Mesmo dia
Forks, WashingtonSegurando aquela que deveria ser a sua quarta bolsa de sangue em menos de 3 horas, Isabella permanecia sentada na cadeira da escrivaninha, os cotovelos apoiados no joelho e o olhar fixado no tapete do quarto, mordiscando o lábio inferior enquanto em sua mente os pensamentos corriam a mil quilômetros por hora, consumindo-a por inteiro.
Quando a contaram sobre se tornar vampira ela esperava, sim, pela sede de sangue, mas ninguém a havia preparado para a forma com a qual seus pensamentos e sentimentos pareciam ter se unido numa fronte para deixá-la à beira da insanidade. Ninguém havia a avisado que a ansiedade que sentia quando humana triplicaria, quadriplicaria, a ponto de ser impossível conviver consigo mesma. Ninguém a contara que os cenários catastróficos em sua mente seriam cada vez piores, como se sua criatividade tivesse recebido uma melhoria também.
Por isso, quando a perna começou a tremer ao se ver sentada na cadeira por tempo demais sem sequer um sinal de que Damon iria acordar, ela levou o olhar para o chão, contava carneirinhos, pensava em filmes que havia assistido, esvaziou duas bolsas de sangue em segundos, tentava de tudo e qualquer coisa que pudesse impedi-la de pensar. Pensar que os machucados eram piores do que haviam machucado. Pensar que eles haviam chegado tarde demais. Pensar que Damon não iria acordar.
E, talvez, por estar tão imersa em pensamentos, foi por isso que ela não viu quando Damon começou a se remexer na cama e seus olhos se ergueram na velocidade da luz somente quando ouviu seu nome.
"Isabella...?" a voz rouca e seca, como se tivesse ficado dias sem tomar um gole d'água, sem falar nada, a chamou. Parecia confuso, o cenho franzido enquanto se sentava na cama.
"Damon." os olhos castanhos arregalados, ao mesmo tempo em que um sorriso começou a aparecer em seu rosto, duvidou de si mesma, será que não estava sonhando sentada naquela maldita cadeira do quarto? "Você acordou." repetiu, mais pra si mesma do que pra ele, ainda surpresa. "Como... Como está se sentindo?" questionou, rapidamente se levantando da cadeira se aproximando da cama.
O Salvatore demorou a responder, os olhos azuis vagando pelo quarto que não despendeu mais de um segundo para reconhecer, até finalmente pararem na vampira sentada ao seu lado. Os cabelos castanho avermelhados estavam presos no topo da cabeça e alguns fios escapavam, usava uma blusa de flanela que tinha parte presa pela calça jeans. Se permitiu alguns minutos para admirá-la, tentando discernir se era mais alguma alucinação provocada pela dose cavalar de verbena em seu organismo. Deixou a cabeça pender levemente para o lado, ignorando a leve pontada que sentiu ali e se viu erguendo a mão esquerda na direção da morena, tão lentamente que parecia levar uma eternidade, o medo de arriscar algum movimento brusco e quebrar aquela realidade gritando dentro de si.
Quando finamente a ponta dos dedos tocou a pele macia, num movimento quase automático a palma encaixou-se ao rosto e ele constatou que, graças a Deus, dessa vez não era uma alucinação. Os olhos castanhos da Swan se fecharam com o contato e a sensação de conforto que o gesto a trouxe.
"Isabella." ele repetiu, não mais uma pergunta, agora certo de que ela estava ali, na sua frente, em carne e osso. Arfou, os olhos correndo cada centímetro da face da outra quando sentiu finalmente o peso do alívio em seus ombros e, sem hesitação alguma, sem pensar e nem se importar com mais nada, apenas quebrou os poucos centímetros de distância que havia entre os dois colando seus lábios nos dela. Um ato tão preciso, mas ao mesmo tempo tão calculado e delicado... as duas mãos uma em cada lado de seu rosto, como se ela fosse se desfazer a qualquer instante. Como se aquele momento fosse se desfazer a qualquer instante.
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𝐇𝐎𝐏𝐄
Fanfic❝𝐇𝐨𝐩𝐞 𝐢𝐬 𝐛𝐞𝐢𝐧𝐠 𝐚𝐛𝐥𝐞 𝐭𝐨 𝐬𝐞𝐞 𝐭𝐡𝐚𝐭 𝐭𝐡𝐞𝐫𝐞 𝐢𝐬 𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐢𝐭𝐞 𝐚𝐥𝐥 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤𝐧𝐞𝐬𝐬.❞ ❝Dizem que a esperança é a última que morre. Isabella Swan deixou de acreditar nisso já fazia um tempo. ...