Capítulo 4

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Uma noite longa, pra uma vida curta

Mas já não importa, basta poder te ajudar

E são tantas marcas que já fazem parte

Do que eu sou agora, mas ainda sei me virar

(Lanterna dos Afogados — Paralamas do Sucesso)


Hazel


Boa noite, Hazel... Não princesa nem amorzinho. Hazel.

— Que merda de dia estranho... — desabafo comigo mesma.

Não sei se consigo, mas tentarei com todas as minhas forças não pensar mais nele. Por hoje.

E sei, só de olhar para o visor, que o toque do celular sobre a mesinha de cabeceira me ajudará a mudar o rumo das minhas preocupações.

— Oi, estrela — cumprimento-o.

— Oi... — É tanta dor contida nessa simples saudação que me rasga a alma. Tive muita raiva de Oliver nas duas primeiras semanas depois do sumiço de Bia, mas hoje só sinto pena. — Ela...

— Não, Oliver. Nada. Infelizmente, nem uma mísera mensagem em resposta às dezenas que enviei suplicando por notícias. Ela nem sequer visualizou. Sinto muito.

— Estou com tanto medo. — Suas palavras saem entrecortadas por soluços que ele tenta disfarçar.

Se eu pudesse ser honesta com ele, diria que também estou. Porém, neste momento, o que ele precisa é que eu tente convencê-lo do contrário.

— Não tenha. Ela só está magoada, precisa de um tempo. Mas está segura e não fará nenhuma maluquice, conheço Bia. Logo dará notícias. — Assim espero.

— Já faz mais de um mês...

— E os investigadores? Alguma pista?

— Não. Estou começando a rever as gravações de todos os terminais rodoviários eu mesmo. Provavelmente deixaram passar algo por não a reconhecerem.

— Você vai assistir a todas aquelas filmagens? Isso levará...

— Meses... Sim, eu sei. Mas é o que me mantém de pé. Não tenho outro motivo para querer continuar, Hazel.

— Não diga merda, Oliver Rain. — As palavras dele junto ao som pesado da sua respiração me trazem lágrimas aos olhos. — Vou ligar para Laura assim que desligarmos. Acho que faz tempo demais que ela não lhe dá uma boa surra.

— Apanhei bastante no último mês. Infelizmente, a dor das porradas não superou a que carrego comigo. Peça para a minha avó caprichar.

— Pedirei.

— Venha até aqui, achei alguns vídeos dela no meu telefone que nem lembrava que tinha feito. Um é de vocês duas no karaokê. Quero te mostrar.

— Oliver, estou em Londres...

O telefone fica mudo por alguns segundos.

— Meu Deus, Hazel... Nem me dei conta de que ontem foi o dia da sua viagem. Me desculpe. Nem sequer perguntei...

— Ei, ei, chega! Não se torture. Com tudo que está passando, me espantaria se lembrasse.

— Como você está? Deu tudo certo? Precisa de alguma coisa? A viagem...

Sob Meus Olhos (The Order II)Onde histórias criam vida. Descubra agora