Quando eu finalmente vi a luz do dia assim que coloquei meus pés no grande estacionamento que agora nada mais é que um mero emaranhado de mato alto, pude finalmente me senti livre novamente. O ar com cheiro de mato, o som dos passarinhos e as folhas batendo uma com a outra sob o toque do vento assoprando como uma música para os meus ouvidos me preenchia por completo.
Inclinei minha nuca e ergui o nariz um pouco para cima, fechando os olhos e respirando o ar fresco assim que fechei os meus olhos, logo soltando o ar que coloquei para dentro dos meus pulmões. Me imaginei deitado na cama ao lado de Leléo depois da gente foder gostoso, felizes como se fôssemos únicos no mundo.
Porém, aquelas mãos que sinto toda a repulsa quando me toca apoia nos meus ombros e aquele desagradável cheiro enjoativo do perfume que ele usa preencheu as minhas narinas, logo me dando a sensação de que iria vomitar.
— Você tem pra onde ir? — perguntou ele.
Aceno positivamente.
— A casa do Gabes.
— Vejo que você ainda é muito amigo desse rapaz — disse com certa amargura na voz. Parecia uma decepção que ele nunca demonstrou antes, mas não me surpreende. Ele acha que é a única pessoa perfeita na minha vida, daqueles que merecem a minha atenção.
É muito narcisismo da parte dele.
— Ele é muito o meu amigo e nunca que iria desamparar ele, pai — justifiquei. — O Gabes é uma pessoa um pouco sozinha naquela casa imensa.
— Aquelas paredes devem ouvir muitos gemidos — riu.
Eu olhei para trás com um olhar reprovador, porém isso não pareceu intimida-lo. Essa é uma das partes que eu mais detesto nele. Ele nunca se toca quando está falando muita merda, nem pensa em parar até diminuir alguém ao ponto da dignidade de uma pessoa estar toda no chão.
E eu sinto que está na hora disso acabar de uma vez por todas quando eu assistir ele cair envolta de uma poça de sangue quando eu der um tiro bem na cabeça dele. Não quero nem sossegar. A única coisa que eu sei é que eu tenho que planejar tudo de uma forma que não dê errado, mas claro que vou necessitar de uma ajuda para executar tudo perfeitamente.
Imaginar que finalmente a minha mãe vai ser vingada depois de tudo o que ocorreu com ela pelas mãos dele me conforta demais.
— Pelo amor de Deus, pai.
Ele ergueu as mãos como se rendesse, fazendo um biquinho.
— Força do hábito, filho — replicou. — Desculpa.
Revirei os olhos. Como esse babaca do caralho me irrita. Mas é claro que eu estava me esquecendo do meu celular que me foi tirado quando eu vim para cá. E torço para que esteja sem bateria, e que ninguém viu alguma mensagem comprometedora que prejudique o meu plano. Esse lampejo me preocupou.
— Onde está o meu celular, pai? — perguntei.
Ele sorri e enfia a mão no bolso com um sorriso convencido, tirando de lá o meu celular, estendendo para mim.
— Só está sem bateria.
— Isso eu resolvo — afirmei.
No fundo, eu estava aliviado que ele não viu nenhum conteúdo ou conversa no meu celular que me comprometa, e também o Leléo. Peguei o celular da mão dele e enfiei no bolso.
— Se você quiser eu te levo — disse ele.
— Não precisa — suspirei. — Eu estou mentalmente cansado e só quero por a cabeça no lugar. E para isso terei a ajuda do Gabes, que ainda é meu melhor amigo, pai.
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Apaixonado Pelo Dono Do Morro (Romance Gay)
Teen FictionLucas Freitas tinha uma vida perfeita, até a sua família outrora rica falir de vez até pararem na Comunidade da Esperança. Lucas tem uma relação de cão e gato com o dono do morro, que tem uma passagem muito longa pela polícia mas que não esconde o...