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[ Lia ]

Já faz uma semana depois do ocorrido. Agora eu estava em uma seção de fotos para uma marca de joias. Passei à semana toda pensando. Depois de tudo, depois de tudo eu ainda consigo me sentir culpada. Eu não tenho culpa de nada, eles fizeram de tudo comigo mas por que eu é quem tenho que ser à culpada? O que eu realmente fiz? Eu não sei... só sei que dói, dói... eu me sinto sobrecarregada.

⎯ Julia, smile. ⎯ O fotógrafo pede e eu Forço um sorriso. ⎯ great. Beautifull.

Faço mais algumas poses e então veio as pausas. Estou em pé a literalmente uma hora e meia. Eu já não aguento mais. Ao finalmente sentar, sinto meu corpo pesar sobre à cadeira. Meus pés latejavam.

⎯ Mãe... quando poderei comer? ⎯ Pergunto enquanto ela bebia um suco e mandava mensagens para à minha tia.

⎯ Quando acabar as fotos. Se comer sua barriga ficará grande e será notada no vestido colado. Você tem que ser perfeita. ⎯ Ela volta à sua atenção para o celular. Aproveito sua "falta de atenção" e saio sem ela perceber.

Ando por alguns lugares do set mas não havia nada de interessante. Vou para o lado de fora e respiro um pouco de ar puro.

Concentrada em me sentir livre escuto alguns miados. Um gato? Sigo os miados até uma pequena caixa onde encontro um filhote de gato dentro dela. Não acredito que o abandonaram!.

Me aproximo do pequenino e o pego em meus braços tentando o acalmar. O mesmo estava tremendo. Quem em sua sã consciência consegue fazer isso? É um monstro.

⎯ Tudo bem gatinho, vai ficar tudo bem. ⎯ Tento esquentá-lo com meus braços.

Olho ao redor à procura de comida para ele.

⎯ Me espere aqui, irei pegar algo para você comer. ⎯ O coloco na caixa novamente e me levanto mas piso em algo pontudo quase me fazendo cair.

Fecho os meus olhos, esperando meu corpo se chocar com o chão mas não sinto nada. Somente mãos ao redor da minha cintura e ombro. Abro meus olhos devagar e por um momento pensei estar alucinando, pensei tanto nele que agora estou o vendo em todo lugar. Mas ao ver seu pequeno sorriso percebi que aquilo era real. Me solto de seus braços e ajeito meu cabelo e vestido.

⎯ O que está fazendo aqui?. ⎯ Sim, foi à primeira coisa que consegui dizer.

⎯ Pensei que eu poderia andar pelas ruas... ⎯ Ele tenta não ser sarcástico ou irônico.

Nos encaramos por alguns segundos. Era estranho, muito estranho.

⎯ De nada. ⎯ Ele quebra o silêncio.

⎯ Obrigada, por não ter me deixado cair.

⎯ Seu pé está bem? ⎯ ele encara meu pé em que eu não encostava no chão.

⎯ Não sei, devo ter pisado em um espinho.

⎯ Você é rica o bastante para ter um calçado.

⎯ Eu só os tirei por alguns minutos, não seja dramático.

⎯ Consigo ver as marcas dele. ⎯ Ele continua encarando meus pés. ⎯ dói?.

⎯ Um pouco.

⎯ Bom, agora que a princesa está à salva. ⎯ Ele passa por mim mas eu seguro a barra de sua camisa. E isso me deu um pequeno deja-vu.

⎯ Eu queria... ⎯ Ele me espera falar.

⎯ Alguém da realeza como você não deveria estar com os vândalos. ⎯ Ele solta minha mão de sua camisa. ⎯ É melhor voltar para dentro e continuar seu trabalho a frente das câmeras, Princesa.

⎯ Não. Não me chama de princesa. Eu realmente não quero tudo isso, eu... quero me sentir livre.

⎯ Você realmente quer isso? ⎯ faço um sim com a cabeça. Ele morde o lábio inferior pensativo. ⎯ Amanhã no beco da rua principal, 7 horas.

⎯ Eu-...

⎯ Se não poder avisa logo.

⎯ Não, eu posso. Eu estarei lá. ⎯ Respondo o mais rápido que pude.

⎯ Vista algo confortável e sapatos.

⎯ Certo. ⎯ Ele dá um pequeno sorriso de lado e se vira para ir embora mas o chamo de volta. ⎯ Eu até agora não sei o seu nome, garoto das covinhas.

⎯ Não precisa. Me trate como a pessoa que irá trazer a liberdade em que quer. ⎯ Ele pisca e sai. Solto um suspiro e sinto minhas bochechas queimarem. Ok então... garoto das covinhas.


Dance With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora