𝐇𝐎𝐏𝐄

𝚌𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚝𝚑𝚒𝚛𝚝𝚢 𝚝𝚑𝚛𝚎𝚎

Mesmo dia, 14h03
Forks, Washington

Um silêncio sepulcral havia se instalado no quarto que, cinco minutos atrás, se encontrava tão animado. Rose permanecia na mesma posição, todavia os braços estavam agora cruzados e ela apoiava o peso no pé esquerdo, aguardando uma resposta da humana a sua frente.

"O que você quer dizer com isso, Rosalie?" Isabella se viu questionando, os olhos castanhos e curiosos rodavam por todo o quarto, esperando que algum dos Cullen presentes dissessem que a loira estava brincando, ou havia enlouquecido, quem sabe.

"Quero dizer que acredito que está na hora de eu e você termos uma conversa..." Rose cruzou os braços e se aproximou da maca. "Depois de eu lhe explicar tudo, você vai entender o que está acontecendo, tá bem?" ergueu as sobrancelhas, seu tom de voz era gentil.

"Rosalie..." Edward praticamente rosnou, havia se levantado e agora estava em pé ao lado da irmã. Desesperado, era assim que se encontrava, sem nem ao menos entender ao certo o que acontecia com seus sentimentos.

"Nada de Rosalie, Edward, você sabe que eu estou certa!" exclamou, se virando para o mesmo. "Eu não sei quando pretendia contar para Isabella e muito menos se pretendia contar, mas eu não iria correr esse risco, não iria permitir que mentisse para ela." franziu o cenho, apontando o dedo indicador na direção do vampiro, havia claramente raiva em suas palavras.

"Eu não faria isso, Rosalie." o acobreado sibilou em resposta, franzindo o cenho, encarando a irmã nos olhos igualmente dourados da loira e cruzando os braços, ignorando o dedo apontado em sua face. "Jamais esconderia isso dela, apenas achei que..."

"Apenas achou que não fosse a hora certa, não é?" Rose completou, as mãos indo para na cintura, a impedindo de gesticular e xingar o irmão como queria. "E quando seria a hora certa? Quando te fosse conveniente? Quando já estivessem oficialmente juntos novamente e não corresse riscos? Depois de comprá-la com passeios a lugares românticos e ter a certeza de que ela não iria te trocar ou abandonar como você fez quatro anos atrás?" as sobrancelhas se erguendo enquanto ia questionando de uma forma extremamente agressiva, mas ainda mantendo a voz calma, assustadoramente calma. "A hora certa seria a hora que você escolhesse, como sempre. Por que Edward sabe o que faz, Edward sabe o que é melhor para todos." revirou os olhos, trincando o maxilar. "Ler a mente dos outros não te faz melhor do que ninguém, Edward, quero ver se sobreviveria um dia sem se apoiar no seu dom maravilhoso."  finalizou com desdém, analisando-o de cima abaixo. 

Em questão de segundos, o clima que antes já estava ruim, apenas piorou drasticamente. Cada acusação que Rose jogara contra o irmão, bateu em seu orgulho e, embora talvez a loira estivesse minimamente certa, Edward jamais iria admitir. Até por que, essa era uma área de seu subconsciente que ele mesmo estava com vergonha de reconhecer a existência. Enquanto parte sua queria explicar pacientemente para Bella o que havia acontecido, esclarecer as coisas e colocar tudo em pratos limpos, a outra, egoísta, orgulhosa, insegura, lembrava-o constantemente de que ela iria abandoná-lo, de que agora que não se lembrara do que ele havia feito era sua chance de recomeçar, que tudo poderia ser resolvido depois. 

Por isso doeu tanto e o feriu tanto, ouvir aquilo que sua mente gritava, ser jogado contra si daquela forma, ainda mais por Rosalie. Por que ele pensou que esses pensamentos estivessem perfeitamente bem escondidos de todos, assim poderia fingir demência e negar existência, se ele não os reconhecia, os outros muito menos teriam noção do que estava passando por sua cabeça. O que o Cullen "mais novo" havia esquecido é que, ler mentes ajuda sim a entender os pensamentos das pessoas de maneira rápida, mas existe um outro método muito mais antigo e preciso: a convivência. E, nesse âmbito, seus irmãos tinham quase um século de convivência com ele, ou seja, sabiam lê-lo perfeitamente, as vezes muito melhor do que ele os lia com seu dom.