O último mês foi de fisioterapia intensiva. Eu passava mais tempo no hospital do que na casa, até dormi aqui algumas vezes no sofá do quarto de Logan, e acompanhei de perto sua melhora. Eu até preferia ficar com ele, aquela casa era muito grande e vazia.
Nos tornamos grandes amigos durante esse tempo. Apoiei Logan em tudo o que ele decidia, inclusive em se recusar a ligar para os pais e até mesmo de conversar com o irmão. Henry, por sua vez, sequer perguntava de Logan para mim, o que me enchia de raiva, como sempre. Isaac acabou se aproximando mais do primo, eles se davam bem de certa forma. Ao menos uma coisa não estava completamente quebrada nessa família.
Eu adorava que Logan tinha um humor cômico. Ele era bem idiota, mas engraçado ao mesmo tempo, porém eu sabia que era uma fachada para mascarar seus sentimentos mais profundos. De vez em quando ele dava umas escorregadas e me deixava ver um lado mais sensível dele, mas logo conseguia esconder e me frustrava. Milhares de sentimentos e sensações acompanhavam a convivência com esse homem, era intenso demais, eu quase não aguentava.
Logan não demorou a conseguir mobilidade. Ele ainda tinha muita dificuldade, claro, mas por ser muito forte e por não ter passado tanto tempo – do ponto de vista da medicina – em coma, ele conseguiu andar sozinho em três semanas com o auxílio da muleta. Pedi mil vezes, mas ele se recusou com veemência a ver o psicólogo e acabei desistindo. Por hora.
Ainda precisaria da fisioterapia para fortalecer os músculos até estarem 100%, mas após uma longa conversa comigo, o doutor Cooper concordou em dar alta ao Logan para que ele pudesse retornar à sua rotina em casa. Certamente que demoraria para se recuperar e ele ainda não tinha permissão para trabalhar, mas ao menos ele estaria em casa e isso ajudaria de certa forma.
Quando chegamos na parte de fora do hospital, Isaac saiu para buscar o carro e parar ali em frente. Me virei para Logan e constatei que ele vestia um conjunto de moletom todo preto, inclusive os tênis, já eu me vestia completamente igual, porém de branco. Ri disso.
– Ficou maluca de vez? – Ele perguntou. Já não sentia dor ao falar e sua voz não saía mais rouca.
– Nós poderíamos estar em um filme antigo. – Sorri para ele.
Logan nos olhou e percebeu do que eu falava.
– Na verdade não porque nossos olhos são verdes. – Ele arqueou a sobrancelha esquerda.
– Não seja estraga prazeres, Logan. Você recebeu alta! – Exclamei em puro êxtase.
– Eu deveria estar feliz, não deveria? – Ele fez a pergunta retórica encarando a rua a nossa frente.
– Não está? – Senti meu sorriso morrer aos poucos.
– Acho que sim, mas... – Ele deixou no ar e não completou.
– Mas...? – O instiguei.
– Mas...
Isaac parou em nossa frente no mesmo segundo com o seu lado do carro encostado no meio fio e Logan encarou o veículo com o semblante triste e um tanto desesperado. Ele estava com medo de andar de carro?
– Logan, posso ir atrás com você, se quiser.
Ele me olhou com a sobrancelha arqueada e rapidamente falou:
– Tá me achando com cara de quê?
Logan era realmente insuportável no quesito: não demonstrar fraquezas. Em apenas um mês com ele pude comprovar isso com força. Era tão chato...
– Com cara de quem sofreu um trauma.
– Qual é, Angel...
– Você quer ou não, Logan? – Perguntei e quando ele não me olhou, puxei seu rosto para mim com a minha mão esquerda já que ele ainda segurava meu braço direito.
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O anjo que me amou
RomanceAngel é uma médica solitária que possui apenas o trabalho como objetivo de vida. Ela não tem muitos amigos, apenas um namorado chamado Henry, um inglês muito charmoso que ela não sabe se gosta ou se odeia. Entretanto, Angel se vê completamente sozin...