𝚌𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚏𝚘𝚛𝚝𝚢 𝚏𝚘𝚞𝚛

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Dia seguinte, 13h45
Forks, Washington 

A primeira coisa que Isabella fez assim que pisou dentro de casa foi correr até a cozinha, mais especificamente até o armário superior ao lado da geladeira, onde ela sabia que Charlie costumava manter algumas garrafas de bebida, não sabia o que iria encontrar, mas qualquer coisa parecia ser melhor do que o gosto que estava em sua boca naquele momento. É seguro dizer que vivemos o suficiente para fazer dezenas, centenas de escolhas ruins, cada uma em um momento específico e estratégico de nossas vidas. A maioria delas nos ensina alguma lição, mostra algo que estávamos cegos demais para enxergar, que nos negávamos a admitir. Eram aprendizados, querendo ou não, que todos corremos o risco de vivenciar.

E embora mal se lembrasse dos últimos quatro anos de sua vida, Isabella conseguia ter a mais pura certeza de que a pior escolha entre todas as que tomou foi a de decidir experimentar sangue animal. Sentiu o estômago embrulhar e, sem nenhuma hesitação, apanhou uma das garrafas dentre as seis ou sete que estavam ali. Ela não era muito grande, estava fechada, os selos da embalagem eram pretos, com desenhos clássicos e tudo numa caligrafia impecável, chique pode se dizer. No centro do rótulo lia-se o nome da marca e abaixo de qual bebida se tratava: conhaque. Não conseguia se lembrar de já ter tomado aquilo em algum dia de sua vida, mas também não se permitiu pensar muito enquanto abria e puxava um dos copos de vidro da bancada, despejando o líquido de cor caramelo. 

Sentiu o aroma de uva e ameixa, mas não se deixou perder no cheiro, levando o copo à boca em seguida, fechando os olhos quando sentiu a bebida descer pela garganta, forte, queimando-a um pouco no processo. Ainda com o nariz franzido, abriu os olhos ao ouvir uma risada vindo atrás de si e deu de cara com Caroline, perfeitamente confortável em uma calça jeans preta e os braços cruzados por cima da blusa de alça estampada com flores brancas e pretas que usava, junto da jaqueta de couro. 

"Essa é uma das garrafas mais antigas..." a Forbes disse e comprimiu os lábios, segurando o sorriso. "O gosto é péssimo, não é? Se eu fosse você, tomava mais alguns goles." aconselhou, entregando que sabia perfeitamente o porquê de sua melhor amiga ter decidido beber plenas uma hora, quase duas, da tarde. 

"Como você..." a Swan franziu o cenho, o copo ainda em mãos, com cerca de um dedo ou dois de bebida restantes. Bufou e revirou os olhos, desistindo de sua pergunta e engolindo em seco, virando o recipiente novamente e acabando de vez com o que sobrara. "É horrível, Caroline, meu Deus!" arfou, meneando a cabeça, enquanto se virava para colocar mais um pouco, ajudava saber que não iria ficar bêbada tão fácil assim. 

"Eu sei, me lembro de quando Stefan me levou para caçar coelhos na floresta de Mystic Falls." respirou fundo com a memória, sentindo uma pontada de saudades do momento, mas definitivamente não do gosto. "E a primeira coisa que eu perguntei foi se matar animais indefesos não era o primeiro passo para se transformar em um serial killer." acabou dando risada.

"E o que ele respondeu?" Bella questionou, quando parou de rir, dando mais um gole na bebida logo depois enquanto apoiava as costas contra a pia e encarava a loira, a mão desocupada indo para o bolso de frente da calça jeans de lavagem clara que ela usava. 

"Stefan me disse que nós pulamos serial killer e caímos direto em vampiro, o que eu achei justo." deu de ombros, revirando os olhos, um sorriso no rosto quando percebeu que sentia falta do melhor amigo. Precisava ligar para ele e perguntar como estavam as coisas. "Me conta, como foi?" mudou de assunto, curiosa para saber mais da experiência da outra. 

A morena arregalou os olhos e sem saber por onde começar, apontou para a sua roupa. Haviam rasgos na blusa azul escura de mangas que ela usava, manchas de sangue perto do colarinho e alguns cortes também na calça jeans, com alguns respingos. Dizer que tinha sido um desastre seria dizer o mínimo. Quando ela chegou na casa dos Cullen, sete horas da manhã e deu de cara com Edward já na frente da casa com um sorriso no rosto, honestamente pensou que aquilo fosse dar certo. O leitor de mentes a recebeu com um selinho e quando se separaram, empolgado puxou-a pela mão para darem a volta na casa, indo em direção a floresta que possuíam como quintal. Caminharam em silêncio até ficarem distantes o suficiente para que não fossem interrompidos por ninguém, humano ou vampiro. 

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