𝐇𝐎𝐏𝐄

𝚌𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚏𝚘𝚛𝚝𝚢 𝚝𝚠𝚘

Mesmo dia, 15h40
Forks, Washington

Quando finalmente Isabella abriu os olhos e conseguiu focar as íris castanhas, após algum tempo piscando, reparou em como tudo ao seu redor parecia mais vivo. As cores dançavam na frente de seus olhos: azul, roxo, rosa, vermelho, todas pareciam bem mais intensas. Convidativas. Sentia como se estivesse vendo o mundo pela primeira vez. Os sons também estavam mais altos: conseguia distingui-los um por um, desde o som do vento batendo contra as árvores do lado de fora da janela ou o som dos animais, mas foi somente quando percebeu que ouvia até mesmo seus próprios batimentos cardíacos que percebeu que não estava sozinha. Foi fácil distinguir pelo menos mais quatro enquanto analisava o quarto branco ao seu redor e, claro, o barulho de vozes. 

Felizmente bastou se atentar aos detalhes do ambiente e não tardou a reconhecer o cômodo onde estava: o escritório de Carlisle, na casa dos Cullen. Se lembrou imediatamente da última vez em que esteve ali, quando o vampiro dava pontos no corte em seu braço no dia de seu aniversário, quatro anos atrás. Sentiu uma pontada na cabeça, flashes coloridos dançavam na sua frente e se viu levando as mãos à sua têmpora, os olhos fechados com força enquanto silhuetas, imagens e cores tomavam conta de sua cabeça. 

Porém estava tudo muito desconexo, como se ela estivesse assistindo episódios soltos de uma série sem se importar com a ordem cronológica deles e a cada um que assistia, assimilava alguma coisa, mas seria incapaz de dar o contexto correto e explicar exatamente o porquê de tudo estar acontecendo. É claro que, com as experiências que teve nos dias anteriores, não demorou muito a perceber que novamente se tratavam de pequenas partes de sua memória, especialmente quando reconheceu os rostos de Caroline, Damon, Charlie, Liz e outros em meio a tudo aquilo. Até mesmo os rostos de Jacob e Billy apareciam. 

Mais flashes vinham a sua cabeça enquanto informações incongruentes preenchiam espaços em sua memória. Uma festa de aniversário para Elena, que embora mantivesse um sorriso no rosto, não parecia nada feliz, Charlie conversando com ela na mesa do café sobre como foi seu quarto dia no trabalho, Matt e ela no grill, conversando sobre Caroline e como ela estava estranha, dando olhares nada agradáveis na direção de Tyler, uma Bonnie enrolada em um cobertor com uma caneca em mãos, lágrimas em seus olhos e Bella a ouvia falar sobre como um bruxo havia bloqueado seus poderes, Jeremy chegando logo em seguida e se sentando ao lado delas... Havia Damon também, Damon e um rapaz alto de olhos verdes que ela não identificou, enquanto os dois permaneciam ameaçadoramente perto um do outro, prestes a brigar, uma festa de karaokê, enfeites de natal e um cheiro de comida caseira delicioso no ar. 

Arfou e se viu abrindo os olhos novamente, se sentia preenchendo um álbum de figurinhas interminável e o pior de tudo é que tinha medo de como seria quando chegasse no final e o completasse. É claro que seria incrível ter suas memórias, sua vida de volta, uma parte sua ansiava para aquele momento, mas ao mesmo tempo se via com medo do desconhecido, medo de como seu corpo reagiria, medo do que aconteceria com ela. Inclusive, se fosse justa, estava quase entrando em pânico naquele exato momento quando percebeu que não sabia o porquê de estar ali, na maca, no consultório de Carlisle. Tentou se forçar a lembrar o que havia acontecido, sentiu outra pontada, mas dessa vez imagens suas indo até a casa dos Cullen a atingiram. Se recordou de estacionar o carro, entrar na casa e embora relutante, subir as escadas pois havia algo que precisava fazer. Mas o que era mesmo? 

Franziu o cenho, mordendo o lábio inferior. O rosto de Edward a pegou de surpresa e, como num estalo, lembrou. Edward. É isso, tinha vindo até aqui falar com Edward, conversar com ele sobre o relacionamento, sobre com ela se sentia e todas as suas dúvidas. Chegou a vê-lo. Sim, chegou a ver seu rosto! Então por que não se lembrava de terem conversado? Por que sua cabeça doía e tudo parecia um borrão?