O acordo diabólico

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A voz sinistra já não saía da minha cabeça desde que eu recebi aquela ligação, e desde aquele dia não consigo nem chegar perto do meu celular, pois a sensação que eu tenho é que a qualquer momento alguém vai arrombar a minha porta e apontar uma arma diretamente na minha cabeça.
    Tá, eu sei que isso pode ser exagero da minha cabeça, mas o medo que despertara em mim não é à toa. Nessa semana eu só consegui sair de casa umas três vezes, e em todas as vezes que eu saí aquela percepção de que estou sendo observado, a nuca queimando, me perseguiu por todos estes dias.
    O que me amedrontou ainda mais.
E por mais que eu ande para baixo atualmente, o que está me colocando para cima é as mensagens quentes que recebo de um rapaz. Eu fico todo bobo quando ele me elogia, diz palavras bonitas, que parecem que estou ouvindo bem pertinho do meu ouvido de uma forma sensual e que é capaz de me dar calor.
Ás vezes, quando eu não tenho nada para fazer, também trocamos fotos provocantes, até que ele abre a vídeo chamada e nós dois nos tocamos, olho no olho, mesmo a distância. Todo o ambiente parece pegar fogo quando meu corpo está quente e pingando a suor.
Eu amo essa loucura. Sair do eixo faz bem.
Ao virar meu rosto para encarar a luz fraca que entra no meu apartamento, eu escutei o som do meu celular anunciando que uma mensagem acabou de chegar para mim. E por mais que pode ser neurose minha, o medo de ser uma mensagem super ameaçadora perturba as minhas ideias, mas peguei mesmo assim.
Quero falar com vc. Vamos nos encontrar? — Gabe
Eu me sentei no sofá e suspirei fundo, sentindo o meu coração bater forte no meu peito, parecendo pronto para romper o meu peito e escorregar pelo corpo até cair no chão. Ele quer conversar agora que a merda já estava feita?
E por mais que minha consciência diga não o meu coração é muito mais solidário para quem não presta, então lá vamos nós ter que suportar mais uma merda. Mas a vida, de certo modo, é imprevisível pode ser que ele esteja precisando de mim, pois é o que ocorre quando as pessoas são vacilonas com outras; a vida está aí para cobrar todas as pessoas que fazem filha da putagem com outras. E estarei disponível para ajudar, mas com um sorriso interno lembrando o que ele me fez.
    Soltei um suspiro, meus ombros levantaram e desceram cautelosamente, e eu peguei meu celular e teclei a resposta para ele, por mais que eu nem esteja nem um pouco a fim de olhar para a cara dele novamente.
Te encontro na tua casa, então.
    Mordi o meu lábio inferior pensando na grande burrada que estou fazendo para a minha vida, mas não tem para onde correr agora, é hora de enfrentar as feras do passado que nos ronda.
    E logo veio a resposta, rápida até.
Te espero aqui.
    Eu nem me prolonguei muito, pulei logo do sofá e fui para o banheiro onde tomei o banho mais ligeiro da minha vida e depois me arrumei, pois quero mostrar que estou muito bem na parada, melhor até que ele.
    Para ele me mandar mensagem, do nada, para dizer que quer conversar comigo significa que ele não deve estar bem com alguma coisa. Precisa de alguém para conversar, e essa dúvida me seguiu até o momento que o carro que eu pedi pelo aplicativo chegara. A viagem foi toda silenciosa, o único som que eu escutava era da rádio ligada no carro e os carros na pista, fora disso mil coisas passavam pela minha cabeça sem eu ter uma resposta concreta.
    Gabes foi uma das melhores pessoas que eu conheci e me pergunto onde é que eu estava com a cabeça quando eu deixei de falar com ele por causa de homem. Um homem que por muito tempo só me usou para sexo, apesar de eu ter demonstrado todo o meu amor por ele.
    Bastou uma mensagem de um antigo amigo que eu me dei conta que quem estava errado era eu com a minha soberba, a minha prepotência, e por um momento quis me jogar daquele carro por minha extrema burrice de ter trocado uma amizade por um bandido qualquer. Que nem o meu pai, ou até pior. Nunca vou saber, na verdade.
    Quando eu vi a casa dele ele já estava lá na frente me esperando, com o rosto todo inchado de tanto chorar, que ao ver ele daquele jeito fez meu coração se quebrar em milhares de pedaços.
Imediatamente paguei o motorista e depois sai daquele carro às pressas, abraçando Gabes que afundou o seu rosto no meu ombro e chorou copiosamente, um choro de dor. E eu não entendi o que houve, mas senti que ele precisava de mim.
– O que aconteceu? – sussurrei.
– Acho que nem você vai acreditar no que vou te dizer agora – respondeu, baixinho.
    Era a primeira vez que eu estava vendo o Gabes abalado com alguma coisa, pois ele tremia e soluçava, e as palavras dele começaram a me preocupar.
    – Me conta lá dentro, pois acho bom você tomar uma água com açúcar, Gabes. Está precisando para se acalmar – falei, guiando ele portão a dentro para a casa.
    Na cozinha, Gabes se sentou e tomou a água com açúcar em um silêncio que chegara até a me incomodar, olhando fixamente para o chão, mas o rosto ainda inchado pelo choro. E a essa altura eu já estava impaciente, querendo saber o que houvera para ele estar tão abalado.
    Seja o que for ele está tenso, temendo me contar, e conhecendo só pode ser algo que me envolva. E de repente arregalei os olhos, o meu coração batendo e ecoando por todas as partes do meu corpo.
    Ele só pode estar sendo ameaçado pelo mesmo desgraçado que está me ameaçando pelo telefone, mas a pergunta que não quer calar é: por que logo ele sendo ameaçado? O que ele sabe ou o que ele está escondendo?
Fiz um muxoxo e me sentei bem de frente para ele, querendo que ele acabe de uma vez com esse mistério.
– Me conta, Gabes.
Ele me encarou.
– Eu tenho medo, Lucas.
Eu pus a minha mão por cima da dele, sorrindo. Tudo o que ele precisa era de uma força para contar o que está acontecendo.
– Eu recebi uma ligação essa manhã de uma voz estranha, e seja quem for levou a minha mãe – contou.
Arregalei os meus olhos.
– A sua mãe foi sequestrada? Mas como isso ocorreu? – Não pude esconder a minha revolta. – A gente tem que ir na polícia imediatamente.
Me levantei para tomar todas as providências, mas Gabes segurou o meu braço.
– Nós não iremos a lugar nenhum, pois se trata da vida da minha mãe, Lucas. Se envolvermos a polícia nisso pode ser o fim dela, sendo assim, eu vou dar o que eles estão pedindo – disse.
– E o que aqueles cretinos querem? – perguntei, curioso.
    – Querem grana, muita grana – respondeu, dando um tapa na mesa. – Além da cabeça do Leléo.
    Senti um aperto no peito, mas engoli em seco também. Tais palavras me machucaram e me pegaram de surpresa. Jamais imaginei que o amante iria se livrar dele tão facilmente.
    – Mas você não pode fazer isso!
    Não consegui esconder a minha revolta, e ele me encarou, incrédulo, mas também muito chocado com a minha atitude.

Desculpa a demora, meus amores! E perdão também pelo capítulo curto, pois esse foi o meu retorno e concluí logo esse livro. E só falta 2 capítulos para encerrarmos o primeiro arco desse livro (e o final vai ser babado, eu garanto). Bjs!

Apaixonado Pelo Dono Do Morro (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora