Uma mentirinha

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Os dias pareciam longos anos onde eu estava apenas vivendo, mas na espera da minha morte a qualquer momento. Eu gostava de pensar que bateria um arrependimento por parte do meu pai, e ele finalmente me tiraria desse inferno.

A vida de um filho cujo progenitor é um bandido filho da puta é uma verdadeira merda.

Senti-me um pouco tonto naquela manhã em que algumas vozes foram escutadas bem no corredor que dava acesso para o grande salão onde eu estava, que parecia mais um cenário de um filme de terror onde a final girl estava a mercê do assassino insano que antes de matar gosta de fazer joguinhos. Porém, o que me dói ainda mais é saber que Leléo não apareceu e nem tramou nada para me tirar dessa merda toda. O meu coração se machuca toda vez que eu penso nisso.

As duas sombras voluptuosas que se espalharam na parede estavam agitadas, as vozes um pouco alteradas de dois homens que pareciam discutir algo, mas eu só ouvi um pouco de cada palavra como "arma", "confuso" e "operação". E seja lá o que for isso não é muito bom, pois definitivamente eles querem invadir algum lugar para marcar território.

A minha garganta seca estava querendo água, pois como estou aqui há alguns dias eu mal estou raciocinando direito. Tudo ao meu redor estava girando e a minha visão ficando turva, o suor á essa altura já aquecia todo o meu corpo.

E depois não vi mais nada.

Eu acordei bem depois sentindo um cheiro muito forte de álcool perto do meu nariz, me fazendo dar um sobressalto. Me fez piscar por alguns segundos até a minha visão voltar ao normal e eu me deparar com o meu pai. Ele estava com um pedaço de algodão úmido com álcool, e aquele sorriso cômico estampado nos lábios era o mesmo.

— Eu quero você bem — disse ele, decidido. — Tanto que mandei trazer algo para você comer para que me conte absolutamente tudo o que eu deva saber. O tempo que você passou dormindo com aquele marginal deve ter servido de alguma coisa.

Se ele pensa que vai ser tão fácil assim me fazer abrir a boca e dizer tudo o que ele precisa saber estava muito enganado. E nesse momento eu tenho que comer pelas beiradas antes de dar o ataque principal. Eu definitivamente vou bagunçar a porra toda, que todos ficaram chocados.

Realmente ele era um homem astuto — observador demais — sabendo até o exato momento em que uma pessoa está sendo filha da puta com ele. E não mediria esforços para acabar com essa pessoa, mas como eu tenho o sangue dele claro que eu não ficaria para trás.

Eu dei o meu melhor sorriso vendo que um carinho estava ecoando ao ser arrastado, todo muito bem arrumado com uma toalha branca e com algumas delícias em cima que realmente eu não tinha como ignorar. Seria até indelicado da minha parte não olhar aquela comida toda, parecendo me chamar.

— Você realmente me conhece, pai — sorri.

— Claro que macarrão com queijo e um pouco de salsa por cima é o seu favorito, filho — disse ele, pegando um cigarro baseado e colocando entre os lábios. — Por isso mandei caprichar. Afinal, sinto muitas saudades da gente sentado na mesa e jogando conversa sobre o que aconteceu no dia-a-dia.

Estava tudo muito perfeito até você se transformar em um doente, daqueles que não se contenta em levar qualquer pessoa com você para a sarjeta. E eu não serei uma dessas pessoas. Estou fazendo um esforço tremendo para não me arriscar aqui e enfiar a faca que estava em cima do carinho bem na garganta dele.

Eu sentiria prazer de ver o corpo dele no chão, debatendo até respirar pela última vez e ir direto para o inferno. Quem sabe lá ele não fica bem vendo os seus semelhantes para te fazer uma boa companhia.

Eu dei o meu melhor sorriso.

— Eu também sinto, pai.

— A sua mãe era uma cozinheira de mão cheia. Fazia a melhor feijoada de comer rezando.

Apaixonado Pelo Dono Do Morro (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora