𝚌𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚏𝚘𝚛𝚝𝚢 𝚝𝚑𝚛𝚎𝚎

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Mesmo dia, 16h20
Forks, Washington

Assim como a filha, Charlie Swan Gilbert era terrivelmente teimoso. E isso não era novidade nenhuma para aqueles conheciam os dois, era só perguntar para Caroline, Liz, Alaric, Elena, Jeremy, Bonnie... Qualquer um em Mystic Falls não gastaria mais do que três segundos pensando antes de dar uma completa aula e explicar em detalhes como a persistência era um traço terrivelmente forte que ambos compartilhavam. Até Jonathan seria capaz de fazê-lo, por mais que o contato com o melhor amigo tenha diminuído drasticamente com o passar dos anos.

Por isso, todos os presentes naquele cômodo moderno de paredes brancas, estantes cobertas com livros, a escrivaninha de madeira de Carlisle e a maca localizada no centro, já esperavam ver o policial se manter irredutível quanto a sua decisão de que Bella iria tomar o seu sangue para tornar-se vampira definitivamente. Na verdade, Damon pensou, comprimindo os lábios para esconder um sorriso, tinham que estar preparados para o evento do ano: a discussão entre as duas pessoas mais insistentes e cabeças-duras que ele já encontrou durante seus quase dois séculos de vida. E ele não estava lá muito longe de ter razão, pois  embora uma parte da garota tenha ficado extremamente emocionada e até mesmo feliz em perceber que seu pai não iria se afastar dela ou não iria mais vê-la como sua filha por causa de sua transformação, a outra se negava veementemente a fazer aquilo. O medo tomava conta de cada célula em seu corpo e sabia que jamais iria se perdoar caso machucasse o pai, ou pior, caso acabasse o matando. 

"Charlie, não." ela meneou a cabeça, o cenho franzido enquanto dava um passo para frente, os olhos castanhos focados no pai. "Eu me recuso a fazer isso, não posso correr o risco de te ferir! Eu jamais iria me perdoar caso algo acontecesse com você!" cruzou os braços. "Carlisle, por favor, pegue uma das bolsas de sangue do hospital, eu não vou usar o sangue do meu pai para completar a transformação." com o olhar ainda sobre o pai, mesmo usando de educação e pedindo, a voz da morena saiu um tanto quanto agressiva, deixando quase zero espaço para qualquer argumento.  

"Isabella..." em resposta o caçador respirou fundo, passando as mãos pelos olhos, como se limpasse o rosto, mas na verdade estava apenas estressado, nervoso, preocupado. "Será que podemos conversar, por favor? Em particular." pediu, dirigindo o olhar para o resto das pessoas que ainda estavam no quarto. 

"Não sei se é uma boa ideia, Charlie." Carlisle se pronunciou, não exatamente gostando da ideia de manter uma vampira recém-criada e um humano sozinhos num espaço pequeno, na verdade ele não tinha a menor ideia de como Isabella ainda não havia atacado nem o pai ou a madrasta, o cheiro de sangue deveria estar levando-a a loucura. Não era normal, mas também, o que exatamente era normal na vida daquela jovem? "Isabella acabou de se transformar..." continuou. 

"Eu sei disso, Carlisle e confio na minha filha." o policial o interrompeu, o tom idêntico ao que a Bella usara segundos atrás, novamente mostrando o quanto os dois eram parecidos e não havia como negar, eram pai e filha. "Damon e Caroline podem ficar aqui dentro, mais perto da porta e eu permaneço a uma distância de Bella, se te tranquiliza, mas tenho certeza de que ela não irá me machucar." afirmou, e a razão para afirmar aquilo é que assim como o Cullen, ele também percebera o comportamento diferente do habitual que a garota estava exibindo. 

Mesmo a contragosto o médico assentiu, trocando olhares com os "filhos", indicando com a cabeça para que eles saíssem do quarto, apressando o passo e indo em direção a Edward, antes que o leitor de mentes abrisse a boca para falar algo. Rapidamente segurou o pulso do vampiro e meneou a cabeça, puxando-o consigo em direção a porta. Sabia que ele estava preocupado com o que poderia acontecer, mas ao mesmo tempo Carlisle também era "pai", entendia que Charlie precisava conversar com a vampira, agora mais do que nunca e mesmo que fosse arriscado, também entendia o porquê da necessidade da privacidade — ou ao menos a ilusão dela, considerando que os vampiros ainda poderiam escutar partes da conversa devido a audição. 

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