Golpe fatal

194 10 1
                                    

Eu definitivamente fiquei surpreso quando a cabeça de Leléo está em jogo agora, mas Gabes não queria contar para mim o que deu nele de querer algo assim, mas também não sei se serei capaz de entregá-lo tão facilmente.
    Apesar de eu ter raiva do meu ex, colocar o dele na reta agora não é uma das coisas que eu quero fazer, e sim: eu ainda não consigo me esquecer dele. Eu definitivamente preciso dele.
    Estou há alguns minutos olhando para a cara de Gabes, sem ter reação nenhuma, pois dentro de mim o que ele quer fazer é praticamente querer se igualar a ele e ao meu pai. Não quero um amigo meu metido no crime. Por mais que o sangue dele esteja fervendo por uma porra de vingança.
    Mesmo assim não passa de uma loucura para inflar um ego.
    — Não irá dizer nada? Você está aí, parado, quieto — pergunta, exasperado.
    — Não tem nada para dizer, Gabes — respondi, seco.
    Eu não queria ficar para ter que ouvir absurdos, então eu viro as minhas costas fazendo um muxoxo quando ele me dá uma chave de braço, mas eu começo a dar tapas no braço dele.
    Até me surpreender com um estilete bem em direção ao meu pescoço enquanto o antebraço dele prende o meu corpo com uma força que eu nunca vi ele usar na vida.
    — Vai para onde?
    Por um momento estou sentindo medo, mas mais ainda ódio.
    — Eu quero que me solta. Já pensou o que a polícia vai achar quando eu começar a gritar e os vizinhos ouvirem?
Ele ri.
— Eu estou pouco me fodendo com o que esses cretinos pensam ou tentariam fazer, pois antes mesmo de eles se quer pensarem em ligar para a polícia eu já teria te mandado para o inferno e eu me mandaria daqui — disse, aproximando ainda mais a lâmina no meu pescoço. — Eu tenho muita grana para isso. E você, sua vagabunda? Tem o quê para te salvar desse inferno?
Gabes ri alto, praticamente insano.
— Você não tem nada, nem grana pra sobreviver direito. Já pensou a onde você vai estar para ter tanta grana? — disse, me jogando contra o chão.
— Você não precisa fazer isso e estragar a sua vida, Gabes — eu pedi. — Você tem um caminho brilhante para trilhar pela frente.
Ele faz uma careta de cansado e revira os olhos, jogando o estilete longe.
— Eu nunca estragaria a minha vida como você estragou se envolvendo com aquele bandido — respondeu, alterado.
— Acho engraçado você jogar isso bem na minha cara, já que você provou do mel dele também, Gabes — respondi, dando uns tapas na parede. — Não seja hipócrita ao ponto de negar isso.
Ele balança a cabeça em afirmativa.
— Isso eu não nego mesmo, mas você nem sabe o porquê de eu ter virado o amante dele, meu querido — sorriu diabólico.
Esse sorriso me assustou, pois meu coração parecia saltar do meu peito, sabendo que ele deve ter planejado alguma coisa. E se tratando do Leléo posso até imaginar, mas eu queria me negar que isso realmente ocorrera.
De repente, Leléo voltou a fazer parte da minha vida e tudo o que eu quero é me encontrar novamente com ele, mas ao mesmo tempo meu orgulho grita, querendo que eu não faça nada por ele até ter se esquecido de mim.
Leléo é desses que usar a gente e no momento certo se desfaz, mas mesmo assim eu vou com ele até o fim.
Seguindo o meu instinto, a minha mão ardeu no rosto dele, que se desequilibrou um pouco e depois me olhou exasperado com a mão no rosto. Eu não daria esse gostinho para ele fazer o que bem entende comigo e ficar por isso mesmo.
— Seja lá o que você fez ainda irá pagar muito caro por isso, pois sabemos que a tropa do Leléo não vai te perdoar nunca — falei, apontando o dedo na cara dele.
— Realmente é ver para crer o que aquele canalha fez com você — disse entre dentes.
    — Eu não quero os seus achismos de como eu fiquei por conta do Leléo, me escutou? — perguntei, com o dedo indicador na cara dele.
    — Agora vai lá, sai daqui, sai — disse, amargo.
    Eu nem expliquei mais nada para ele, apenas virei as costas e saí dali o mais depressa possível para sair daquela situação embaraçosa, repugnante, e quando cheguei em casa eu apenas queria me jogar no sofá e ver televisão, cochilar um pouco. A mente precisa de um descanso assim como o corpo. Nesse caso eu queria dormir de uma vez por todas.
    Está sendo cada vez mais caro estar vivo ultimamente.
    A gente tá pagando caro demais.
    E claro que eu tinha que cochilar e acordar apenas de noite, vendo tudo escuro ao meu redor, apenas a televisão ligada iluminando pouco ao meu redor e a luz dos postes entrando pela janela junto com vento um pouco gelado.
    Me levantei do sofá e fui diretamente para o banheiro, onde liguei a torneira e fui jogando uma água no meu rosto, fechando e me olhando no espelho em seguida.
    Será que o Leléo está bem?, me peguei pensando na pergunta que não queria se calar.
    Á essa altura o bofe deve estar bem longe daqui, pois certamente ele deve estar sabendo que a polícia está indo atrás dele. E tudo o que Leléo não queria vai acontecer. Ele finalmente vai ser preso por ser dedurado por aquele que ele confiou como um amante dele, já que me descartou como se eu não fosse nada.
    Mas foda-se mesmo. Eu ao menos teria ficado de bico calado, e jamais o deduraria para a polícia ou para qualquer outra pessoa, pois eu o amo mais do que tudo. Me esquecer dele — ou ignorar que ele existe — nunca que iria acontecer. Agora ele que aguente com as suas consequências. Quem muito procura, muito acha.
    Sequei o meu rosto com a toalha e depois voltei para a sala onde eu liguei o abajur para iluminar um pouco o ambiente, para livrar aquela depressão que assolou o ambiente.
    Meu estômago roncou com a fome e me lembrei que não tinha comido nada ao longo do meu dia.
    Mas o anúncio da notícia urgente me chamou a atenção que me fez olhar diretamente para a televisão onde surgiu a repórter de meia idade e cabelos castanhos claros e lisos caindo nos ombros. Ela vestia um terninho cinza escuro muito elegante e tinha olhos marcantes e expressivos.
    — Acaba de ser preso agora pouco o traficante Leonardo Proença de Sá, mais conhecido como Leléo — anunciou ela, séria.
    Ali não consegui mais ouvir nada, pois o meu mundo desabou sob meus pés ali mesmo. A mão que eu levei para os meus lábios estavam trêmulos, e eu tive que me sentar, pois as minhas pernas tremularam também.
    — Junto com ele alguns mais que foram presos foram encontrados trouxinhas de cocaína e maconha, além de mais de cem mil reais em espécie — disse a repórter. — No Jornal das Oito voltaremos com mais informações sobre o caso.
    Eu desliguei a televisão e joguei o controle longe, ainda em choque.
    — Meu Deus. Por que?

Voltei! Demorou, mas cheguei e agora prometo que vou cuidar bem dessa estória, pois como estou com computador, agora vai ser mais fácil publicar os capítulos. Beijos! Boa leitura, pessoal!

Obs: os capítulos vão ser publicados todo o domingo.
   
   

   

Apaixonado Pelo Dono Do Morro (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora