Capítulo 20:

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R.A.B:

Dois meses haviam se passado.

Desde o dia em que James me levou a aquele campo, nós ficamos mais próximos. Chegamos a um acordo silencioso de não tocarmos no assunto do beijo.

Porém isso não fez o acontecimento desaparecer das nossas memórias.

Quase toda noite sonhava com aquilo, e pelas reações de James toda vez que os marotos mencionavam no assunto, sabia que ele estava com o mesmo problema que eu.

De certa forma esses dois meses serviram para eu perceber, o que estava sentindo. Só não sabia ao certo o que fazer em relação a isso. Quer dizer, seria estranho seguir os conselhos de Dora.

"- O que está esperando? Pula logo nele, e tasca um beijo!!!"

"- Você pode falar que gosta dele, e sair correndo."

"Chega nele e pergunta : Você quer juntar nossos trapos."

Essas sujestões foram algumas das milhares que recebi da mesma, quando lhe contei o que estava sentindo. Tinha a suspeita que o tempo que ela estava passando com Kat estava afetando seus conselhos.

Na noite seguinte os marotos tocariam em um pub. James me fez prometer que eu os iria ver. Dora e Kat iriam também. Sorri com os olhos fechados, ansioso para o dia de amanhã.

Um estrondo alto.

Pulei pelo susto.

Abri os olhos sentando na cama ao ouvir os gritos raivosos dos meus pais.
Olhei o relógio 01:02 da madrugada.

Suspirei coçando os olhos. Odiava quando eles brigavam daquele jeito.
Consegui ouvir o barulho de algo quebrando seguidos pelos gritos dos meus pais.

- ISSO É SUA CULPA!

- MINHA CULPA?! VOCÊ QUE FICA GASTANDO COMO LOUCA!

Me encolhi na cama ao ouvir um vidro quebrando seguidos por dois berros. Um grito de dor, outro de raiva.

Sempre que algo do tipo acontecia, eu tentava intervir antes que um deles se matassem. Mas isso se mostrava inútil, já que os gritos sempre se voltavam para mim.

Não importava quantas vezes isso acontece, eles sempre voltavam ao normal no dia seguinte, agindo como se nada tivesse acontecido.

Amanhã tudo ocorreria como se nada tivesse acontecido. Haveria beijos e sorrisos "amorosos" voltados ao outro. De novo.

Infelizmente, isso não faria com que minha insônia fosse embora. O ruim de se importar com as pessoas erradas era que querendo ou não, uma pequena parte minha, sempre se importava.

Peguei meu celular em cima da cômoda. Precisava me distrair dos gritos.

Cliquei no WhatsApp vendo que James estava online.

Não custa tentar, pensei.

"Quer conversar?" Mandei.

Demorou cerca de segundos para ele responder.

"Claro! Você tá bem?"

"Não consigo dormir."

Ele visualizou a mensagem mas não respondeu. Franziu o cenho confuso quando a parte de cima da tela mostrou que ele estava Off-line.

Quando quase cogitei a ideia de que ele havia me ignorado e ido dormir, meu celular tocou.

Arregalei os olhos surpreso ao ver o número de James. Atendi no segundo toque.

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