Capítulo 30 - Com ele

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Caminhamos de mãos dadas até o restaurante chinês. Há um silêncio diferente entre nós dois. Não sei o que Jake está pensando, mas eu ainda estou digerindo sua aparição.

Deixo que ele escolha meu prato, já que ele parecia ser um especialista em comida chinesa. Enquanto aguardamos já acomodados em uma mesa, faço a pergunta.

— Qual é a história com a comida chinesa?

— Ah... minha mãe gostava. Quer dizer, ela amava! Então comi muito durante minha infância.

— Que lindo. Qual era o prato favorito dela?

— O que eu escolhi para você — ele fala, parecendo um pouco sem graça.

— Acha que ela gostaria de mim?

— Tenho certeza de que sim — a mesa entre nós não era muito grande. Por isso, Jake aproveitava para acariciar minha bochecha.

— Essa nossa relação é muito confusa — suspiro, completamente rendida à sensação do toque dele na minha pele.

— Como posso deixá-la mais esclarecida?

— Já que sua resposta sempre foi sim, eu ainda sou sua namorada?

— Podemos considerar que sim. Mas eu ainda prefiro esposa.

— Esposa? — dou risada.

— É — ele diz, simplesmente.

— Olha, por mim tudo bem você não fazer um mega pedido, mas eu esperava no mínimo uma aliança — cutuco seu braço, que estava muito forte e definido. Todo o corpo de Jake parecia ter passado por uma transformação maravilhosa.

— Providenciarei uma assim que sairmos daqui.

— Tudo bem — sorrio muito abertamente.

— Mesmo? — ele não parece acreditar em mim.

— É — imito sua resposta anterior, me divertindo muito com a surpresa na sua expressão. — Depois vamos para a lua de mel? — continuo o provocando, me deliciando com o rubor que começava a surgir no seu rosto.

— Hum... onde você gostaria que fosse nossa lua de mel? — ele parece estar tentando tomar as rédeas daquela conversa.

— Na Grécia.

— Por que lá?

— Sei lá. Só parece um bom lugar para recém casados passarem a lua de mel.

Jake abre a boca para responder algo, mas a nossa comida chega. O prato favorito da mãe do Jake era composto por massa e muitos vegetais que davam vida e cor ao prato. Aquele momento parecia muito importante para ele. Era quase como se Jake quisesse uma aprovação. Com os hashis na mão, tento pegar um pouquinho de cada item e levo à boca assim que consigo. Fecho os olhos para me concentrar completamente naquela experiência e quando os abro, Jake está me olhando com os olhos brilhando em lágrimas.

— O que foi?

— Ela também fechava os olhos — então ele pisca, como se quisesse acordar daquela lembrança.

— A comida é deliciosa, Jake. Eu amei — ele não diz nada, mas sei que está contente.

Comemos e conversamos muito. Faço inúmeras perguntas a Jake, já que agora não havia o perigo de revelar nenhuma informação. Cada vez que ele me diz algo novo, mais fascinada fico por ele. Depois, Jake me conta com detalhes o que aconteceu quando os agentes o levaram. Nesses últimos anos, pensei muito pouco em Matt. Mas não por ser ele, eu apenas não pensei em homem nenhum. Prefiro imaginar que o que ele fez com Jake, condená-lo a mais 3 anos de detenção, foi somente por causa das fugas e caçadas vazias.

Não Diga Adeus - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora