Lia Narrando
Já perdi as contas de quantas pessoas eu já falei essa noite, sinto não ter mais saliva alguma. Eu só preciso da minha cama. Tirar esse salto que machuca, esse vestido que incomoda, esse penteado que faz minha cabeça doer. E esses cílios postiços que estão fazendo meus olhos coçar.
⎯ Julia! ⎯ Sou surpreendida por Sakura que quase arranca meu braço me puxando para o seu lado. Ela estava acompanhada por alguns fotógrafos e repórteres. ⎯ Eu e Julia somos bffs não é mesmo, Lia?. ⎯ Ela abri um enorme sorriso para mim enquanto aperta meu ombro. Lá vem essa palhaçada de novo.
⎯ Claro! Sakura. ⎯ Forço um sorriso.
⎯ Nossa amizade é tão linda, e vocês sabiam que ela cedeu seu papel no clássico só para que eu pudesse brilhar?. ⎯ Mas que vadia! Foi ela quem pegou o diretor para que ele retirasse o papel de mim e desse à ela.
Menos mal também, peça ridícula.
⎯ Senhorita Choi, como você descreveria a senhorita Miyawaki?.
Falsa, narcisista, Cínica, ridícula e uma completa vadia, cobra venenosa.
⎯ Legal, gentil, amigável e companheira. ⎯ Arrastei tanto os dentes que agora estão doendo.
⎯ Como podem ver, Julia seria tão solitária e sem vida sem mim. ⎯ A mesma diz dramática. Não posso deixar minhas expressões livres, estão gravando.
Os jornalistas e fotógrafos saem e ela me joga para longe.
⎯ Seu cabelo está horrível. ⎯ Ela bate as mãos uma na outra limpando.
⎯ Você tocou nele porquê quis.
⎯ Ainda está triste com a perda do papel?.
⎯ Não sou tão infantil como você Sakura.
⎯ Cuidado com à língua, logo logo perderá seu namorado ao invés de um papel em um clássico. ⎯ Ela sai jogando os cabelos.
Mal sabe ela que Hankook a odeia.
Perambulo mais um pouco pelo salão totalmente entediada. Um pouco de música iria animar essa festa, parece que estou em um enterro.
E como minhas presses foram ouvidas eu escuto uma pequena batida vindo de longe. Não pode ser, possível. Logo, o salão é invadido por várias pessoas de máscaras, eles e elas usavam roupas pretas e largas, as máscaras eram vermelhas e só cobriam metade do rosto. Atrás, três pessoas traziam uma caixa de som tocando uma das minhas músicas preferidas. Meu Deus... não estou acreditando que isso está acontecendo.
Vândalos estão invadindo à festa do meu pai.
A música foi ficando cada vez mais alta, eles se espalharam por todo o salão. Curtindo à música e pichando as paredes e mesas. Explosões de confetes foram jogados no ar enquanto tudo foi preenchido por música e risadas. O tempo para mim parou naquele exato momento. Fiquei em total choque e pequenas lembranças vinheram em minha cabeça.
Depois da minha primeira fuga, com 15 anos eu fugi novamente com Dayeon e vi uma cena parecida com essa nas ruas. Aquele foi o momento mais feliz de toda à minha vida. Foi o único momento em que tive coragem de sorrir de forma genuína a coisas que realmente me faziam feliz.
Abro um largo sorriso sentindo à energia do lugar. Isso está incrível! Encaro Dayeon que estava forçando para não rir.
Encaro os vândalos dançando e sorrindo uns para os outros. Parecem tão livres e felizes. Parecem uma família feliz. Como deve ser a sensação?.
Encaro meus pais que estavam aterrorizados com a situação e não consigo não gargalhar com suas expressões.
Empolgada, começo a cantar baixinho à música enquanto bato o pé conforme a melodia. Agora sim eu estou gostando dessa festa. Encaro mais uma vez aquelas pessoas e meus olhos batem em uma covinha... um dos garotos que dançava alegremente com seus amigos. Seu estilo de dança me lembra alguém.
Encaro Hankook que havia aproveitado o momento para arrancar à gravata borboleta que tanto odiava.
⎯ Me permite essa dança? ⎯ Uma voz calma e densa retira minha atenção de Hankook. Olho para frente e me dou de cara com o cara das covinhas. Será que ele percebeu que eu o olhava?.
⎯ Vocês são muito corajosos de aparecerem logo na festa do prefeito.
⎯ Pelo menos alegramos sua noite. ⎯ estou começando a ficar com medo de sua habilidade.
⎯ Isso não posso discordar. ⎯ Pego em sua mão e o permito me levar para perto de seus amigos. Meus pais não irão ver, os confetes estavam saindo da ventilação e eram muitos, estava difícil enxergar todo mundo.
⎯ Gosta da música?.
⎯ Escuto uma vez ou outra.
⎯ Quem diria, alguém da realeza escuta a música dos vândalos.
⎯ Isso aqui não é uma hierarquia, não existe realeza.
⎯ Tem certeza? ⎯ Paro para pensar. Eu sou muito ingênua.
Sem perceber à música já estava me guiando. Meus movimentos começaram a se misturar com o instrumental da música. Mas infelizmente minha magia foi interrompida por Dayeon sinalizando que meus pais estavam chamando os policiais. Droga.
⎯ Traz seus amigos. ⎯ Puxo o moreno.
⎯ O quê?.
⎯ A polícia está vindo, eu sei de uma passagem.
⎯ Devo confiar?.
⎯ Se não confia não deveria ter me chamado para dançar. ⎯ Ele sorri de lado e vai até seus amigos chamando todos.
Guio todos até à porta que leva até à cozinha.
⎯ Dentro da cozinha tem uma porta que leva até uma parte do quintal onde o muro é baixo e não tem cerca elétrica. Lá é onde fica as hortaliças, dará para todos pularem. ⎯ Aviso para eles.
⎯ Vão todos, agora. ⎯ Ele fala e abri à porta para todos irem. ⎯ Obrigado. ⎯ Sorrio para ele. ⎯ Eu... conheço você de algum lugar?.
⎯ Esse não é o momento certo para uma cantada.
⎯ Que pena, mas espero realmente lembrar de onde conheço seu sorriso. Até mais princesinha. ⎯ Ele corri para dentro da cozinha.
Aquele nome me deu um choque. Princesinha... não pode ser? Isso seria impossível, seria?.
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Dance With Me
FanfictionEm uma cidade onde a música, dança e qualquer outro tipo livre de arte foi proibido. Deixando somente aquilo que o governo trata como "certo". Soobin luta pela arte, tentando fazer de tudo para derrubar aquele governo, ele é caçado e chamado de vând...