Um reencontro indesejado

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Os anos que eu passei em Paris não foram suficientes para mim esquecer o que tudo aconteceu aqui no Brasil. Eu estava inseguro, mais uma vez, naquela última semana. Nem as melhores coisas que ocorreram comigo lá em Paris foi capaz de me tirar todo esse passado que eu criei aqui. Um passado nada agradável que agora não tem como ser apagado, por escolhas erradas que eu fiz.
Lá em Paris terminei os meus estudos e fiz muitos cursos de maquiagem, ganhando certificado internacional. Estou de volta ao meu país para encarar de frente o meu passado que eu deixei aqui, mesmo não querendo por medo.
Porém, o medo deve ser deixado de lado tratando-se de encontrar o paradeiro da minha mãe, e toda a culpa que o meu pai deve ter para o desaparecimento dela. Essa e mais alguns motivos me trouxeram de volta.
Trouxe comigo mais ou menos 39 mil reais na minha conta para eu poder alugar um apartamento para mim, então optei por um baratinho, bem simples e pequeno em Ipanema. Entrei no táxi e logo o motorista se virou para me encarar.
— Para onde, senhor? — perguntou, célere.
Para o quinto dos infernos, eu queria dizer.
— Para o meu apartamento em Ipanema, na primeira esquina, senhor.
O carro acelerou e senti o meu coração dançar dentro do meu peito como uma passista de escola de samba, nervoso demais para encarar de frente o meu destino que tanto me aguardava aqui nesse país. Pois eu não queria retornar. Eu tinha mudado a minha cabeça, entrei em um novo relacionamento que não durou muito tempo e quase me afoguei na solidão da escuridão com medo de qualquer outro relacionamento.
A vista da praia de Ipanema estava ao meu lado, com pessoas por toda a parte da areia, animadas, e ali algo me dizia que tinha algo de errado. Quando o motorista disse algo sobre uma briga que teve com a família e virou à direita, eu logo ergui os meus olhos e apontei falando para ele parar em frente do prédio e imediatamente para em uma freada brusca.
Paguei a ele e ngm pedi para que ficasse com o troco, abri a porta e ele veio logo em seguida para me ajudar com a mala.
— Tenha uma boa semana — sorriu gentil.
Eu tentei dar o meu melhor sorriso, entretanto, com o meu humor apurado não consegui dar um sorriso verdadeiramente largo, apenas assenti e desejei a mesma coisa enquanto o porteiro vinha apressado em minha direção para me ajudar a carregar a mala para dentro do prédio. Quando o carro saiu manobrando para o asfalto o agradável cheiro da maresia foi tentadora demais para que eu não fosse até a beira-mar ver a movimentação e o mar.
— Sr. Lucas — o porteiro calvo com alguns fios grisalhos sorriu. — Que bom que chegou.
— Algum problema por aqui, Alberto? — eu quis saber, pois a forma que ele me abordou com aquele sorriso foi suspeito.
Ele parecia tenso.
— É que... tem um moço esperando por você — respondeu. — E eu o deixei subir.
Eu me estressei, não posso negar, mas por dentro. Por fora tive que dar o meu melhor sorriso e xinguei mentalmente em nome do porteiro incompetente que deixou um estranho entrar no meu apartamento. Ele me guiou com as malas até o elevador em silêncio, e quando o mesmo chegou meu coração se acelerou ainda mais tamanha foi a ansiedade para ver quem estava sentado no meu sofá.
Apertei o número 12 e juntei as malas próximo a mim e esperei alguns segundos até que chegasse no meu andar. Que tipo de porteiro deixa qualquer um entrar no apartamento de um morador, pois, sendo um estranho, um dia ele comete o mesmo erro com outro morador e uma tragédia ocorre, talvez um assassinato. Não posso negar que o medo me assolou, estaria mentindo se dissesse que não, mas seja quem for deve ter uma boa explicação para subir no meu apartamento a fim de me esperar chegar.
O elevador emite um som avisando que eu cheguei no meu andar e eu suspiro antes de sair, logo avistando a minha porta que fica no fim do corredor com portas de lado a lado. Entro no apartamento pois a porta já estava aberta e, para a minha desagradável surpresa, sentado no sofá, avisto aquele que foi o meu sonho e o meu maior pesadelo quando eu era um jovem tolo. Leléo me encara surpreso, lindo como sempre, dessa vez com uma barba rala, uma camisa floral aberta no peito e um colar de ouro.
Engulo em seco e sinto meu membro mover a minha cueca.
— Acho que vou ter que avisar o síndico que o porteiro está deixando qualquer pé rapado entrar no apartamento — eu disse, firme.
— Achei que estivesse feliz em me ver — se levantou.
Eu neguei com a cabeça.
— Apenas chocolate me deixa feliz — respondi.
Ele inclina os lábios para o lado em um sorrisinho maroto. Eu não queria responder a palavra de carinho e ao seu aroma amadeirado do perfume que exalou no corredor, quase me fazendo ceder. Mas o passado continua firmar na minha vida.
— Chocolate e piroca. Tem combinação perfeita?
Eu abri a boca para responder, mas seu corpo é jogado no meu e seu pé empurra a porta, a fechando, e seus lábios já estão nos meus podendo sentir o hálito refrescante de menta com cigarro que sai da sua boca. A sua mão aperta a minha cintura com desejo e o beijo se intensifica, e quando menos esperei, suas mãos já estavam dentro da minha calça com seus dedos tateando até o seu dedo do meio encontrar o ânus e apertar de leve o anel.
O seu beijo apaixonado e cheio de saudades que muitas vezes, quando eu estava em Paris, me tirou o sono, assim que parou e vi nossos lábios se descolando, só foi a prova para eu o desejar ainda mais naquele precioso tempo.
— Por que acabou com este momento tão lindo entre a gente? — questionei, confuso.
Sua mão foi tirado de dentro da minha calça.
— Eu preciso contar uma parada pra tu, tá ligado? — Sua expressão se suavizou e me deixou uma pontada no peito, pois o conheço toda vez que ocorre algo grave. — No tempo em que você estava fora do Brasil, eu comi o seu ex-amigo. Ele veio até a mim chorando, dizendo que o namorado terminou com ele e eu dei um trato.
Eu fiquei estático no lugar. Despertou em mim uma ira descomunal que nem eu sabia que estava dentro de mim.
— O QUÊ? — exclamei.
Ele deu de ombros.
— Eu estava carente e necessitado — justificou.
Acertei-lhe um tapa no rosto e o empurrei até a porta, com ele chocado, me encarando, supostamente com raiva pelo meu tapa ter sido tão forte.
— Então corre pros braços dele e esqueça que eu existo, seu merda! — Abri a porta e o empurrei para fora pondo na minha cabeça que eu nunca mais iria vê-lo. Quando fechei as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
Errei quando eu decidi me unir com ele em sua cama.

Hey migles! I'm back, bitches. E desculpem-me a demora de voltar com a estória, pois eu estava com bloqueio.

Apaixonado Pelo Dono Do Morro (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora