𝚌𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚝𝚑𝚒𝚛𝚝𝚢 𝚝𝚠𝚘

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Mesmo dia, 14h19
Forks, Washington

Havia algo sobre as florestas de Forks que Damon simplesmente se via incapaz de explicar. Faziam com que o vampiro se sentisse irritado, perdido, e até mesmo um pouco preso, fazendo surgir uma leve pressão em seu peito enquanto caminhava pisando em troncos e folhas, tentando se lembrar se em algum momento de sua vida humana tivera um episódio de claustrofobia. Era possível que fosse começar a ter agora, como vampiro?

Talvez não fosse nada demais, talvez fosse somente seu corpo reagindo ao fato de que não gostava nem um pouco daquela cidade, logo, também não via razões para gostar das florestas ao seu redor. Sendo franco, nunca fora muito fã de cidades pequenas, de qualquer maneira. Talvez fosse o constatar de que as árvores daquele lugar pareciam brotar do chão, todas muito perto uma da outra, juntas, algumas até mesmo entrelaçadas.

Não que ele estivesse com medo, é claro. Era um vampiro de 175 anos de idade, seria ridículo ter alguma espécie de fobia de plantas... se é que isso sequer existe. Tinha quase certeza de que o problema era com a cidade, com tudo o que aconteceu desde que ultrapassou a placa de "bem vindo a Forks" semanas atrás, com o fato de ter pisado no chão da casa dos Swan de mãos dadas com Isabella e um relacionamento estável e agora não a tinha mais e o mero pensamento era suficiente para mover a pequena alavanca de pensamentos autodepreciativos que ainda reinavam no cérebro do Salvatore e fazer de seu subconsciente um inferno.

Tentava ser positivo, pensar que a morena recuperaria as memórias em breve e por alguns minutos conseguia se convencer disso, até por que mal faziam três dias que ela havia acordado sem suas memórias dos últimos 4 anos. Ao mesmo tempo havia uma parte dentro de si que já havia aceitado, inclusive, que ela jamais iria olhar em sua cara novamente. O que ele queria, afinal? Depois de tudo o que havia feito, todas as pessoas que matou, torturou, apenas para conseguir alcançar seus objetivos e seguir sua vida, realmente pensou que merecia um final feliz? Deveria estar contente por tê-lo conseguido nos últimos quatro anos. Já era suficiente e muito mais do que merecia. Afinal, Isabella o havia inspirado a mudar seu jeito de ver as coisas, a ser ele mesmo, deixar de afastar as pessoas e usar a mesma máscara todos os dias, ao menos com aqueles que importavam. Não queria voltar a ser como antes, desapontá-la, desapontar a si mesmo, voltar a estaca zero.

No fim das contas, nada parecia concreto e a única coisa que Damon tinha plena certeza naquele instante é que já havia passado pelo mesmo lugar e pela mesma árvore por pelo menos outras duas vezes desde que ele e Claire começaram a caminhar, quase uma hora atrás. E aquilo sim, definitivamente, estava começando a deixá-lo irritado.

"Tem certeza de que não estamos andando em círculos?" o Salvatore se viu perguntando, inclinando a cabeça na direção da Harris ao seu lado. "Acho que já olhei para a mesma árvore pelo menos duas vezes, se eu não deixei de contar alguma." revirou os olhos azuis.

"Estamos em uma floresta, o que mais tem ao redor são árvores, todas iguais... como pode ter certeza de que passou pela mesma?" a loira devolveu, erguendo as sobrancelhas e o encarando de volta, um sorriso ameaçando se abrir no canto de seus lábios vermelhos, recebeu como resposta outro revirar de olhos. "Certo, certo, não está mais aqui quem perguntou." ergueu as duas mãos, as palmas para frente, se desculpando e tentando segurar o riso.

O silêncio voltou a se estabelecer entre os dois, algo que, caso Charlie Swan estivesse por perto, estaria vibrando de felicidade. Porém ele não estava e Claire também não estava nem um pouco disposta a, mesmo sem saber, realizar os desejos não verbalizados e talvez impossíveis do caçador.

"Então..." coçou a garganta e umedeceu os lábios, cruzando os braços e passando as mãos pelos mesmos, se arrependendo de não ter pego um casaco antes de saírem de casa. "Como foi que você e Charlie viraram amigos?" questionou, virando o corpo levemente para encarar o outro. "Eu já entendi que ele é um ótimo parceiro de bebidas, mas não pode ter sido só isso." riu nasalmente, verdadeiramente curiosa. "Eu chuto que talvez tenha sido o bigode?" ergueu a sobrancelha esquerda e acabou por dar risada.

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