Doze

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Ariana

Deixei o Corcel na frente do meu prédio e fui andando até o bar de seu Moura, o ponto de encontro da classe trabalhadora de Paraisópolis.

A caminhonete estava estacionada numa vaga escura, com as janelas abertas; Vinícius estava sentado atrás do volante, sozinho.

—  Entre.

Sentei ao seu lado e Vinícius deu a partida. Eu não sabia para onde ele iria me levar, mas não me importava. Havia sonhado com um encontro como aquele muitas vezes, e agora que se tornava real, havia uma expectativa lá no fundo de como tudo seria.

Estávamos percorrendo uma estrada nas margens do rio, até Vinícius estacionar numa pequena enseada, a luz dos faróis iluminando um deque estreito em que estava atracado um barco. Os faróis foram apagados e ficamos no escuro. Minha respiração tornou-se mais pesada e ouvi a voz dele me envolver: 

—  Não precisa ter medo, Ariana, eu não vou fazer nada que você não queira.

Se a intenção dele foi deixar-me tranquila, não funcionou. Fiquei ainda mais nervosa ao ouvir aquilo, me perguntando o quê eu ia querer que acontecesse. Vinícius abriu a porta e desceu, deu a volta e abriu a porta do meu lado, estendendo a mão. Segurei a sua mão e ele me guiou até o deque e ajudou a subir no barco, soltando a corda que o prendia e empurrando para tirá-lo da margem, antes de subir, equilibrando-se. 

Sentei no banco estreito de madeira numa extremidade. Minha visão tinha se acostumado com a escuridão e agora eu conseguia enxergar o cenário romântico, iluminado pela luz da lua. Vinícius sentou-se na outra extremidade, pegando os remos e encaixando nas laterais, começando a remar, levando-nos para o meio do rio. Somente o ruído dos remos cortando a água e o rangido da madeira preenchia o silêncio, o ar fragrante da noite nos envolvendo como um manto quente.

Um calor reconfortante começou a me invadir, deixando-me mais relaxada para desfrutar o momento. Aquilo que estava acontecendo ia além de qualquer fantasia que eu pudesse ter tido na minha adolescência, enquanto sonhava acordada com Vinícius.

 Deixei para me preocupar com que iria acontecer mais tarde. Agora, eu só queria que aquela noite nunca chegasse ao fim. Sorri, sentindo o vento bater contra o meu rosto, vendo as estrelas brilhando lá no alto, como diamantes pregados no céu aveludado.

Vinícius remou até a margem desaparecer na noite. Éramos só nós dois e as estrelas. Vi ele se inclinar e puxar um manto enrolado de debaixo do banco, abrir e estender no fundo do barco, entre nós. A tranquilidade evaporou e senti a tensão voltar com força total. Será que ele esperava que nós... ?

—  Ninguém vai nos interromper aqui.

Ele esperava.

Engoli em seco, deslizando do banco e ficando de joelhos sobre o manto, a existência dele me fazendo pensar se Vinícius já tinha feito aquilo antes, se aquele cenário não tinha servido de fundo para outras conquistas românticas. Resolvi tirar parte da dúvida, antes de perder a coragem:

—  Esse barco é seu?

Vinícius veio para o meu lado, sentou-se com as costas apoiadas no banco e puxou-me contra o seu peito, passando os braços em volta do meu corpo. Encostou o rosto nos meus cabelos e aspirou.

—  É de Rômulo. E a resposta é não, caso esteja se perguntando se já fiz isso antes.

A sensação de ter as costas apoiadas no peito dele era maravilhosa, me senti quente, protegida, acolhida... Queria continuar assim para sempre, mas ao mesmo tempo o desejo de ser possuída por ele aflorou intimamente, provocando um tremor excitado que percorreu o meu corpo. Ele era quente, seu cheiro inebriante e suas mãos pesavam sobre a minha barriga, seu calor atravessando o tecido fino da blusa de algodão, enfiada dentro da calça jeans. Fiquei arrepiada quando ele subiu uma mão e afastou meu cabelo para o lado, beijando a minha nuca.

—  Gosto do seu cheiro — disse, roçando o nariz na minha pele. — Tem um toque de mistério, de promessa.

Senti um sobressalto. Será que ele sabia? Mas não tinha como ele saber, a não ser que Helena tivesse aberto a boca. Esqueci Helena e o resto do mundo ao sentir ele puxar minha blusa para fora da calça e colocar uma mão por dentro, acariciando minha barriga com movimentos lentos. Um suspiro escapou dos meus lábios, de puro prazer. Apoiei a cabeça em seu ombro, sentindo seus lábios roçarem o lóbulo da orelha. Arrepiei inteira com a respiração quente contra a nuca, mais carregada.

Ele subiu a mão e cobriu meu seio direito, sobre o sutiã. Arfei, arqueando involuntariamente o corpo. Com a outra mão, Vinícius virou o meu rosto, tomando minha boca com a sua num beijo que tirou o meu fôlego. 

Embriagada de desejo e extasiada com as sensações em meu corpo, senti vagamente ele afastar o sutiã e tocar meu seio livre. Senti um comichão na virilha, o calor se alastrando pelo corpo. Gemi contra a boca dele. Ele retirou a mão e puxou a minha blusa, tirando-a pela cabeça. Abaixou as alças do sutiã, os lábios percorrendo a curva da nuca; soltou o gancho, deixando as alças escorregarem pelos braços e colocando a peça de lado junto com a blusa. Suas mãos cobriram os meus seios, numa carícia provocante, me enchendo de desejo. Eles cabiam perfeitamente dentro das suas mãos quentes.

Eu nunca havia sentido nada parecido com aquilo. A ansiedade, a expectativa e um certo receio pelo que estava por vir me enchiam de tensão misturado com desejo. Vinícius deslizou as mãos até o botão da calça. Prendi a respiração, enquanto seus dedos lentamente abriam o botão e corriam o zíper para baixo. Num impulso, me livrei das calças, sentindo a necessidade de tê-lo me tocando mais intimamente.

Ia mesmo acontecer. O vento morno lambeu o meu corpo febril e estremeci. Eu estava concentrada no calor que sentia em uma determinada parte do corpo. O calor se intensificou quando ele deslizou uma mão por dentro da calcinha, até cobrir a fenda úmida, pressionando os dedos, um deles penetrando a carne tenra e macia. Separei as pernas na ânsia que ele me tocasse mais, mas seus movimentos cessaram. 

—  Você já fez isso antes, Ariana? — Perguntou com a voz grave .

Senti que corava, grata à escuridão por ocultar a minha vergonha. Eu poderia mentir, mas ele acabaria descobrindo. Poderia insistir, resolver aquela questão, sem ele saber como povoara os meus pensamentos mais secretos durante a adolescência.

—  Não.

Ele retirou a mão. Me senti desapontada, mas não deixaria ele saber. Vinícius inclinou-se e  beijou o meu ombro.

—  Você merece mais do que um barco de segunda e um manto usado. 

Segredo de Família(Link no Perfil)Onde histórias criam vida. Descubra agora