Capítulo 1 - Bem vinda a Duskwood

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Há seis meses eu não estou bem.

Desde os últimos eventos em Duskwood, minha vida - antes normal - se tornou um poço de preocupações e decepções.

Aquela noite mudou tudo. Hannah foi resgatada. Richy... morreu. E Jake sumiu do mapa.

Por horas, fiquei acordada. Esperando qualquer atualização, ou a chance de dizer ao grupo tudo o que havia acontecido. Tudo o que Richy me dissera. Mas nenhuma mensagem veio. E nenhuma mensagem foi respondida.

Meus pensamentos vão até Jessy. Consigo imaginar com clareza sua surpresa e mágoa ao descobrir quem de fato era o homem sem rosto. O grupo deveria estar especulando, enquanto a consolavam. Deveriam estar se preparando para voltar imediatamente para Duskwood, para Hannah. E eu, fui esquecida.

Naquela noite, não dormi. E quando a luz do amanhecer começou a banhar as paredes do meu quarto em amarelo, o cansaço ganhou a batalha.

Foram necessárias 5 horas para que ele apagasse tudo do meu telefone.

Conversas, contatos, arquivos. Nada... meu telefone, antes cheio de mensagens e grupos, agora estava limpo.

E foi então que percebi que não havia decorado nenhum dos contatos de meus novos amigos. Não houve necessidade antes, até agora.

Pensei por horas o que teria motivado Jake a agir daquela forma. Ao menos, eu sabia que ele conseguira escapar da Mina Ironsplinter.

Passo o fim de semana inteiro analisando cada pasta do meu telefone em busca de qualquer arquivo perdido, algum print de imagens de minhas conversas com qualquer um deles. Nada. Jake havia feito um excelente trabalho. Era quase como se nada tivesse acontecido.

Recorro as redes sociais. Enviei milhares de mensagens para cada um deles e esperei. Três dias se passaram e apenas Cleo me respondeu.

Sempre achei ela prática. Sempre objetiva. Mas a única resposta de Cleo foi: "Estamos bem. Você fez um excelente trabalho".

Eu fiz um excelente trabalho? Trabalho? Dedicar meses da minha vida para encontrar a Hannah é resumido apenas como "excelente trabalho"?!

Não há maneira fácil de expressar o quanto aquelas palavras me magoaram. Mas aquela era a Cleo. Eu não poderia esquecer.

Então insisto com Jessy e Lilly. Depois com Dan! Todos eles estavam fazendo um excelente trabalho em me ignorar. Até que Lilly, apenas Lilly, me responde:

Lilly: (Seu nome). Estamos todos ainda nos recuperando de tudo o que aconteceu na última semana. Estou dividindo meu tempo entre cuidar da Hannah e minha vida, que afinal, ainda continua. Apesar de tudo o que aconteceu. Por favor, volte a viver a sua vida e esqueça que tudo isso aconteceu.

Lilly: Será difícil, eu sei. E talvez demore. Mas não pare sua vida por causa de nós. Ou por causa dele.

Lilly: Seja feliz.

...

E foi isso. Não importa que eu tenha enviado milhares de outras mensagens. Ou dezenas de perguntas. Lilly não voltou a me responder. Um mês depois, todos eles tinham me bloqueado de suas redes.

Até que ponto uma pessoa pode se rastejar e se humilhar tanto assim? Depois disso, passei a seguir o conselho de Lilly. Tentei voltar a viver a vida que vivia antes de Hannah e Duskwood surgirem no meu caminho. Afinal, aquelas não pareciam ser as mesmas pessoas que imploraram para que eu não atendesse as exigências de Michael. Ou melhor, de Richy. Do homem sem rosto.

E a vida continuou seguindo. Eu continuei trabalhando e estudando e cuidando de mim. Mas era inegável que eu não era mais a mesma pessoa.

— (seu nome)? — O som de meu nome me tira dos meus devaneios. Era frequente agora me encontrar perdida em pensamentos. As pessoas muitas vezes precisavam repetir a mesma pergunta para mim duas vezes para que eu absorvesse o que foi perguntado. É por isso que meu chefe não parece surpreso quando digo:

Não Diga Adeus - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora