Os minutos que passaram dentro daquela casa mais pareciam horas eternas. Leléo estava recostado na parede, a pele brilhando por conta do suor, e eu estava sentado em uma poltrona velha toda empoeirada só absorvendo todo o silêncio ao nosso redor.
Aqueles cretinos já saíram para ir atrás da gente, achando que estávamos em pontos diferentes do morro, mas certamente eles podem voltar a qualquer momento. Sem contar que os "amigos" de Leléo devem vir também sentindo-se traídos por ele.
Leléo parou bem na minha frente e segurou o meu rosto com cautela, a mão gelada pelo nervosismo, por mais que o seu rosto não deixe isso claro. É claro que ele está muito puto com toda essa situação, procurando um jeito de sair por cima e nos salvar dessa situação lamentável.
— A gente vai sair dessa — garantiu. — Você vai ver.
— Eu quero matar ele — falei. — Quero acabar logo com isso de uma vez, amor. Acho que só assim vamos ser livres de verdade.
E eu não estava mentindo. Era o que eu mais queria fazer com ele para finalmente me ver longe de toda essa situação maldita, que me deixa mal a cada vez que penso na imagem do meu pai. E ele não pode nos encontrar neste momento, pois eu ainda tenho muita coisa preparando para foder com a vida dele. De uma vez por todas. Quero ele no inferno, como deve ser.
— E eu confio em você.
Eu só abracei Leléo e depois nossos lábios se encontraram em um beijo intenso, enquanto os sons de passos e vozes dando ordens seguiram lá fora. Por um momento, olhei de canto para ver se eles parariam na frente da casa e a gente parou de se beijar quando uma sombra parou em frente à porta. Tive que pegar uma arma que estava a nossa vista e Leléo sacou a arma dele depois de tirar de dentro do cós da bermuda.
— Esses dois tem que estar aqui — falou, firme. — Se a gente não levar a cabeça daquele filho da puta nós é que vamos morrer. Ir para a terra dos pés juntos não está nos meus planos, pô.
Apontei a arma em direção a porta quando eles começaram a forçar para entrar naquela casa, o meu coração querendo estourar o meu peito e cair no chão, mas me contive na minha posição. Hoje quem morre é ele, pois não irei permitir que ele vença novamente. Já teve sofrimento demais.
E quando a porta foi ao chão eles nem piscaram direito, pois eu e Leléo atiramos juntos. Foram uns oito tiros até os corpos daqueles trogloditas caírem no chão todos furados. A coisa mais linda que eu já vi na minha vida.
— Vamos, Leléo. A gente tem até mais um tempo para sair daqui o mais depressa possível — falei, guardando a arma no cós da minha calça.
A gente saiu, olhando em nossa volta para ver se não vem ninguém nos dois lados, mas com toda a certeza deve ter homens de ponta a ponta na comunidade. Daqui por diante pode ser difícil, mas temos que dar um jeito de meter o pé.
Eu não vou morrer. E nem vou deixar ele morrer também.
— Á essa altura deve ter homens em cada ponta. Pode ser arriscado — falou, preocupado.
Coloquei as duas mãos no rosto dele e dei um selinho rápido.
— A gente vai dar um jeito de sair daqui nem que a gente mate qualquer um que atravesse o nosso caminho, amor — assegurei. — Eu cansei de esperar as coisas. Não aguento ver todo mundo se fodendo em minha volta e eu não fazer nada, mas agora tudo isso mudou. Já me fodi muito para chegar até aqui e não vou voltar atrás.
— Manda aí o plano, então.
— Me bate — pedi. — O mais forte possível.
Ele arregalou os olhos.
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Apaixonado Pelo Dono Do Morro (Romance Gay)
Teen FictionLucas Freitas tinha uma vida perfeita, até a sua família outrora rica falir de vez até pararem na Comunidade da Esperança. Lucas tem uma relação de cão e gato com o dono do morro, que tem uma passagem muito longa pela polícia mas que não esconde o...