– E aí, cara. – Ouvi a voz de Kevin e logo ele surgiu da trilha no meu campo de visão.
– Ouviu quanto?
– O finalzinho. – Ele respondeu ao se aproximar de mim. – Você tá bem?
– Não. Não quero passar por toda aquela porra de novo.
– Relaxa, vamos dar um jeito nisso. – Kevin colocou uma mão no meu ombro e sorriu.
– Como ela sabia que estávamos aqui? – perguntei.
– Alguém deve ter feito check-in no facebook. Enfim, fica tranquilo, irmão. E vamos tentar ser mais discretos nas próximas vezes.
Sorri para o meu amigo.
– É agora que você vai me falar sobre a gata americana? – Ele perguntou e eu ri.
– Não tem muito pra saber, ela é minha cunhada. – Um poço de desânimo me invadiu nesse momento.
– QUÊ?! Impossível que o engomadinho do seu irmão pegou uma gata daquelas.
– Pois é, nem me fale. – Bufei.
– Ahhhhh, saquei. – Kevin riu. – Tá a fim da gata, não tá?
– Óbvio, né? – Revirei os olhos, mas não pude conter um sorriso.
– Óbvio demais. E se me permite dizer, ela não gostou muito de ver você saindo com a Zoe.
O encarei buscando qualquer resquício de que isso fosse uma brincadeira de muito mal gosto, mas não encontrei.
– E vamos combinar, irmão, – Kevin prosseguiu – quem é que sente frio em frente a uma fogueira gigante daquelas? A gata tá na sua. – Ele voltou a rir.
– Não faz isso comigo, desgraçado. – Pedi já cheio de esperanças.
– Então ela é a nova Jully?
– Não a compare com a Jully. – Perdi o riso na hora. – Jully era uma vadia que só começou a namorar com meu irmão por interesse, e eu só fui atrás dela pra dar o troco no Henry por ele ter roubado minha última garota. Jully era mesquinha e interesseira, foi fácil demais fazê-la abrir as pernas. Angel não é assim.
– Eita, calminha aí, irmão. – Kevin ergueu as mãos em sinal de rendição. – Só fiz a comparação porque Angel é a garota do seu irmão assim como a Jully foi, só isso. Já percebi de cara que ela é uma mulher muito foda, diferente da Jully que era uma vagabunda.
– Pois é, a Angel é maravilhosa então nunca mais diga isso. – O fuzilei com os olhos.
– Caralho, tá gamado mesmo, hein. – Kevin riu ao abaixar os braços.
– E não é pelo fato de ela ser namorada do Henry, não tem nada a ver, é só que... – Me perdi nas palavras por um tempo e demorei a encontrá-las. Suspirei. – Angel estava lá quando eu acordei do coma, foi a primeira pessoa que eu vi.
– O quê? – Kevin arregalou os olhos.
– Sim, ela estava lá e foi como se eu estivesse esperando ela chegar pra acordar. Foi assim que me senti, não dá nem pra explicar porque é estranho demais...
– Cara, isso é estranho mesmo. Quase mítico. – Kevin parecia analisar a situação e não pude evitar um riso.
– Sim, é exatamente essa a palavra que eu procurava. Eu não sei explicar, só sei sentir. Eu virei um puta emocionado do caralho. – Reclamei ao final.
Kevin começou a rir abertamente de mim e revirei os olhos.
– Filho da puta. – Xinguei.
– Vamos voltar logo que a sua garota tá com frio, garanhão. – Ele permaneceu rindo enquanto se dirigia à trilha, era um filho da puta mesmo.
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O anjo que me amou
DragosteAngel é uma médica solitária que possui apenas o trabalho como objetivo de vida. Ela não tem muitos amigos, apenas um namorado chamado Henry, um inglês muito charmoso que ela não sabe se gosta ou se odeia. Entretanto, Angel se vê completamente sozin...