às vezes raiva... eles a tinha tão perto. Matt andando para cima e para baixo com ela, depois o retorno de Phil após os longos meses na prisão. Quando retornei à Duskwood naquela segunda vez, definitivamente não foi com o plano de terminar com ela. Mas por causa dessa minha nova obsessão em escutar tudo o que ela falava com o policial, quando percebi, estava escrevendo aquele bilhete às pressas e a deixando. Não por causa daquele momento em que os dois ficaram em silêncio e eu podia apostar que havia acontecido um beijo. Não... cheguei à conclusão muito mais tarde que o real motivo de a deixar foi porque eu não poderia fazê-la rir e se divertir daquela forma e por muito mais tempo.

Se (seu nome) fugisse comigo, no início ela poderia sentir alegria e excitação por estar comigo, fugindo comigo... mas a realidade bateria à nossa porta mais cedo do que ela esperava. Aqueles anos vivendo como fugitivo não foi fácil, não foi excitante, não foi bonito. E eu a estaria condenando à essa mesma realidade se continuasse alimentando essas ideias. Em mim e nela. (seu nome) tinha uma chance de ser feliz de verdade — com aqueles homens ou com qualquer outro digno dela. Então eu recuei. Porque a amo, eu a deixei.

...

Levou quase dois dias para que o contato enfim fosse feito. Naquela altura, eu já tinha absoluta certeza de com quem ela estava. Foi inevitável esse destino. A única forma de me proteger era levando-a comigo. Deixando sob meu controle a única pessoa que poderia me fazer renunciar aquela liberdade limitada. Eles a pegaram, então eu me entregaria. Jamais deixaria que ela mentisse mais e se sacrificasse mais por mim. Minha liberdade custaria a dela. Então, quando vejo a chamada vindo do número dela, sei exatamente o que significa. E estou pronto para entregar.

E é o que faço. Chego ao meu abrigo em Terrendale em exatas 3 horas, conforme o combinado. Não havia agentes nas ruas, mas seus evidentes carros estavam parados em frente ao prédio velho que foi minha residência nos últimos meses. Subo diretamente para o apartamento, bato três vezes na madeira velha e descascada e aguardo. Um agente abre a passagem, permite que eu entre, então a fecha e continua atrás de mim. Os outros 5 me rodeiam, enquanto um outro corre para o quarto e anuncia minha chegada. Em exatos 3 segundos, (seu nome) escancara a porta e se joga nos meus braços. Respiro fundo seu cheiro, envolto seu corpo nos meus braços, me agarro naquela onde se encontrava meu último abrigo.

Não Diga Adeus - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora