𝚌𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚏𝚒𝚏𝚝𝚢 𝚝𝚠𝚘

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Dois dias depois
Sequim, Washington

Sequim podia ser resumida em duas coisas: casas térreas com telhados de madeira, paredes em tons primários com jardins bem cuidados e quilômetros, quilômetros e mais quilômetros de mato. As vezes algumas plantações, noutras apenas grama e algumas árvores de porte grande. E ficar analisando esta paisagem por tanto tempo estava começando a deixar Isabella cada vez mais nervosa, a ansiedade crescendo desenfreadamente em seu interior. 

Era uma estratégia idiota, de verdade, o que eles estavam fazendo. Andar pelas ruas de Sequim dentro do carro e torcer para que Claire consiga reconhecer a casa que viu em sua visão, mas pelo menos eles tinham uma breve noção de qual área procurar, qual "bairro" pode se dizer e assim não tinham que vasculhar cada centímetro da cidade. Não que a Swan não estivesse disposta a fazê-lo, mas preferia ter o máximo de informações precisas o possível para poder chegar  rápido até Damon. Ainda não sabia porque ele estava numa casa selada por magia no meio de Sequim, mas tinha uma forte intuição de que não era nada bom. 

Um lado seu esperava encontrá-lo na sala de estar da casa, conversando pacificamente com alguma bruxa sobre um assunto pendente, uma dívida talvez? Ou quem sabe um velho conhecido que veio para a cidade fugindo de alguém e procurava ajuda, um abrigo seguro. Em sua mente estava estabelecido que era alguém do passado. 

 Afinal de contas, ele era um vampiro com quase 200 anos, é óbvio que teria seus segredos e pendências, conhecidos, aliados... e também inimigos. Não tinha por que se iludir. É impossível viver tanto tempo sem colecionar sua fração de desafetos e, pelo que escutara a respeito do Salvatore além do que ela mesma testemunhara, ele não era alguém fácil de se lidar. Engoliu em seco, não podia se dar ao luxo pensar no tamanho da lista de pessoas que Damon já havia irritado, tinha a certeza de que ela era extensa e Isabella conseguia sentir seu peito apertar ao imaginar cada uma delas indo atrás do vampiro, com seus motivos, seus planos de vingança. 

Só queria achar logo aquela maldita casa e encontrá-lo de uma vez por todas, sair daquele carro que começava a parecer pequeno demais para quatro pessoas, se livrar da sensação de aflição que aumentava a cada minuto, a angústia que, tal qual uma onda no mar, ia e voltava, brincando com seu psicológico com imagens de um Damon Salvatore com a cabeça caída ao lado do corpo e uma poça enorme de sangue, escorrendo pelo chão e manchando tudo. Sentiu sua respiração aumentar a velocidade e, não havia notado, mas o batuque que fazia na porta do carro também aumentara o ritmo, se fosse humana tinha certeza que seu coração estaria acelerado, mas como vampira não conseguia encontrar vestígio algum daquilo e, não sabia ao certo se isso era bom ou ruim. Apenas mais uma adição a sua lista de preocupações. 

A garganta secou quando ouviu Alice questionar Claire mais uma vez sobre a casa e, com a negativa, seus olhos imediatamente pousaram na bruxa. Mais especificamente nas batidas de seu coração, a cadência perfeita de um coração humano, bombeando sangue por todo o corpo, olhos olhos castanhos traçaram seu caminho até o pescoço, no local exato onde a jugular parecia chamá-la, com uma canção particular. Segurou a porta do carro com força, ouviu um estalo, mas não prestou muita atenção, precisava sair dali, precisava encontrar Damon, Damon e sua cabeça no lugar, Damon e nenhuma poça de sangue. Damon. Damon. Damon.

"É aqui!" o grito de Claire a tirou de seus pensamentos turbulentos, como um fio de luz em meio a escuridão. "Pode estacionar!" exclamou, novamente, não conseguindo conter seu alívio e estranha empolgação que pareceu dominá-la de repente. Tinha encontrado, graças a Deus, finalmente tinha encontrado. 

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