Mesmo estando de volta em casa — melhor, na casa de Phil — preciso manter o máximo de repouso possível.
As dores musculares já passaram, o que me permitia poder perambular pela casa sem precisar de alguém constantemente me apoiando. No entanto, as dores de cabeça ainda são constantes. Estou com medo de me viciar nesses remédios que o médico me receitou para controlar a dor. Às vezes, sinto tontura que é acompanhada de náusea. Esses momentos são os piores.
Phil tem tentado me manter ocupada, pois a outra opção — a que por muitas vezes eu queria — seria me deixar ficar dentro do quarto o dia todo. Então, enquanto ele cuida do bar, eu fico em seu escritório cuidando de algumas papeladas. As pessoas estavam sendo muito solidárias com a situação dele. O bar estava tendo uma boa circulação, mas... ali ainda era um bar. Havia um limite para o quanto as pessoas poderia gastar com bebidas e, principalmente, o quanto poderiam beber.
— Phil, você nunca pensou em abrir a cozinha novamente? — pergunto, durante nosso almoço.
— Eu nem saberia por onde começar... — ele suspira, exausto.
— Se for uma opção viável para você, eu posso tentar montar um plano de ação para fazer a cozinha funcionar. Acredito de verdade que traria um bom retorno financeiro.
— Eu agradeço — Phil ilumina esse momento com um de seus sorrisos bonitinhos. Muito bem então. Agora eu teria um novo projeto para ocupar a minha mente.
Trabalho nessa missão por um bom tempo. Eu estava tão focada nisso que Phil se ofereceu para me pagar algo parecido com um salário. Depois de rir um pouco — sério, foi muito engraçado —, falo para ele que ter casa e comida já era o suficiente para mim. Ter aquele trabalho estava sendo uma terapia. Aos poucos, minha tristeza começava a dar lugar para a conformidade. Nem feliz, nem triste... apenas conformada. Lilly não me contou se Jake voltou a ligar para ela. Eu também preferi não perguntar. Ficar cutucando aquela ferida não iria me ajudar a cumprir a promessa que fiz a ele. Eu queria uma resposta, não queria? E Jake a deu. Um não. Ainda era uma resposta, mesmo que fosse uma que eu não quisesse ouvir.
...
— A Hannah voltou! — Lilly anuncia no momento que escancara a porta do escritório de Phil.
— Hoje? — pergunto, enquanto deixo minhas planilhas e contas de lado.
— Sim! Meu pai foi buscá-la na clínica. Ela está na casa deles agora.
— Isso é bom, Lilly. Fico contente que a Hannah esteja bem.
— Quero organizar um piquenique de boas-vindas a ela no lago Blackwater — Lilly parecia ter tido aquela ideia agora.
— Seria bom para ela? — indago.
— Sim, fazíamos muito isso antigamente. Tenho certeza de que ela vai gostar. Vou reunir todo o grupo.
Sinto um desconforto no peito quando Lilly diz isso. Todo o grupo... não seria verdade. Richy estava preso. A única pessoa que pôde visitá-lo até o momento foi o sr. Roger e o advogado. A sra. Roger precisava de companhia constante, pois isso Jessy ficava com ela para que o sr. Roger visitasse Richy.
Lilly organizou o piquenique para aquele sábado. Isso daria 4 dias para Hannah se habituar novamente a uma realidade relativamente normal. Ninguém sabia quando seria o julgamento dela, por isso cada dia era uma preciosidade.
Jessy e eu vamos juntas para o local do encontro. Ela me conta que ficava no sentido oposto àquele onde ficava seu lugar favorito. O clima em Duskwood estava esquentando. O que significava que a água do Blackwater estaria bem mais morninha e nadar era possível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Diga Adeus - Duskwood
Fanfiction[Contém spoilers do 10º episódio] Hannah foi salva. Richy está... morto. E Jake, sumiu. Mas, antes, ele apaga todo o seu histórico de conversas desde o dia em que Thomas enviou a primeira mensagem. Ainda assim, (seu nome) tenta entrar em contato co...