Em paz, eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
(Resposta - Skank)
Max
Se o clima no carro na ida ao restaurante estava péssimo, no trajeto até a boate, então, foi um horror. Bethany acuada e agarrada a mim. Seth tentando melhorar os ânimos e sendo ignorado. Hazel emburrada e triste. E eu? Eu com uma sensação esquisita no peito... Um aperto. Algo que mistura remorso, angústia, ciúme e raiva e me espreme num canto, me deixando encurralado. Por sorte, a balada ficava a menos de quinze minutos do local.
A tal boate também é altamente elitizada. Sem a nossa intervenção, os amigos de Hazel jamais conseguiriam acesso. Por ser toda muito high level, não tem propriamente uma área VIP, mas é rodeada de espécies de camarotes que circulam toda a pista de dança e se estendem aos elevados. Cada grupo é acomodado em uma dessas áreas, que são um refúgio para quando pretendem simplesmente beber, ficar na pegação ou fugir da pista.
Os outros três amigos de curso de Hazel já estavam aqui quando chegamos. Ela e Seth estão em um canto, abraçadinhos, cercados pela outra garota e os dois rapazes. Eu e Bethany estamos na outra ponta, mais afastados dos jovens.
Desta forma, não vejo hora melhor para tocar no assunto necessário e delicado com ela: a sua mensagem. Ainda mais necessário agora, depois do beijo impulsivo que dei nela durante o jantar. Nunca fiz essa merda, discutir relação. Uma relação que nem existe. Mas respiro fundo e me jogo:
- Bethany, sobre o que me mandou mais cedo...
- Apelei, eu sei - comenta cabisbaixa, se antecipando a minha negativa.
- Não é essa a questão. Você teve vontade de falar e o fez. Até aí, tudo bem. Mas se apegar a mim é um erro. Isso a fará sofrer, porque não poderei corresponder da forma que você merece. Já falamos...
- Não pode ou não quer?
- Faz diferença?
- Muita. Se você não quer, é porque, na sua percepção, a química entre nós não é suficiente a ponto de valer a pena nos dar uma chance. Para que, talvez um dia, goste de mim de verdade. E, nesse caso, não há o que se fazer. Já, se não pode, ou é gay, o que não é o caso, já comprovei, ou... - Ela faz uma pausa e morde os lábios, aparentemente com receio de dizer as próximas palavras.
- Diga de uma vez Bethany, já que não sou gay, ou o quê?
- Ou seu coração está preenchido. - Despeja as palavras rapidamente. - Me responda com sinceridade, baterista: não quer ou não pode?
- Não posso. - E também não quero, contudo não preciso magoá-la tanto assim, já que o não posso é bem verdadeiro.
- Bom, é uma perspectiva melhor do que a outra.
- Por favor, não se iluda. Me leve a sério, é para o seu bem.
- Quem é ela? Como deixa um homem como você solto por aí?
- Não vem ao caso.
- Desculpe, mas, neste caso, vai me perdoar, Max Connor. Se a garota não entende a sorte que tem e escolhe não ficar ao seu lado, eu vou lutar, sim, para abrir o meu espaço.