Capítulo 6

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Você diz não saber

O que houve de errado

E o meu erro foi crer

Que estar ao seu lado bastaria

(Meu Erro — Paralamas do Sucesso)


Max


Eu sinto ciúmes de você!

Abestalhadamente, sorri por dentro quando Hazel admitiu.

E agora, que não me encontro mais no olho do furacão, sorrio livremente, por dentro e por fora.

Seu rompante de ciúmes me deixa mais tranquilo em relação a todas as gafes que já cometi por esse mesmo motivo em relação a ela.

Yes!

Ela também sente. Ela não gosta de pensar em mim ao lado de outra mulher.

Não tenho como negar que uma onda de calor subiu pelo meu corpo. Fiquei eufórico! Foi difícil controlar, na frente dela, a vontade de escancarar a arcada dentária e esticar os músculos faciais até doer.

E me segurei apenas porque ainda tenho amor à vida.

Nunca pensei que presenciar os seus ciúmes me traria tanta satisfação. Pareço um pré-adolescente comemorando por não ter levado um fora da menina mais linda da turma, quando era certo que o levaria.

Acabo de aprender mais uma coisa na vida: É bom demais me sentir assim! Fiquei mexido por tê-la magoado, claro. Senti pânico quando ela me mandou embora. O simples pensamento de que não me queira por perto é aterrorizante. Afinal, foi por isso que me enfiei naquele avião, não? Para não ser esquecido... deixado de lado...

Depois de toda a confusão de sentimentos de ontem, eu estava receoso de entrar neste apartamento e olhar para ela. Não tinha certeza do rumo que iriam seguir os meus pensamentos: se para o lado que ainda me qualificaria como um homem de bem ou para o que me faria pegar o telefone, ligar para Johnathan e mandar preparar o soco-inglês.

Entrei na sala externa, com cuidado, e me sentei o mais distante possível dela, num ângulo que me permitia ver bem o seu rosto. E, para o meu total alívio, tudo que senti foi amor. O mesmo amor de sempre: o que quer cuidar, proteger, arrancar a dor; o que quer abraçar, ninar, fazer feliz.

Olhei para aquela garota linda... Não, preciso me corrigir, para aquela mulher linda, sentida, magoada, agarrada às próprias pernas e, no mesmo instante, enxerguei uma menina sentada naquela mesma posição, com a mesma expressão sisuda e fazendo o mesmo esforço para evitar o choro sempre que o dia de embarque para uma turnê chegava.

Lembrei-me de como, às vezes, ela se agarrava ao meu pescoço para não me deixar entrar no avião e de como me partia o coração ter que me livrar dela à força e deixá-la chorando no colo de Alicia ou Johnathan, quando era bem pequenininha.

Recordei-me de quando ela, nos jantares de família que se estendiam até altas horas, procurava o meu colo para se aninhar e dormir sempre que o sono a vencia. E eu ficava o resto da noite assim, fazendo-lhe cafuné, ouvindo-a ressonar baixinho e embalando seus sonhos infantis. Não permitia que a colocassem na cama. Eu não trocava aquilo por nada.

Só depois de todas essas reminiscências cruzarem minha mente é que me peguei respirando aliviado.

Nada mudou. Hazel ainda é para mim o que sempre foi, a minha vida, a minha princesinha.

Sob Meus Olhos (The Order II)Onde histórias criam vida. Descubra agora